O ano de 2021 continua tenso no âmbito dos investimentos.
O Ibovespa, depois de ensaiar recordes de pontuação em meados de janeiro, logo retomou à “realidade” em fevereiro, e, dadas as conjunturas incertas quanto à evolução da pandemia, desequilíbrio nas contas fiscais, dólar nas alturas, inflação teimando em voltar a aparecer das cinzas, e instabilidade socioeconômica, não se sabe ao certo se o cenário daqui pra frente será de retomada do crescimento econômico, ou se viveremos um novo ciclo de queda nos preços dos ativos.
Outros tantos têm apostado nos investimentos no exterior, em função da escalada do dólar (que automaticamente faz valorizar esses investimentos, tão só pela valorização da moeda norte-americana em face do real), e também em razão da contínua injeção de dinheiro na economia promovida por Bancos Centrais do mundo inteiro, o que tem ocasionado uma espécie de “surto” de inflação nos preços dos ativos financeiros – ações, imóveis, commodities etc.
Esse cenário quase dantesco incomoda sobretudo aos pequenos investidores, que muitas vezes ficam sem saber como agir, em função desse caldeirão de acontecimentos incertos.
O que deve fazer o pequeno investidor, então?
Concentrar-se nas áreas em que tem o domínio de sua influência.
Apegar-se a calls de notícias financeiras diárias, relatórios de recomendações de investimentos, oportunidades de curto prazo, pode até ter seu valor e sua utilidade – mas é mais direcionado para os traders e aqueles que gastam tempo atuando integralmente no mercado financeiro.
Ao investidor pessoa física, mais interessante é focar e gastar suas energias e sobretudo sua atenção (tão fracionada nos dias de hoje) em coisas mais importantes e que o façam de fato melhorar sua vida em nível concreto e individualizado.
Nesse contexto, a jornada para a construção consistente de patrimônio deve se focar em outros fatores-chave, os quais poderíamos denominar de uma tríade, composta por 3 elementos cruciais:
TRABALHO + APORTES + TEMPO = SUCESSO FINANCEIRO
Taí uma fórmula simples, mas, que justamente por ser simples, às vezes passa despercebido pelo investidor pessoa física, que logo fica empolgado com a “aura” em torno do mercado financeiro, e muitas vezes quer acelerar o crescimento do patrimônio, motivado às vezes pela ganância desmedida, às vezes por apostas ousadas em investimentos da moda, como as criptomoedas.
Convém relembrar, aqui, os ensinamentos de um leitor, Pedro, que escreveu um comentário ano passado, que pensei valer a pena destacar como post.
Diz ele:
“Pequeno investidor pessoa física deve focar no seu trabalho e em evoluir profissionalmente para ganhar mais e assim poder aportar mais.
Por mais que você conheça os riscos, isso não muda nada.
A nossa análise não modifica o risco.
Dicas para o pequeno investidor:
– não ter dívida;
– foco no trabalho;
– cortar gastos desnecessários com bom senso;
– aportar mais em bons ativos;
– não girar patrimônio;
– usar o dinheiro novo para equilibrar a carteira;
– deixar o tempo agir, uma vez que o tempo tem um fator exponencial.O resto é EGO!
O importante não é estar certo.
O importante é colocar as chances a nosso favor!”
Em suma, estão nesse comentário praticamente todos os principais ingredientes para a construção de uma sólida carteira de ativos.
O trabalho é essencial, e vem em primeiro lugar, pois é ele quem fornece o combustível (= dinheiro) para alimentar os aportes. Ele fornece a matéria-prima.
Em seguida vem o hábito, ou melhor, a execução dos hábitos: aportes, constantes, periódicos, e feitos de maneira disciplinada.
Não adianta tentar fazer “timing” de mercado, tentando prever o fundo ou o topo: vale mais a pena ir fazendo as aplicações financeiras, mês a mês, de forma diuturna, de modo a fazer crescer a massa patrimonial.
Finalmente, o terceiro elemento é o tempo, isto é, deixar o bolo fermentar. Construção de patrimônio é um trabalho que leva tempo, muitos anos, talvez décadas, para que os juros compostos façam seu papel de multiplicar seu patrimônio ao longo de toda uma vida.
Conclusão
Às vezes, relembrar as dicas mais simples são as mais eficazes, pois elas funcionam.
E não é difícil seguir as regras e princípios básicos de uma boa governança individual do patrimônio financeiro. Difícil é mesmo tornar complicado aquilo que é e deve ser simples.
Sem trabalho não existiriam os aportes, e sem os aportes o tempo não tem como trabalhar, pois ele precisa de uma base financeira para poder executar seu “serviço”.
Logo, focar no trabalho do tempo exige, como premissa, a execução do hábito de fazer aplicações periódicas, e esse hábito de fazer aportes frequentes, por sua vez, exige, como pressuposto inafastável, que você se esmere em seu trabalho, a fim de ter sempre sobras de dinheiro para investir.
