Como eu escrevi em janeiro de 2015, um dos princípios básicos das finanças pessoais consiste em prolongar ao máximo possível o tempo de vida útil dos aparelhos eletrônicos, afinal, equipamento bem conservado significa menos gastos com sua manutenção e principalmente com a sua reposição.
Dentro desse contexto, um dos desafios diários mais instigantes consiste em prolongar a vida útil dos celulares que, a cada geração que passa, parece terem um ciclo de validade cada vez menor.
Meu último (e atual) aparelho celular foi comprado em março de 2016 e, quando o comprei, a meta principal era fazê-lo durar mais que o aparelho anterior, que durou exatos 3 anos (março de 2013 a março de 2016), sendo que o último desses 3 anos (ou seja, o período de março de 2015 a março de 2016) foi o mais complicado, tendo em vista a enorme “mão de obra”, digamos assim, para fazer durar a bateria, onde eu chegava a fazer 3 recargas diárias para conseguir usar as funções básicas do aparelho no decorrer do dia.
Em meados do ano passado (também em março!), eu tinha ido a uma assistência técnica oficial do aparelho, com o objetivo de… adivinha… substituir a bateria do aparelho, tendo em vista que, com exatos dois anos de uso, ele já estava dando sinais de “cansaço”, exigindo ao menos duas recargas diárias.
Foi então que o funcionário da empresa me deu algumas dicas valiosas para prolongar a saúde da bateria (que estava nos 87%), sendo a mais importante delas a de não carregar o celular até atingir os 100%. Ou seja, carregar o celular até atingir uma faixa dos 80% a 90% e pouco, e então, tirá-lo da tomada.
Isso era praticamente o oposto do que eu fazia até então: à noite, deixava o celular carregando na tomada a madrugada inteira, e só o tirava de lá na manhã seguinte.
Uma dica simples, mas que se revelou extremamente poderosa na época. Resolvi adotar esse hábito desde então, e hoje, passado um ano daquela dica, o celular continua com os mesmos 87% de saúde que havia sido registrado em março de 2018.
Mas a mensagem principal do texto nem tem muito a ver com essa dica, mas sim com um hábito que se revelou ser uma consequência derivada e natural do comportamento acima adotado: a despreocupação de ficar sempre conectado.
Com efeito, o mundo de hoje praticamente nos obriga a ficar alertas o tempo todo, o que quer dizer nos obriga a ficar com o celular ligado o tempo todo. Afinal…
- Vai que alguém mande um WhatsApp urgente para mim;
- Vai que alguém publique uma promoção “imperdível” de qualquer bugiganga e eu perca;
- Vai que alguém poste uma foto nova no Facebook ou Instagram, um vídeo novo no YouTube ou um novo texto no Twitter;
- Vai que…
Será que realmente todas essas urgências são mesmo necessárias? Ou melhor dizendo, será que é indispensável ficar assim tão “ligado” com o que acontece no mundo e ao seu redor? O que acontecia com as pessoas antes da era das redes sociais, antes da era da Internet?
Se o problema são as “urgências”, elas acabarão chegando a você independentemente de uma conexão à Internet. Alguém dará um jeito de se comunicar com você.
A questão toda tem mais a ver com uma ação que talvez nem passe pela sua cabeça praticar. E ela se chama: desacelerar. Diminuir o ritmo. Ter mais liberdade para decidir o que deve ocupar o seu tempo.
Seguindo essa linha de raciocínio, nas últimas semanas passei a adotar um hábito que até então não havia me passado pela cabeça, mas que talvez possa contribuir não só para a saúde da bateria do aparelho, mas também para minha própria percepção de enxergar as coisas: deixar a bateria se esgotar (até o zero por cento) e simplesmente desligar o celular durante a madrugada.
E eu, que já não tinha o hábito de dormir com o celular nem ligar o aparelho assim que acordo (e nem levá-lo para o café da manhã), passei a gastar menos tempo com esse aparelho.
Isso gerou algumas situações interessantes, que penso eu que seriam inimagináveis para um adolescente de 15 anos nos dias atuais. Outro dia a bateria esgotou por volta das 21 horas. O que eu fiz? Coloquei o celular pra carregar pra ver quem tinha postado alguma coisa nas redes sociais? Que nada.
Deixei pra lá.
Nem me animei a colocar o celular pra carregar durante a madrugada. Só fui recarregá-lo depois das 8 horas da manhã do dia seguinte.
Isso fez eu perder alguma coisa? Não. Modificou a minha vida para pior? De maneira alguma. Então tá tudo tranquilo. Posso seguir o curso normal da vida.
