Semana passada, a notícia de que uma das mais brilhantes cientistas da atualidade, a brasileira Suzana Herculano-Houzel, deixará o Brasil para trabalhar nos Estados Unidos, correu a Internet e expôs (ainda mais) as enormes dificuldades de se fazer ciência de ponta no Brasil.
Dentre os vários motivos, citados por Suzana para aceitar o convite para trabalhar nos Estados Unidos, ela fez questão de destacar a questão do ambiente para se fazer ciência no Brasil. O ambiente para se fazer pesquisa no Brasil, segundo ela, é engessado, e foi esse engessamento que mais pesou na decisão dela, pensando a longo prazo:
“É um engessamento que se aplica a vários aspectos – à questão salarial, a essa ideia de isonomia que é maldita para a academia, que tem como princípio a busca por conhecimento e o fato de que pessoas diferentes têm capacidades diferentes. Fora daqui, você pode incentivar isso para poder recompensar o trabalho bem feito e, inclusive, para estimular as gerações seguintes”.
O exemplo de Suzana me fez refletir: e quantas pessoas hoje não conseguem explorar melhor seus talentos e suas habilidades justamente pela falta de um ambiente propício para a realização de seus objetivos? Pode ser que você, você mesmo, caro(a) leitor(a), esteja numa situação semelhante a aquela vivenciada por Suzana: você pode não estar conseguindo chegar aonde deseja não por falta de vontade, ou por falta de capacidade, mas sim por falta de ambiente adequado e positivo.
Nesses casos, faça como Suzana: mude de ambiente.
E como criar um ambiente de trabalho propício ao alcance de seus objetivos?
Embora dependa bastante do tipo de atividade que você exerce, a criação desse ambiente pode se dar de forma física, mudando-se de espaço físico, ou de forma mental e/ou relacional, mudando a forma de se pensar, ou a qualidade das relações sociais e influências que se recebe. Analisemos cada um deles.
Mudança de ambiente físico
Criar um ambiente propício para a realização de seus objetivos e que seja mais compatível com seus talentos e habilidades implica, muitas vezes, pedir transferência para outro departamento, trocar de escritório, mudar de emprego, estudar para outro concurso público, pedir demissão e buscar trabalho em outra empresa etc. etc. etc.
Por tudo isso, mudar de um local físico de trabalho não é tarefa das mais fáceis, pois implica, em muitas situações, a necessidade de mudança de local de moradia, ou seja, de cidade, Estado e até mesmo de País, como é o caso da Suzana, o que acaba repercutindo largamente também na vida pessoal, e afetando, consequentemente, outras pessoas da família.
Além disso, ainda há as dificuldades inerentes à saída da “zona de conforto“: muitas vezes, resistimos às mudanças, e não queremos sair do local onde trabalhamos há vários anos pois temos medo do novo, do diferente, de enfrentar um “recomeço” após 5, 10, 15 ou 20 anos trabalhando no mesmo local de trabalho. Eu imagino quão difícil deve ser para as pessoas terem que praticamente “recomeçar do zero” após décadas de trabalho em um mesmo ambiente.
Porém, mudar de ambiente físico é, muitas vezes, a única saída para ter uma chance de conseguir coisas novas e inéditas, e de evoluir. Como disse Eduardo Moreira no livro “A vida é sua” (sobre o qual falarei em um post específico mais adiante):
“Nem toda mudança leva a um lugar melhor, mas, para chegar a um lugar melhor, precisamos mudar”.
Será que não é disso que você precisa?
Se for esse o seu caso, então a primeira coisa que você deve fazer é se preparar. Ou seja, fazer um planejamento, antevendo as possíveis consequências que uma decisão desse tipo poderá causar em sua vida, mas tendo, ao mesmo tempo, a dose de confiança necessária de que você estará fazendo isso porque quer melhorar de vida.
Mudanças das fontes de influência
Já para outras pessoas, que não dependem tanto de mudança de local físico de trabalho para conquistarem seus objetivos, ou nos casos em que a mudança do local físico de trabalho é irrelevante ou pelo menos secundário, criar um ambiente adequado para a realização de seus sonhos, e para a utilização plena de suas habilidades, envolve outro tipo de mudança, mais relacionada ao próprio trabalho, ou seja, ao modo de se pensar e/ou se relacionar com as pessoas, bem como a qualidade das influências que se recebe.
