Hoje, o blog Valores Reais tem o orgulho de apresentar, mais uma vez, outro guest post vindo da Europa. 😀
João Morais Barbosa, renomado autor de educação financeira em Portugal, que nos brindou com o excelente artigo De quem é o papel de educar financeiramente as crianças, discorre, no artigo de hoje, sobre uma questão fundamental no tema da educação financeira: a importância da informação financeira.
Os destaques ficaram por minha conta, e procurei preservar, na medida do possível, a estrutura original do texto, com o idioma português de Portugal.
Boa leitura!
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Há tempos escrevi aqui pelo Valores Reais um artigo dedicado à Educação Financeira das Crianças. Em breve espero poder responder a todos os comentários e observações (que foram excelentes). No entanto, dados os desenvolvimentos recentes, gostaria de falar da importância da informação financeira (algo em que o Valores Reais está claramente de parabéns).
Está Tudo Doido?
Ser país irmão tem coisas boas e coisas más. Infelizmente, Portugal e o Brasil têm um problema sério de transparência (para não dizer outra coisa). Em Portugal vivemos alguns anos de austeridade – uma palavra cara a toda a gente – que vieram trazer à vista enormes problemas com os bancos e empresas associadas (se não fosse o governo, a generalidade dos bancos teria fechado portas). No Brasil, vemos problemas um pouco mais graves que não vale a pena aqui referir (o leitor brasileiro sabe disso muito melhor do que eu).
Temos um Problema Real de Valores
Sou da opinião que os problemas financeiros são uma das várias facetas de um problema bastante maior e mais profundo. Vivemos um problema de valores humanos. E esse problema tem um impacto profundo em todas as vertentes da nossa vida. Já reparámos que os principais problemas financeiros têm por base um problema de afetos? Já pensámos que gastamos demasiado dinheiro simplesmente para nos compensarmos ou por motivos de afirmação pessoal?
O certo é que passamos a viver numa sociedade de “teres” humanos, e não de “seres” humanos. O que importa é o que temos e não aquilo que somos. E o que temos financeiramente…. Porque as pessoas olham com admiração uma família que tem um carro de luxo, mas olham para uma família com quatro filhos (como a minha) com algum espanto e até “gozo” (já me aconteceu várias peripécias no mínimo estranhas por querer fugir desta (a)normalidade).
E O Que Tem Isto Que ver Com Informação?
A introdução pode parecer-nos algo desviada do título, mas está bem mais próxima do que pode parecer. Ao longo dos últimos anos, tenho focado a minha atividade profissional no combate ao problemas de excesso de endividamento, e chego a algumas conclusões interessantes que gostaria de partilhar convosco. Problemas Financeiros Surgem porque:
Tenho um problema de valores e de afetos (já referido);
Tenho uma vida familiar com desafios (divórcio ou doença grave)
Não tenho instrução financeira;
Não tenho interesse.
Para Decidir Bem Tenho de Procurar a Informação
Possivelmente você não acredita, mas cruzamo-nos com muitas pessoas que não sabem quantos créditos têm. Ou não sabem quanto pagam por cada crédito? Parece-me que a realidade brasileira não será muito diferente, com a agravante que no Brasil as taxas de juro são muito mais elevadas…
A democracia tem algo extraordinário. Dá-nos a possibilidade de escolha. Mas para escolher e para ser livre tenho de saber escolher aquilo que é melhor para mim. Se não escolho o que é melhor não estou a ser livre… e se quero escolher o melhor tenho de saber escolher. Tenho de ler os contratos, tenho de estudar, tenho de procurar a ajuda de especialistas. Aliás, foi nesse esforço de aprofundar o meu conhecimento que conheci o Valores Reais, uma plataforma essencial para democratizar o conhecimento financeiro.
Os Temas Financeiros Não São Muito Complexos
Contrariamente ao que muita gente pensa, não preciso de ser nenhum perito em finanças para ter o conhecimento e a capacidade para gerir o meu dinheiro. A gestão do orçamento familiar rege-se por um conjunto de regras simples. Podemos ter outros desafios mais emocionais. Mas as regras são simples. Bastará ver alguns dos nossos avós que talvez não tenham cursos superiores mas que sabem gerir muito bem o seu dinheiro. Certo?
Conclusão
O fundamental para uma boa gestão financeira é saber as minhas prioridades e saber procurar a informação. Saber perguntar e saber ouvir, tendo sempre presente que existirá sempre alguém a tentar ficar-nos com o nosso dinheiro, seja o banco, seja a retalhista… E por fim, aprender com os erros.
Muito bom
Valeu, Marcos!
Algumas coisas, em vez de melhorar tem piorado no correr do tempo. Educação financeira é uma delas.
No Brasil, os portugueses mais velhos sempre foram considerados um exemplo de parcimônia e operosidade, de uso responsável do dinheiro. Todos conhecem um “portugues da padaria”, sempre no caixa do seu negócio, de manhã à noite, com grande habilidade em calcular custos e lucros apenas com um papel e um lápis. Pessoas que construíam um bom patrimônio com trabalho e economia.
