O que é a reserva de emergências?
O primeiro passo para quem quer ingressar no mundo dos investimentos, ou simplesmente voltar a viver em paz com seu dinheiro, consiste na formação de uma bom colchão de segurança, ou seja, a reserva de emergências. É aquele dinheiro que você usa para não precisar recorrer a cheque especial, empréstimo consignado, CDC e outros instrumentos que só aprisionam o indivíduo nas garras dos bancos, financeiras e pessoas alheias à sua vida, fazendo com que você se descontrole financeiramente e também emocionalmente.
Como eu já disse antes:
Colchão de segurança nada mais é do que uma provisão financeira alocada em investimento conservador, de baixo risco e de alta liquidez, que lhe permita resolver problemas financeiros sem depender do salário ou outra fonte de renda ativa, nem recorrer a empréstimos ou soluções que causem endividamento. É muito útil principalmente em épocas de crise ou acontecimentos inesperados que tenham repercussões negativas no patrimônio do investidor. Por exemplo: perda de emprego, doença na família etc.
Já falamos sobre a importância de construir um polpudo colchão de segurança em outros artigos aqui no blog:
– O tamanho da reserva de emergência varia de acordo com as circunstâncias de vida de cada pessoa;
– 5 razões para ter uma boa reserva em renda fixa (colchão de segurança)
Os dois motivos “do momento” para ressaltar a importância da formação dessa reserva
Hoje, voltamos a discorrer sobre o assunto, por duas razões principais, que convergem, no sentido de você reforçar ainda mais o seu patrimônio financeiro alocado nesse tipo de ativo.
O primeiro, sem dúvida, é o atual patamar em que se encontra a taxa SELIC, com estratosféricos 13,75% a.a., o que proporciona uma rentabilidade nominal há muito tempo não vista no âmbito da renda fixa. É dizer, reforçar sua reserva de emergências lhe proporcionará também uma rentabilidade nominal muito boa, podendo chegar até aos patamares de outrora, ou seja, de 1% ao mês.
O segundo motivo é a recessão econômica na qual o País se encontra mergulhado. Com a atual crise econômica atingindo patamares também há muito não visto, é de extrema importância que você tenha instrumento financeiros aptos a lidar com momentos de adversidade pessoal. Sobre isso, inclusive, também já comentamos no blog, no artigo Como se proteger de crises econômicas *pessoais*?.
As 6 alternativas de investimentos para construir sua reserva de emergências
Vamos, nesse artigo, apontar 6 alternativas de investimentos para você aplicar na sua reserva de emergências. São investimentos que reúnem várias características em comum, tais como liquidez diária, natureza conservadora, e baixo risco.
1. Caderneta de poupança
A caderneta de poupança apresenta as características clássicas que um investimento em reserva de emergências deve ter: liquidez diária, baixo risco e natureza conservadora. Atualmente, ela rende em torno de 6,9% a.a.
Contudo, no atual patamar da taxa SELIC, de 13,75% a.a., ela deixa de ser atrativa, pois acaba perdendo de outras aplicações financeiras num item que no momento econômico atual possui grande relevância na renda fixa: a rentabilidade.
Se estivéssemos numa época em que a SELIC estivesse rodando na casa dos 8% a.a., como aconteceu no passado, poderíamos até argumentar no sentido de indicação da poupança para os investidores aplicarem na reserva de emergências.
Contudo, com a taxa SELIC beirando os 14% a.a., não faz muito sentido deixar de investir em produtos de renda fixa tão seguros quanto a poupança, que cumprem os mesmos objetivos da caderneta, mas que oferecem rentabilidade líquida praticamente 50% superior, como veremos mais adiante.
A caderneta somente vale a pena em situações bastante específicas, dentre as quais destaco duas. Primeiro, para aqueles investidores que estão iniciando no mundo da educação financeira e dos investimentos, têm poucos recursos e, portanto, não têm acesso a outros investimentos em renda fixa mais rentáveis: para esses, a caderneta terá a função educadora de habituar e contextualizar o investidor com o mundo dos investimentos, assumindo, portanto, um papel mais pedagógico do que propriamente de retorno financeiro.