É o caso, por exemplo, de escritores, jornalistas, free-lancers, fotógrafos, e outros profissionais liberais. Para um escritor, criar um ambiente propício de trabalho pode ser feito realizando leituras diferentes das que ele vinha fazendo até então, a fim de criar um “acervo mental” mais adequado ao tipo de obra que pretende redigir. Para alguém que trabalha com mídias sociais, criar um ambiente de trabalho que o estimule dentre outras coisas, a ter mais engajamento e produtividade, pode envolver mudanças nas pessoas com quem se relaciona.
Mas não é só isso.
Existe também um ambiente mental que muitas vezes precisa ser “reorganizado” para que você faça as coisas acontecerem.
Em tarefas que exigem longas horas de concentração e foco para que se produza algo que gere valor, tirar o excesso de distrações do cérebro é absolutamente essencial para que se crie um ambiente propício para a geração de resultados positivos.
Por isso, se o seu trabalho envolve ficar em frente de uma tela de computador, procure eliminar pontos de distração, tais como alertas de emails novos, notificações de Whatsapp, janelas de navegador abertas em portais de notícias etc.
Isso porque, quanto mais pontos de distração estiverem ligados, mais interrupções seu trabalho sofrerá, o que não só tirará a sua produtividade, como também lhe gerará mais ansiedade para consumir pequenas gratificações instantâneas, que em nada, repito, em nada, acrescentarão a aquilo que você estiver fazendo como atividade principal.
Conclusão
Seja qual for o tipo de mudança que se pretende realizar, mudando de espaço físico de trabalho (mudança material), ou mudando o próprio espaço físico de trabalho (mudança mental ou social), você não pode perder de vista o motivo que o levou a fazer isso: melhorar.
Mudança, qualquer tipo de mudança, não é fácil, pois envolve um ato de coragem e de sair de onde se encontra, renunciando a um espaço de conforto do qual muitas pessoas jamais abririam mão.
Porém, elas são inevitáveis e, muitas vezes, a única saída para você evoluir e conquistar os seus objetivos, sejam eles quais forem.
Termino esse artigo com a citação do livro do Eduardo, pois ela sintetiza a ideia que está na essência desse artigo:
“Nem toda mudança leva a um lugar melhor, mas, para chegar a um lugar melhor, precisamos mudar”.
Tenham todos uma ótima semana! 🙂
Créditos da imagem: Free Digital Photos
Belo texto Guilherme!
Eu sou a favor de mudanças, acho que as pessoas devem se movimentar, sair de sua zona de conforto. Muitas continuam estagnadas por terem medo do novo, medo de ter que começar tudo do zero.
Seu texto serve de incentivo para quem está precisando mudar, mas está sem coragem!
Abraços
Obrigado, Iara!
Realmente, ter a audácia para mudar não é para muitos.
Abraços!
Quando você muda de ambiente, pode ocorrer um vácuo profissional, ou seja, todos os conhecimentos, colegas de profissão são deixados para trás e você leva um tempo até se firmar profissionalmente no novo ambiente. No meu caso fiquei no vácuo por 2 anos.
Eu to nessa. Trabalho há 15 anos na mesma profissão. Completamente desgastado, desmotivado e triste por ainda ter que fazer isso. Tenho uma segunda profissão, que descobri depois de já ter 5 anos na primeira, ainda não tão lucrativa mas que só vai começar a ser quando eu me dedicar 100% a ela. Mas largar o salário certo, a calmaria e a previsibilidade é complicado.
Mas estou em vias de tomar essa decisão. Falta só mais um pouquinho de coragem ou mais um pouco de chatisse no trabalho 🙂
Oi TTE, você já está construindo as bases para a carreira paralela.
Acredito que, em questão de tempo, você poderá se dedicar integralmente a essa carreira paralela. 🙂
Excelente matéria!
Às vezes ficamos presos aos paradigmas e perdemos muito tempo fazendo algo que não nos satisfaz.
Acho que se a pessoa decidir mudar a si mesma, não hesitará em mudar o ambiente ou fatores não físicos.
Recentemente lancei um blog gratuito para estudo de inglês. Pelo curto espaço de tempo, estou gostando e foi ótimo tentar novas possibilidades.
Ainda é um embrião, mas estou certo que fiz uma boa escolha.
Peço licença para divulgá-lo, a quem interessar:
inglestotalblog.wordpress.com
Obrigado!
Parabéns pela iniciativa velho. Sabia suas palavras, a coragem da mudança é o passo mais importante. E muito bom o blog.
Obrigado, Jardelson!
