“A renúncia é a libertação. Não querer é poder.” – Fernando Pessoa
Chegamos a uma época do ano – dezembro – que costuma ser marcada pela correria das pessoas em garantir sua cota de (mais) gastos de final de ano, procurando comprar os melhores presentes para si e para os outros, vestir as melhores roupas, e gastar o que pode e o que não pode.
Minha sugestão, porém, estampada no título do artigo de hoje, é fazer um movimento contrário. Desapegar.
Esvaziar caixas, ao invés de enchê-las.
Tentar ficar menos apegado a coisas materiais.
Ao invés disso, focar nos relacionamentos. Em vez de gastar dinheiro com coisas, gaste tempo com amizades.
Pense que essas correrias típicas de final de ano um dia irão acabar, e o que você terá, no final de sua vida, ou mesmo durante a sua vida, nos porta-retratos que enfeitam a cabeceira de sua cama, nas paredes de sua sala, ou na mesa de seu escritório, não são imagens de restaurantes famosos, carros caros ou aparelhos eletrônicos de última geração.
O que vai enfeitar seus porta-retratos são as pessoas. Pessoas que um dia não estarão mais com você. Pessoas que talvez já não estejam mais com você.
Portanto, diminua um pouco a intensidade da correria para as compras, e tente focar em conviver mais. As pessoas precisam disso: de mais convivência. De mais reuniões em família. De mais happy hours com os amigos.
Sei que muitas pessoas resistem a participar de confraternizações de final de ano do trabalho etc., e outras tantas não gostam das reuniões de família, mas o que vai substituir tudo isso? Nessa vida você não veio com nada, e dessa vida você também não irá levar nada. Exceto as lembranças. Exceto as memórias – caso, obviamente, você as tenha constituído.
Gratidão
Esse também é um ótimo período do ano para mais exercícios de gratidão.
Não que a gratidão só tenha que ser praticada no final do ano, mas sim que esse é um momento que encerra um ciclo – o ano de 2018 – e com ele toda uma série de aprendizados, de erros e de acertos.
Avalie suas conquistas, analise onde errou, o que poderia ser feito, o que foi feito, veja como foram suas metas pessoais e profissionais, e, antes de reclamar por qualquer coisa, agradeça.
Como eu escrevi em um post de 2014, em vez de reclamar por ________, agradeça por___________:
…em vez de reclamar de seu trabalho, que fica muito longe de casa e que faz você perder horas no trânsito todo dia, agradeça por ter um trabalho (que muitos gostaria de ter no seu lugar)…
…em vez de reclamar de ter que acordar cinco e meia da manhã na segunda-feira para ir trabalhar e enfrentar aquele ambiente de trabalho que você considera chato, agradeça por não ter que acordar às cinco e meia da manhã de uma segunda-feira para ir para o hospital enfrentar uma mesa de cirurgia para um transplante de pâncreas…
…em vez de reclamar de seu filho(a) que não faz o dever de casa, agradeça por seus filhos estarem vivos…
…em vez de reclamar desse post, que poderia ter tratado de assuntos técnicos de algum tipo de investimento, agradeça por ter chegado até aqui com olhos para enxergar uma tela de computador…
Em suma: em vez de reclamar das coisas que estão ausentes em sua vida, agradeça pelas coisas que estão presentes nessa sua mesma vida.
Ao praticar mais exercícios de gratidão no seu dia-a-dia, você aproveitará mais o que a vida já está lhe oferecendo, e acabará descobrindo que você não precisará de muita coisa (que achava que precisava) para ser feliz.
Conclusão
Estamos à beira de 2019 – apenas 3 semanas nos separam do início de mais um ano – e isso abre uma oportunidade de ouro para – por quê não? – iniciar um novo ciclo de vida também no que tange à sua relação com as coisas e com as pessoas.
Digo isso porque há muita gente nesse mundo que ama as coisas e usa as pessoas, e às vezes a jornada para a liberdade financeira faz as pessoas trocarem as mãos pelos pés, fazendo exatamente aquilo que não deveriam, ou seja, colocando o dinheiro como um fim em si mesmo, e não como um meio para outros fins.
Outras tantas pessoas amam as coisas e descartam as pessoas, como se essas fossem dispensáveis e mero objeto de alavanca para seus projetos pessoais.
Que esse final de ano possa despertar em você o sentido mais profundo da vida, de resgatar a importância da formação de memórias significativas, e memórias significativas só se formam e são preservadas quando se colocam os relacionamentos em primeiro lugar.
Como eu li certa vez:
“Podemos experimentar em nossa vida diária o drama de esquecermos pessoas, compromissos e objetos em decorrência de três fatores.
O primeiro é o excesso de informações, pois somos alcançados em qualquer lugar que estivermos pelos mais variados canais de comunicação (redes sociais, emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas impressos), não há como reter tantas informações. O segundo é por motivo de saúde, pois podemos ser acometidos de uma enfermidade que cause gradativamente a perda da memória. Não queremos esquecer, porém, somos vencidos pela doença. O terceiro e mais fatal de todos os fatores é a ingratidão”.
Portanto, desapego (dos bens materiais) e gratidão (em relação às pessoas) andam de mãos dadas, e formam um belo conjunto de dois valores aptos a serem mais praticados daqui pra frente.
Com eles em mente, esse final de ano tende a ser mais leve e ao mesmo tempo mais proveitoso. Além das memórias serem mais duradouras. Pense nisso! 😉
Créditos da imagem: Free Digital Photos
Concordo com você. É necessário ser grato por as coisas boas da vida!
Abraço.
Verdade, DIL, gratidão é um valor sempre a cultivar.
Abraços!
Guilherme,
É preciso mais presença e menos presentes, pois no final é isso o que fará mais diferença.
Seu post tem muito a ver com o que escrevi e que programei para terça-feira, dia 18-12.
Boa semana!
Muito Obrigado. Boas Festas e Feliz 2019.
Gostei muito da sua frase Rosana, “mais presença e menos presentes”.
Boa semana também!
Texto sensacional, Guilherme! Parabéns, ótimo fim de ano e um 2019 excelente.
Obrigado por nos brindar com textos informativos de extrema qualidade 🙂
Muito obrigado pelas palavras, Filipe!
Adorei, falou tudo
Isso sim é importante
Parabens pelo texto
Obrigado, Alexssandra!
Excelentes lembranças, Guilherme!
Desde que abracei muitos dos ensinamentos budistas passei a pensar também dessa forma. Mesmo com algumas decepções e peças que a vida nos prega, as pessoas são as principais motivações de nossos atos.
Grande abraço!
Valeu, André!
Não sabia que você tinha abraçado alguns dos ensinamentos budistas. Bem legal isso.
Abraços!
Obrigado por mais um excelente post Guilherme!
Parabéns!
Valeu, Leandro!
Belas reflexões como sempre, Guilherme!
Obrigado, FP!
Post fantástico!! Nos coloca pra pensar e repensar sobre a vida que levamos!! Adorei!!!!!
Parabéns, Guilherme!!!!
Obrigado, Mônica!
Uma bela mensagem de final de ano!
Valeu, Vânia!