E, segundo, para aqueles investidores que ainda têm reservas aplicadas na poupança “velha”, pois é possível que, no futuro, a taxa SELIC comece uma trajetória de queda, o que pode aproximar bastante os rendimentos dos diversos investimentos em renda fixa daqueles obtidos pela poupança velha.
Entretanto, mesmo nesse último caso eu recomendo que o investidor saque da caderneta parcela de seus recursos para investir em outras aplicações financeiras, tendo em vista exatamente o ganho de rentabilidade proporcionado por esses outros produtos, que podem chegar a até 11% a.a., já líquido de impostos e taxas de administração.
2. Certificados de Depósito Bancário (CDBs)
Com o fim da liquidez diária imediata das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), particularmente daquelas do BB, que muitos utilizavam como reserva de emergências (e até como investimento principal), os CDBs voltam a ganhar papel de destaque na agenda dos investidores.
Isso porque eles apresentam, geralmente, características melhores do que as da poupança, pois têm rentabilidade diária, e características melhores do que as dos fundos de investimentos, pois não pagam taxa de administração.
Seriam eles, então, a melhor alternativa para a reserva de emergências?
A resposta é “nem sempre”.
E isso porque geralmente os CDBs de liquidez diária oferecidos pelos grandes bancos de varejo padecem de um defeito quase irremediável: a péssima remuneração do CDI que é oferecida.
Geralmente, essa remuneração não passa de 90% do CDI. Além disso, eles ainda pagam imposto de renda sobre os rendimentos, de forma que o retorno anual líquido de um CDB que remunera à taxa de 90% do CDI fica na casa dos 9,8% a.a.
Os CDBs que remuneram melhor são aqueles oferecidos por corretoras de valores e bancos médios e pequenos, porém, eles têm o ponto negativo de exigirem uma carência, que varia de 3 meses a 5 anos, durante a qual os recursos não poderão ser resgatados em hipótese alguma, o que os já desqualificam como alternativas para uma reserva de emergências.
Mesmo assim, com o fim da liquidez diária imediata das LCIs e LCAs, os CDBs surgem como alternativa para investimento na reserva de emergências, desde que se consiga um CDB de banco de primeira linha, com 90% do CDI no mínimo, e liquidez diária.
3. Fundos Referenciados DI com baixa taxa de administração (até 1% a.a.)
Por estarem atrelados ao CDI/SELIC, os fundos referenciados despontam como uma boa alternativa para reserva de emergências. Geralmente, eles já contam com liquidez diária e possibilidade de resgate em D+0, e, por conterem Tesouro SELIC em sua composição, apresentam alto grau de conservadorismo, o que significa baixo risco.
O que impede um fundo referenciado DI de ser uma alternativa viável para a constituição de uma reserva de emergência é, basicamente, a alta taxa de administração que eles carregam, principalmente daqueles que possuem pouca quantia para investir.
Via de regra, fundos referenciados DI com taxas mais baixas de administração exigem aportes mínimos mais altos, e isso vale para todos os bancos: quanto menor o aporte disponível, maior será a taxa de administração cobrada, e, portanto, menor será a rentabilidade.
Fundos referenciados DI com taxa de administração de 1% a.a. rendem, em média, em torno de 10% a.a., já descontado o imposto de renda de 20% para aplicações com resgates entre 6 meses e 1 ano.
No Banco do Brasil, com o fim da liquidez diária imediata das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), as opções que sobraram, em termos de fundos de investimentos, para entrarem na lista de priorização do resgate automático são as listadas abaixo (para clientes do segmento Estilo):
De todas elas, a que possui melhor rentabilidade, considerando a equação risco/retorno, é o BB Referenciado DI Plus Estilo, que possui taxa de administração de 1% a.a., mas exige aplicação inicial mínima de R$ 10.000,00.
4. Fundos de renda fixa
Os fundos de renda fixa se distinguem dos fundos referenciados DI pelo fato de não estarem atrelados ao CDI.