E concordo com o Paulo, você está de parabéns pela iniciativa.
Você disse tudo: a pessoa tem que decidir mudar a si mesma. Tudo começa aí.
Abraços!
Guilherme. Poderia em uma ocasião indicar sugestões de livros? Tipo um “Guilherme recomenda”? Abraços
Olá, Paulo, excelente a sua sugestão!
Temos aqui no blog uma seção onde agrupo todas as resenhas publicadas: http://valoresreais.com/arquivos/resenhas/
Mas sua ideia é muito boa, pois, dentre os livros que li, há um “núcleo essencial” que recomendo. Vou trabalhar para que esse artigo seja publicado.
Abraços!
Gostei do artigo. Muito importante o tema.
Guilherme, gostaria de dar a sugestão de começar a bater na tecla de “MORAL e ÉTICA”. Pois, com os valores invertidos do Brasil atual, a moral e ética são assuntos raros.
Vamos tentar trazer ainda mais Valores Reais, motivando e mostrando para as pessoas o valor da moral para uma vida mais digna e para o bem interior, além de um mundo melhor para todos no convívio.
Caro Guilherme, vamos amadurecer mais, juntos, no sentido da moral e ética. Creio que essa será uma base forte para melhoria das famílias e da nossa própria vida no nosso país.
Nós, brasileiros, precisamos crescer juntos, construirmos juntos, brasileiros com valores reais, principalmente de moral e também de ética. Isso não é nada fácil.
Vamos entrar mais nesse sentido! Bater bastante nessa tecla! Vamos incentivar e perseverar em nossa construção interior do sentido de compreensão do bem e do valor da moral e da ética.
Um grande abraço, companheiro!
Seu trabalho nesse site é admirável!
Muito obrigado pelas palavras, Cara!
Gostei da sua ideia, de divulgar ainda mais os valores da moral e da ética!
Inclusive, tinha escrito um artigo nessa linha de pensamento, ano passado => http://valoresreais.com/2015/02/16/crise-economica-ou-crise-de-valores/ cuja repercussão foi bastante positiva.
Vou me aprofundar no tema, então, acolhendo suas sugestões! 😀
Abraços!!!!
Guilherme,
Falando em ética e moral, esse video é muito interessante:
Café Filosófico – Ética no cotidiano, com Mario Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho
https://www.youtube.com/watch?v=eE9J4oHop0E
Abraços,
Rosana
Rosana, ótimo vídeo!
São vídeos assim que melhoram muito nossa capacidade de pensar.
Abraços!
Bons dias Guilherme, tudo bem? Ótimo conteúdo abordado nesta página. Tenho algumas indagações que ficarei grato no esclarecimento delas.
Caso aplique hoje R$ 100.000,00 na LCI, e tenha uma taxa referencial mensal de R$ 1.000,00, posso fazer o resgate total* do aplicado (R$ 100.000,00) + as taxas referenciais (juros ganhos) daqui a 90 dias (prazo mínimo de bloqueio)?
Posso também realizar todos os meses a partir destes 90 dias de carência o resgate* apenas dos juros (taxa referencial) que foi gerado sobre o aplicado e deixar o valor aplicado íntegro*? – por exemplo, apliquei R$ 100.000,00 e daqui 90 dias teria R$ 103.000,00, posso retirar esse R$ 3.000,00 e no outro mês retirar mais R$ 1.000,00 que foi gerado em juros?
Boa tarde, Felipe,
A “taxa referencial” a que você se refere provavelmente é o rendimento do título.
Bom, partindo dessa premissa, sim, decorridos 90 dias, você pode resgatar o valor total, desde que o banco emissor permita esse resgate após 90 dias.
Quanto à sua segunda pergunta, você pode fazer retiradas mensais, sim, desde que haja possibilidade de liquidez diária sobre o título.
Guilherme, muito obrigado pelos esclarecimentos. Você fornece assessoria pessoal?
De nada!
Eu não forneço, mas com os conhecimentos adquiridos aqui no blog certamente você terá a capacidade e a autonomia de conduzir suas próprias decisões de investimentos. 🙂
Muito bom! E hoje em dia as ferramentas para mudança, seja através do estudo (internet, cursos a distância, etc…) ou através de novos modelos de negócio estão todas na mesa. Basta ter coragem e disposição para esticar a mão e pegar.
Abs!
Com certeza, CBC!
Abç!
Ótima reflexão. Obrigado Guilherme pelo excelente post.
Obrigado, Antônio!