Normalmente eu carrego o celular uma vez ao dia, mas, dependendo da frequência de uso, e utilizando algumas funções para economizar energia (desabilitando algumas funções e apps que consomem mais energia etc.), eu consigo ficar até 2 dias consecutivos sem carregar o dito cujo.
Isso é possível desde que você não centralize todas as suas tarefas digitais num único aparelho. Por exemplo, para ver vídeos eu prefiro muito mais o tablet ou mesmo o desktop. Para escrever textos, obviamente a escolha preferencial é o desktop, onde tenho um teclado de 104 teclas perfeitamente adaptado para que eu possa digitar numa velocidade muito maior, além de dispor de um monitor onde eu tenho uma visualização mais ampla de todas as informações que preciso. Para ler notícias, as telas maiores do tablet e do desktop também fornecem melhores condições de visualização e, por tabela, menos cansaço visual.
Conclusão
Não ficar preocupado a todo instante se a bateria do celular vai acabar, ou não, traz dois benefícios incomparáveis, em dois diferentes vértices de sua vida.
No plano financeiro, isso significa prolongar a vida útil do aparelho, fazendo você economizar dinheiro na compra de uma peça de reposição. Tendo em vista minha própria experiência pessoal nessa área, acredito fortemente ser possível fazer o celular atual durar 4 bons anos, se não 5 anos.
No plano mental, isso significa redirecionar o foco de sua atenção para as suas reais prioridades. E suas reais prioridades não são responder uma mensagem de WhatsApp assim que surge uma notificação na tela de bloqueio, mas sim completar uma tarefa que você havia iniciado.
Suas reais prioridades não são aproveitar a última oferta de compra de uma tralha qualquer que expira hoje, mas sim desenvolver e aprimorar habilidades profissionais que farão você evoluir no mercado de trabalho, habilidades essas que, por sua vez, exigem foco e concentração, ao invés de urgência e distração.
Suas reais prioridades não são saber em primeira mão quem postou/publicou/curtiu o quê, aonde e quando, mas sim dar atenção às pessoas que mais se importam com você.
Se você ainda é daqueles que dorme com o celular, e acorda com ele; ou se é daqueles que deixa o celular carregando a noite inteira achando que uma urgência pode aparecer a qualquer momento, experimente depender menos desse aparelho, com as dicas e estratégias acima mencionadas. Experimente deixar a bateria acabar às 20 horas de um dia, e só voltar a ligá-lo às 10 da manhã do dia seguinte. Suas finanças agradecerão. E sua vida mental também. 😉
Ahhh Guilherme, meu celular acabou de “dar pau” nesse fim de semana. E faz apenas um ano que o comprei, ele ainda é um top de linha e fiquei com aquele peso na consciência de não ter conservado ele corretamente.
Esse texto, (que lembro dele em 2015 também) está me fazendo refletir sobre a substituição dele que pode afetar meus planos (meu colchão ainda está em construção) e tenho alguns gastos previstos que caso eu necessite trocar o celular eles serão adiados.
Meu celular é minha principal ferramenta de trabalho e a simples “oscilação” na sua funcionalidade vai alterar minha semana, a manutenção vai prejudica minha semana e a compra de um novo implica num gasto maior. Para ambas as escolhas há um prejuízo eminente. Difícil escolha.
Penso em substituir, visto que meu celular não pode falhar e deixar este como um backup ou doá-lo a um parente próximo.
Ótimas reflexões, Rodolfo.
Penso, a respeito de seu dilema, que talvez a inclinação maior apontasse para a compra de um novo, já que ele é sua principal ferramenta de trabalho.
Mas pesquise antes os custos totais da manutenção, e veja se a restauração não teria um custo/benefício melhor, ao menos nos próximos meses, a fim de você se capitalizar e conseguir ter uma reserva para bancar um aparelho melhor daqui a algum tempo.
Guilherme,
Será que necessitamos mesmo de tanta conexão?
Como eu disse no meu blog, as notícias que são realmente importantes chegarão à nós de alguma forma.
Interessante a dica sobre o carregamento de baterias – propositalmente essa informação nunca é divulgada.
Boa semana,
Verdade, Rosana. Fazer boas perguntas é a chave para conseguir pistas para uma vida melhor.
Bom resto de semana!
to precisando desintoxicar e combater o vício…boa reflexao!
Obrigado, Thiago!
Meus celulares tem vida longa, eu sigo a regra de não carregar acima dos 80 e TAMBÉM NÃO PODE DEIXAR DECARREGAR ABAIXO DOS 20%. Da mesma forma é prejudicial. Como uso o celular para ver horas e despertar, deixo ligado na noite, mas no modo avião. O consumo é mínimo.