São fundos que possuem em sua carteira títulos pré e pós-fixados, podendo conter em sua composição tanto títulos públicos quanto títulos privados – o que, nesse último caso, aumenta o risco, embora tenha potencial para também aumentar o retorno.
Ainda que haja possibilidade de retornos maiores, é preciso prestar atenção para o fato de que nem todos os fundos de renda fixa possuem resgate em D+0, o que já inviabilizaria esse tipo de fundo como principal ativo do colchão de segurança.
A taxa de administração também é outro empecilho para garantir maior retorno desses fundos de renda fixa: eles exigem maior trabalho do gestor, que, naturalmente, e em contrapartida, cobra taxas de administração maiores, que podem variar de 0,7% a até 5% a.a. Alguns chegam a cobrar, inclusive, taxa de performance, sobre um percentual que ultrapassar o CDI.
De maneira geral, eu não recomendo os fundos de renda fixa para constituírem o colchão de segurança. A possibilidade de retornos negativos, a falta de liquidez em vários fundos e as pesadas taxas de administração atuam como pontos negativos nesse sentido.
5. LCAs e LCIs
Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) eram boas opções de investimentos para a constituição da reserva de emergência, porém, com a instituição da carência de 90 dias, ambos os produtos se tornaram proibitivos para tal finalidade.
No caso das LCAs do BB e das LCIs da CEF, que são as Letras mais seguras do mercado, em função de estarem garantidas por bancos públicos federais, elas ainda podem funcionar como uma segunda camada da reserva de emergência. Ou seja, você poderá formar uma reserva de emergência em duas camadas: a primeira, constituída por um investimento com liquidez diária, como fundos referenciados DI, CDBs ou Tesouro SELIC, e a segunda camada, com LCA ou LCI, desde que decorra o prazo de 90 dias.
Porém, como reserva de emergência primária, elas deixaram de ser opções viáveis.
6. Tesouro SELIC
O Tesouro SELIC, que pode ser investido através do Tesouro Direto, é o melhor investimento disponível no mercado financeiro para compor o colchão de segurança. E isso por cinco motivos.
Primeiro, porque, a partir desse ano, ele deixou de ter liquidez semanal para ter liquidez diária, ou seja, ele pode ser sacado em qualquer dia da semana, ao contrário das LCAs e LCIs, que exigem carência de D+90, e ao contrário de boa parte dos fundos de renda fixa, que exigem carência de D+1 ou D+2.
Segundo, porque ele está disponível para qualquer valor de aplicação mínima. Não exigem R$ 10 mil iniciais para fazer a aplicação, como alguns CDBs, e fundos de renda fixa e referenciados DI exigem. Hoje, é possível comprar 1% de um Tesouro SELIC, ou seja, com apenas aproximadamente R$ 70 é possível fazer esse tipo de investimento.
Terceiro, porque ele é mais seguro até que a poupança, que só é garantida até o limite de R$ 250 mil (cobertura do FGC). O Tesouro SELIC é garantido pelo Governo Federal, ou seja, tem uma garantia mais forte.
Quarto, porque ele rende mais. Considerando que você opere por uma corretora que não cobre taxa de custódia, o rendimento líquido vai para a casa dos 10,7% a.a., o melhor dentre todos os investimentos até aqui analisados.
E, quinto, porque ele não deixa de ser uma proteção relativamente eficaz contra a inflação no presente, conforme destacamos em outro post, Não é a LFT um investimento que nos protege da inflação no presente?
É evidente que é possível encontrar LCAs e LCIs, ou fundos de renda fixa, que rendam na casa dos 11% a 12 % a.a. líquidos, mas esses produtos ou exigem carência de 90 dias (caso das LCIs e LCAs), ou exigem aporte mínimo inicial muito alto/riscos altos, caso dos fundos de renda fixa. O Tesouro SELIC não: você pode garantir uma rentabilidade líquida superior a 10% a.a. investindo apenas R$ 90.
