Gosto muito do substantivo diligência.
Ele pode assumir vários significados:
Presteza, velocidade no modo de fazer algo: trabalhava com diligência.
Zelo, cuidado e aplicação na realização de algo: tratou o doente com diligência.
Os cuidados, métodos ou providências: aquela situação merecia diligência.
Ação de investigar ou buscar: os detetives fizeram uma diligência para prender o ladrão.
Uma pessoa diligente é, assim, uma pessoa cuidadosa, zelosa, aplicada, metódica.
Ao ler o excelente comentário do leitor Paulo Roberto no último artigo (post aqui), a palavra “diligência” saltou aos meus olhos de forma imediata. Era impossível não associar essa palavra ao conjunto extraordinário de virtudes financeiras que transpareciam ao longo de seu depoimento.
Na verdade, com aquela depoimento estava nascendo um guest post pronto para ser publicado, já que, assim, seu enriquecedor conteúdo poderia ser compartilhado com um número muito maior de pessoas.
A sabedoria que jorra das pessoas mais velhas
Uma das vantagens inegáveis desse blog é a interação com pessoas mais velhas, mais experientes e mais sábias.
Quem já é leitor antigo e assíduo do blog sabe que alguns dos melhores artigos do blog nasceram dos depoimentos justamente dessas pessoas:
- Conversando com o futuro que eu anseio;
- [Guest post] A emocionante história de uma jovem leitora do blog Valores Reais. De 81 anos ;
- [Guest post] A história de sucesso de um leitor que construiu uma aposentadoria privada sem depender exclusivamente dos R$ 2.640,00 que recebe do INSS;
São histórias absolutamente inspiradoras e brilhantes, pois tais depoimentos mostram que uma vida inteira de diligência financeira, através do cultivo diuturno de hábitos financeiros saudáveis ao longo de várias décadas, produzem excelentes frutos capazes de proporcionar paz, tranquilidade e estabilidade na chamada terceira idade, principalmente para atravessar os períodos de crise com menos estresse.
Tais depoimentos mostram, assim, que conversar sobre educação financeira, aprender sobre educação financeira, requer prática.
Não adianta você ler o que eu publico aqui e depois esquecer, deixar pra lá. Não adianta você ler aqui um texto sobre a importância da reserva de emergências, e logo em seguida ir num site de comércio eletrônico comprar uma TV de 80 polegadas queimando sua reserva de emergências.
Não adianta você ler aqui um texto sobre a importância de não ser consumido por aquilo que você consome e, logo em seguida, ir num site de companhia aérea e comprar uma passagem para a Europa por R$ 2 mil, sabendo que, no final das contas, essa viagem – contando gastos com hotéis, refeições, transporte, passeios, compras etc. – não irá sair por menos de dez mil reais.
Você tem que praticar o que aprender sobre educação financeira.
Se você não praticar, você nunca, repito, nunca, irá conseguir o que o Vitório me disse numa conversa de avião.
Se você não praticar, não controlar gastos e não economizar dinheiro, você nunca vai conseguir construir o que o Henrique conseguiu.
Se você não praticar, se você não for frugal, nunca vai conseguir chegar na oitava década de vida esbanjando a mesma vitalidade que a Bárbara conseguiu.
E, se você não praticar uma vida inteira dedicada à diligência financeira, quando chegar a época de crises, como a que estamos vivendo, não irá conseguir um décimo das conquistas que o Paulo Roberto conseguiu, como você verá no post abaixo.
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Meu dia a dia
“Eu e minha esposa temos mais de 70 anos e, no grupo de risco, pouco temos saído, restringido ao supermercado, no horário de idosos, bem cedo.
Nossas despesas diárias se reduziram a menos da metade, pois costumávamos almoçar fora, já que fazer comida para dois sempre consideramos dispendioso, pela variedade que se consegue hoje num restaurante por quilo. Descobrimos que, se nos organizarmos, podemos até melhorar a qualidade de nossas refeições.