Paea tentar fugir da obsolência programada. Pego sempre um intermediário premium e cuidando bem dele (saúde da bateria) ainda consigo uma boa grana depois de uns anos.
Ótimas dicas, Henrique, principalmente essa de não deixar descarregar abaixo dos 20%.
Guilherme a ideia é boa, mas não pode deixar as bateria de litio descarregar completamente.
Você está matando um “ciclo” da bateria e ela vai ficar viciada mais rápido.
Verdade, Thiago, o que você disse confirma aquilo dito pelo Henrique, acima.
Parabéns!!!
Belíssimo artigo!!!
Se todos deixassem mais o celular de lado e lessem mais ou fizessem algo produtivo, tudo estaria bem melhor.
É impressionante como tem tanta gente viciada em celular, hoje em dia!
Obrigado, José!
Guilherme
Meu celular completou 4 anos e se encaminha para 5, não era top de linha, tem “só” 24 GB de memória e se descuidar fica com a memória cheia, pois gosto muito de tirar fotos. Tive de aprender malabarismos de baixar fotos no computador regularmente, ser tempestivo em apagar imagens e vídeos no Whatsapp, apagar vários APP que “um dia poderia precisar”.
Ano passado troquei a bateria apesar dos insistentes palpites para trocar de aparelho.
Por volta das 22h meu hábito é programar “silêncio total” até 4h45, horário que pratico levantar.
Cada vez que me dá vontade de trocar de aparelho eu invisto R$ 2.000,00, rsrs!
Um abraço, muito obrigado por teus textos!
Excelente depoimento, Ernesto!
Aprender a conservar os aparelhos a longo prazo é um dos grandes desafios dos dias atuais.
Abraços!
Confesso que não dei sorte com smartphones nos últimos anos, tive vários em virtude de roubo, problema com a bateria, quebra (minha culpa), etc. O último tem um ano e já tive que trocar uma peça que deu problema (esse não foi minha culpa), mas pretendo continuar com ele até se entregar. :/ Curiosamente o que mais durou e que jamais deu qualquer problema foi um de uma marca que nem existe mais que eu saiba (marca “meu”) e que foi baratinho.
Em relação ao desconectar, quando não é necessário, não coloco crédito e fico offline quando estou na rua sem wifi. Não faz falta nenhuma e posso me concentrar em ler no ônibus. É uma estratégia forçada. Também desapeguei de alguns apps que consumiam muito meu tempo, sem grandes benefícios. As vezes, com essas coisas, a gente tem que se forçar um pouco a ficar sem e adquirir o hábito.
Ótimo depoimento Addriana, principalmente no que tange a essa estratégia forçada de desconexão.
Temos que ficar vigilantes sobre nossa própria atenção em relação a esse mundo de distrações que vivemos atualmente.
“Outro dia a bateria esgotou por volta das 21 horas. O que eu fiz? Coloquei o celular pra carregar pra ver quem tinha postado alguma coisa nas redes sociais? Que nada.
Deixei pra lá.
Nem me animei a colocar o celular pra carregar durante a madrugada. Só fui recarregá-lo depois das 8 horas da manhã do dia seguinte.”
Isso funciona MESMO. A menos que você tenha uma namorada ciumenta, porque se for o caso fazer isso vai ser o equivalente à Coreia do Norte mandar um submarino nuclear passear na costa dos EUA… rs…
rsrsrs…. valeu, Nélio!
Meu último e aparelho pessoal foi comprado em nunca. Ganhei já que o ex-dono trocou por um mais novo. Manda um whatsapp tão bem quanto um iPhone XR MAX de ouro (deve existir) além de atender a todas as minhas outras necessidades.
Muito bom, Sandro!
Fala Guilherme,
Parabéns pelo texto! Fiquei muito feliz em ler e saber que não estou sozinho nesse
mundo.
Eu pensava que estava fazendo algo de errado quando desligava me celular para dormir, já que a maioria deixa ligado né? rs
Quanto a duração do aparelho, ano que vem bato a meta dos 5 anos de uso. Sempre com a preocupação de não deixá-lo carregado de fotos e usando app para melhorar o desempenho da memoria. O que vejo de gente reclamando de aparelho que trava e está lento.
Problema mesmo é a bateria, ela já não está dando conta, uma pena porque o android ainda rola liso nele, sem travar… não tenho o que reclamar, por mim ficaria mais anos com ele.
Valeu, Rafael!
E parabéns por completar em 2020 meia década com o celular!!!!
Com cuidados corretos e manutenções preventivas, realmente conseguimos maximizar a vida útil desses aparelhos!!!
Abraços!
Como verificar a saude da bateria? O artigo menciona que estava em “87%”, como obter esta informação?