A técnica da construção do colchão de segurança em “camadas”
O Tesouro SELIC não é perfeito, e isso é perceptível não só pelo fato de ele pagar imposto de renda, mas também pelo fato de o resgate dos recursos não ocorrer no mesmo dia da solicitação, exigindo normalmente um dia útil de espera para que os recursos sejam depositados em conta-corrente.
Para isso, é oportuno utilizar a técnica de construção do colchão de segurança em, pelo menos, duas “camadas”. A primeira camada é formada por aquele investimento que pode ser resgatado no exato instante da solicitação, como a poupança, alguns CDBs e fundos refereciados DI, apenas para assegurar uma quantia que precisa ser disponibilizada no mesmo dia da “chamada”; e uma segunda camada no Tesouro SELIC, ou em qualquer outro investimento, que tenha um retorno líquido maior.
O grande receio aqui é as pessoas ficarem preocupadas em não terem a quantia necessária no colchão da primeira camada, e ficarem receosas de colocar a maior quantia de reservas na segunda camada.
A questão é mais psicológica do que prática, e, para resolver o dilema de quanto de dinheiro colocar na primeira camada do colchão, faça esse simples exercício. Primeiro, analise os seus últimos 10 anos. Agora, verifique qual foi a situação de urgência em que você mais precisou de dinheiro para o mesmo dia da situação emergencial: esse será seu parâmetro para definir qual o valor será aplicado no colchão de primeira camada.
Não entram nessa consideração, por evidente, aquelas despesas programadas, que ocorrem todo mês, como as faturas de cartão de crédito, pagamento de contas diversas como aluguel, condomínio, prestação da casa, luz etc. Não, essas despesas são perfeitamente previsíveis, e o valor correspondente pode perfeitamente ser depositado no Tesouro SELIC, ou em outro investimento qualquer componente da segunda camada da reserva.
Normalmente, pensamos em situações de urgência aquelas como acidentes de veículo, viagens de última hora, e doenças que surgem repentinamente, mas, mesmo nesses casos, muitas vezes não será preciso o desembolso imediato de dinheiro, até porque você provavelmente já terá contratado outras “reservas de emergência” para tais tipos de situações, como seguros de carro, planos de saúde e cartões de crédito (para o caso de pagamento de uma viagem de última hora, por exemplo).
Então, no final das contas, se você analisar friamente, vai verificar que dificilmente precisará de um dinheiro de alta soma (digamos, acima de R$ 3 mil), no mesmo dia em que surgiu a situação de emergência, de modo que faz sentido não colocar muito dinheiro nessa primeira camada do colchão de segurança, embora seja sempre de bom grado ter um dinheiro disponível para gastos imediatos.
Conclusão
A construção de um bom e sólido colchão de segurança é o primeiro passo para garantir uma proteção financeira eficaz para você e sua família, servindo também como um importante elo entre seu orçamento doméstico do dia-a-dia, e a construção de seu patrimônio financeiro, na medida em que impede que seus investimentos de longo prazo e sua saúde financeira sejam impactados negativamente pela inexistência de dinheiro líquido e imediato para saldar despesas imprevistas e imprevisíveis.
Em épocas em que vivemos, que combinam uma taxa de juros elevadíssima com crise na macroeconomia, torna-se absolutamente indispensável zelar para construção e manutenção de uma reserva de emergências que lhe dê tranquilidade para atravessar períodos turbulentos, mas que, ao mesmo tempo, também lhe auxilie na pavimentação de sua estabilidade financeira.
Quanto mais forte for sua reserva de emergências, menores serão as chances de você precisar recorrer ao dinheiro dos outros para saldar seus compromissos financeiros de curto e curtíssimo prazo (eu diria que você reduz esse risco a zero), o que automaticamente lhe garantirá mais tranquilidade e lhe dará mais confiança para administrar sua própria vida financeira.