A única coisa que realmente assustou foram as aplicações financeiras, mesmo aquelas em fundos DI, conservadoras, que pouco estão rendendo ou até ficam negativas. As aplicações em multimercados me deram um tombo expressivo, onde estou considerando os meses de março e abril negativos em mais do que seria meu orçamento mensal em tempo de normalidade.
Meu carro
Tenho um carro Astra 2010 e pretendia trocar no inicio do ano, porém, fui protelando, porque o valor que me ofereceram para troca era muito baixo, pois meu carro está impecável e com apenas 64.000 quilômetros rodados.
Assim, como fica a maior parte do tempo na garagem, achei melhor esperar uma baixa no preço dos novos. E agora, tenho certeza de que isso vai ocorrer.
Mas, com o novo modo de vida, nem sei se farei isso este ano.
Meus imóveis residenciais e comerciais
Tenho um imóvel na praia e nem fui fazer o isolamento lá, pois o prefeito da cidade veio na TV pedir para os idosos não irem, pois não teria condições de tratamento, caso fossem infectados, já que o sistema de saúde de pequenos municípios é precário.
Mas considero que os gastos com esse imóvel são a única parte supérflua de meu orçamento mensal (condomínio, IPTU, luz, água) e vou tratar de convencer minha esposa de vender no início da próxima temporada.
Tenho uma casa alugada para um salão de estética, e que foi obrigado a fechar as portas, por decreto governamental, por não ser serviço essencial em tempo de Covid-19.
Já tive de negociar, baixando o aluguel em 50% no período em que o salão está inativo, o que até acho justo.
Conclusão
Enfim, faço essa narração, para mostrar que as coisas se complicaram em todas as áreas de nossa vida, mas como mantive sempre a cabeça no lugar em termos de minhas finanças pessoais, não estou me estressando em ter que usar o capital que acumulei por anos, pois foi mesmo para enfrentar o imprevisível que pode ocorrer em nossas vidas.
E ainda irei ajudar meu filho e nora a pagar a negociação do aluguel de lojas em shoppings que estão com as portas fechadas.
Às vezes os idosos precavidos servem para alguma coisa, enquanto que não estão confinados em asilos”.
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Assim como eu disse em outras ocasiões, registro meu muito obrigado ao Paulo Roberto por ter compartilhado conosco seu extraordinário exemplo de diligência financeira, bem como o parabenizo pelo fantástico exemplo de vida que ele nos dá, contando como tem enfrentado a atual crise, com tenacidade, inteligência financeira, bom humor, e compaixão.
Que a história dele inspire mais leitores a procurarem esse caminho de uma vida de integridade e diligência financeiras – porque a mim já inspirou!
Guilherme,
Seu post baseado no comentário do Paulo Roberto ficou muito bom. Sem dúvida é uma grande lição de vida para todos nós.
O que mais chamou a minha atenção, além da disciplina e “pés no chão” durante toda a vida conforme o relato, foi a última frase, quando ele disse:
“As vezes os idosos precavidos servem para alguma coisa, enquanto que não estão confinados em asilos.”
Temos muito a aprender com os idosos, que como ele, são grandes exemplos para todos nós. Basta estarmos dispostos a isso.
Boa semana!
Rosana, concordo contigo: é maravilhoso trocar experiências de vida com pessoas mais idosas, são grandes referências de vida.
Boa semana também!
Parabéns Paulo Roberto pelo relato de diligencia de uma vida inteira.
Estamos tentando caminhar nesse sentido.
Obrigada Valores Reais pela excelente matéria.
Vale, Alexssandra!
Esse comentário me chamou atenção mesmo! Exemplo inspirador!
Certamente, Raphaela, muito inspirador mesmo!
Comentário inspirador mesmo!!
Obrigado Guilherme por compartilhar conosco.
Valeu, Marcos!
Um exemplo de vida.