É evidente que ter dinheiro para investir pressupõe gastar menos do que se ganha, e, portanto, o desenvolvimento de bons hábitos ligados à educação financeira e gestão das contas pessoais de uma maneira geral.
Portanto, como disse o leitor Pedro, foque nos fatores certos para a multiplicação de seu patrimônio, naqueles que são manipuláveis concretamente por você.
Pense sempre em melhorar aquilo que está no seu raio de alcance (trabalho, aportes etc.), pois as melhoras nesses fatores desbloquearão as portas para um futuro financeiro mais próspero e mais farto. 😉
Olá, boa tarde!
Sigo o Valores Reais há mais de 5 anos. Vocês me ajudaram a ter disciplina e paciência para a construção do meu patrimônio. Seguia à risca todas as dicas e orientações e sentia que estava no caminho certo. Infelizmente, em 2020 permiti que meu EGO e ganância falassem mais alto ao me deixar influenciar pela chuva de marketing envolvendo os supostos ganhos rápidos e consistentes com operações de Day-Trade. Eu que, até então, nunca tinha operado diretamente com renda variável, exceto por intermédio de fundos multimercados, me entusiasmei com a “oportunidade” dos ganhos rápidos. Sem nenhum estudo prévio, além dos vídeos com dicas no Youtube, me aventurei neste mundo há cerca de 01 ano. Comecei operando day trade com ações, mas em uma semana, os ganhos foram relativamente baixos, ficando quase no “zero a zero”. Daí ingressei nos mini-índices. Em duas operações ganhei cerca de R$ 1200,00. Fiquei louco! Aquilo representava cerca de 30% do meu ganho líquido mensal de trabalho (naquela época). Fiquei bastante empolgado e não pensei que da mesma forma que o ganho veio rápido, a perda tbm poderia vir. Sendo assim, entre ganhos, perdas e tentativas de recuperar as perdas, fechei o mês de abril com déficit de R$ 25 mil. Foi um choque, mas infelizmente, não parei pois queria recuperar meu patrimônio, não aceitava a perda. Ao final de maio, meu prejuízo acumulado era superior a R$ 50 mil. Praticamente, liquidei todo o meu patrimônio adquirido ao longo dos últimos anos. Fiquei extremamente decepcionado comigo mesmo pelo fato de ter cedido à ganância e não ter seguido as boas orientações que sempre havia recebido.
Mas não desisti, ergui a cabeça, foquei no trabalho novamente e em recuperar o meu patrimônio, dessa vez trabalhando e investindo naquilo que tenho domínio e sem assumir grandes riscos. Sigo nessa caminhada e tenho certeza que não cederei novamente a este “conto de fadas”. Acredito que as pessoas possam sim serem bem sucedidas com day-trade, mas desde que estudem, pratiquem, simulem antes de entrar na operação pra valer. Não foi o meu caso e não quero mais saber desta modalidade. Assumo a minha limitação de conhecimento. Ao ler este artigo, notei que refletia muito bem o meu momento atual, pois estou exatamente neste foco “TRABALHO + APORTES + TEMPO = SUCESSO FINANCEIRO” e não pretendo sair desta linha.
Muito obrigado por, semanalmente, nos nutrir de ricas reflexões sobre o universo dos investimentos.
Muitíssimo obrigado pelo depoimento, Anônimo!!!
E parabéns pela volta por cima! Seu depoimento, rico em detalhes, narra de forma muito didática que a vida de todo investidor é feita de altos e baixos, e que é preciso estar sempre refletindo e procurando melhorar, pra se manter fiel às suas metas e sonhos de longo prazo.
Sensacional a sua jornada, e que você persista sempre se aprimorando!
Abraços!
Concordo com o que o Pedro disse, lembra bastante o Bastter. Abraço
Valeu, Paulo!
Engraçado que, sem entrar no merito, os investimentos sempre foram para a gente trabalhar menos… e aí o que temos atualmente, é: TRABALHE MAIS, PARA APORTAR MAIS!! KKKKK
Pra fazer a massa patrimonial e o bolo “fermentar”, quanto mais aportes, mais chances você tem de ter um futuro melhor.
As trocas intertemporais têm um viés futurista melhor quanto mais você se dedicar no presente!
Foque no trabalho e aporte agora que no futuro será mais suave.
Se quiser ficar na sombra desde o início, poderá ter de trabalhar a vida toda.
Tudo na vida é uma troca. Vc troca um pouco de esforço consciente agora para melhorar sua vida no futuro. E o equilíbrio entre quanto guarda e quanto gasta é que vai dizer, em última instância, o quanto antes, no futuro, vc vai poder aproveitar esse esforço.
Não significa simplesmente trabalhar igual a um louco, guardar tudo. É preciso equilíbrio. O dinheiro precisa ser para seu uso. Guardá-lo agora significa que no futuro vc vai colher os frutos, mas não precisa passar necessidade agora para o futuro.
Não funciona.
Encontre o melhor equilíbrio agora e aproveite os frutos no futuro.
Valeu!!