Mas tenho observado que já não é assim. A geração atual entrou na espiral do consumo. Leio sempre alguns blogs e fóruns mto frequentados por portugueses. Tenho observado que muitos deles querem ter o carro maior e mais possante, o ultimo lançamento de “telemóvel”, casas grandes.
Ainda bem que não são todos! 🙂
Ótimo comentário, Vânia!
Realmente, o tal “vírus” do consumismo, aliado à exposição excessiva aos apelos de compras, acaba vitimizando até aquelas pessoas que poderiam, em tese, ser mais resistentes a esse tipo de apelo propagandístico.
Ainda bem que sempre há pessoas que escapam desse círculo vicioso. 🙂
Abraços!
Esse é um dos melhores blogs que eu conheço. Parabéns ao autor e as pessoas que são convidadas a escrever.
Há dois anos cansei de ser escravo de diversos comportamentos que me levavam a ruína financeira. Eu nunca sabia porquê não conseguia pagar minhas contas. Estavs sempre usando o cheque especial, quando chegava ao limite máximo do mesmo e a não pagar mais a fatura do cartão completamente, fazia um consinado de 2 anos e o ciclo recomeçava.
Só depois de perceber a verdade, de entender que era meu comportamento irresponsável com o dinheiro, de perceber que antecipava o gasto de receita futura(que nem sempre se realuzava) , de não ter um orçamento anual e um controle do meu fluxo de caixa, foi que eu entendi que eu era o único responsável pela minha péssima situação financeira. Nesse caminho de aprendizado e de formação de novos comportamentos, tive acesso a um livro do Dave Ramsey que propunha um método para aprender o controle das finanças. O primeiro passo consiste em construir uma pequena reserva financeira para imprevistos. O segundo passo consiste em pagar todas as suas dúvidas da menor para a maior usando o dinheiro que sobra após o pagamento das menores dívidas para pagar as maiores. O terceiro passo é acelerar o pagamento do financiamento de sua casa. Os últimos passos são reservados a investimentos, ter uma reserva de 3 a 6 meses de salário, investir 15% de receitas e ir caminhando assim ate a independência financeira. O passo final é doar o máximo qye puder.
O autor sugere que não se faca dívida nem se trnha cartão de crédito.
Há aqui algum amigo que conheça o autor? O que acham do método?
Abs
Andre Norbim
André, parabens pela mudança que vc fez em sua vida financeira!
Quanto ao autor que vc menciona, creio que aqui no blog Valores Reais teve um post descrevendo esse método, que aliás achei ótimo. Excelente, principalmente para esses casos em que as pessoas precisam sair do descontrole financeiro.
Obrigado pela força vania! ABS
Oi André!
Eu conheci o autor através da Flávia Calina, já ouviu falar? Uma youtuber brasileira que vive nos EUA, o nicho dela é educação infantil, mas há um tempinho ela fez um video sobre finanças porque ela fez um curso justamente com o Dave e contou sobre esses passos (passos de bebê, não é?)
No meu caso eu nunca estourei limite de cartão, cheque especial e tal, mas acontece que praticamente gasto tudo o que ganho. Eu ate guardo um pouco, mas acho meus gastos mensais muito altos para uma pessoa que não possui filhos e ainda mora na casa dos pais.
Então estou tentando aprender cada vez mais e aplicar todo o aprendizado para construir minha reserva e passar a investir.
Ainda não faço nenhum tipo de investimento, pois não me sinto segura o suficiente (tenho 24 anos e venho de uma familia em que educação financeira e orçamento domestico nao é o forte hahaha).
Bom, desculpas pelo comentario gigante hahhah me empolguei! Mas tudo para falar que sim, ja ouvi falar no Dave e, ao meu modo, sigo as dicas dele hahaha
Oi André!
Parabéns pela determinação e atitude! Sem dúvida, melhorar as finanças é uma decisão estritamente pessoal, e você é um grande exemplo que pode servir de inspiração para que outros também consigam zerar as dívidas.
Sobre o método do Dave, é como a Vânia e a Rapha disseram, outros leitores do blog já usaram e aprovaram.
Continue na sua exemplar jornada!
Obrigado Guilherme.
O Dave Ramsey prega a ausência completa de dívidas ( com exceção de financiamento de imóveis). Ele diz que não há necessidade de ter cartão de crédito. O que você acha disso? Há algum post no blog sobre dívidas?
ABS!
Oi André, acho uma atitude válida, principalmente para quem precisa manter essa “barreira passiva” bem presente (comentei isso inclusive no post de hoje, por coincidência).
No blog, temos alguns artigos que abordam esse tema das dívidas:
http://valoresreais.com/2013/10/28/guest-post-4-dicas-1-video-sair-dividas/
http://valoresreais.com/2016/06/20/o-que-nos-brasileiros-podem-aprender-com-vergonha-secreta-da-classe-media-norte-americana/
Abraços!