Lembre-se, a propósito, que a vida não é feita somente de acontecimentos imprevisíveis negativos, mas também positivos, como destaquei nesse artigo, e a reserva de emergências terá função muito útil também nesse tipo peculiar de situação. 😉
Como sugestão para o momento atual em que estamos vivendo, com taxa de juros na casa dos 13,75% a.a., recomendo buscar fontes de investimentos que lhe garantam o maior retorno líquido aproximado da SELIC, sem deixar de lado, claro, a questão da segurança do investimento e da liquidez diária, que são características fundamentais e absolutamente indispensáveis para que você também “surfe na onda dos juros altos”, fazendo com que seu dinheiro possa ter maior rentabilidade mesmo com um tipo de investimento conservador.
Esses juros cada vez mais altos está me fazendo considerar abrir mão 100% da renda variável e ir pro devagar e sempre da renda fixa, creditando meu acumulo de riqueza principalmente aos meus aportes.
Todos os estudos de ‘asset allocation’ ou simplesmente estudos RF vs. RV, são baseados no mercado norte americano. E lá a coisa é muito mais desenvolvida rs.
O que você acha?
eu acho que deixar toda sua grana no mesmo lugar, seja ele qual for,
é pedir pra levar trolha.
mas há quem goste. eu não gosto, por isso diversifico.
o problema dos estudos que você citou não é deles valerem pra um mercado e não valerem pro outro.
é eles olharem só para o passado.
e resultado passado não garante nada no futuro. Nem nos eua, nem aqui, nem em lugar nenhum.
Rafael, muito válido seu ponto. Minha pergunta é: Os títulos da dívida pública não seria o investimento mais seguro que existe num país?
Nos EUA eles PRECISAM investir no mercado de ações para conseguir uma coisinha acima da inflação. Por isso há tanta literatura sobre asset allocation. Aposto que se eles tivessem um investimento como nossa renda fixa aqui, acho que eles não correriam risco desnecessário comprando ações… Outro ponto que lá os ETFs são muito mais desenvolvidos. rs
Olá Fellipe!
Realmente, é bastante tentador concentrar tudo na renda fixa, pois estamos vivendo os dois extremos que a favorecem: SELIC em patamares muito altos, e Bolsa estagnada há praticamente 10 anos.
Por outro lado, concordo com o que o Rafael disse, no sentido de que diversificar é preciso.
Isso porque há um prêmio de risco embutido no investimento em ações, que consiste na maior rentabilidade a longo prazo. Maior o risco, maior o retorno. IBovespa tende a render mais que SELIC, assim como as Small Caps tendem a render mais que o próprio IBovespa.
No Brasil dos últimos anos, tem sido bastante difícil acreditar nisso, mas mesmo na época de inflação de três dígitos e na ditadura, a Bolsa conseguiu ganhos expressivos.
Dessa forma, mesmo que você seja bastante conservador, recomendo alocar pelo menos 10% em Bolsa, assim, quando a Bolsa decolar, você garantirá um pedaço dessa onda positiva.
Abç
Mas Guilherme, já vi estudos que o Equity Risk Premium no nosso ‘amado’ país chega a ser negativo… (e mesmo que não fosse, pela volatilidade, teria que ser BEM positivo)
Veja esse aqui do HC:
http://hcinvestimentos.com/2010/10/24/3-razoes-para-nao-investir-todo-seu-capital-em-acoes-parte-iii/
os títulos públicos são investimentos mais seguros por um motivo muito simples.
é muito mais fácil quebrar uma empresa do que um país inteiro.
dê uma olhada nesse link:
https://en.wikipedia.org/wiki/Template:Greek_governmental_bonds_2_years_graph
o gráfico mostra as taxas de um título público oferecido pelo governo da Grécia.
você pode ver que antes da crise deles estourar, a taxa era baixinha. quando a crise começou, a taxa já aumentou exponencialmente. e quando o barril explodiu de vez, foi tudo pro espaço.
isso só mostra que retorno segue risco e vice-versa.
nos eua títulos públicos não rendem nada porque a chance do governo não honrar suas obrigações é risivelmente baixa. se eles tivessem acesso a taxas semelhantes a nós, eles não seriam o país mais desenvolvido do mundo.
seriam um país meia-boca como o nosso.
Então o máximo que pode acontecer, ao alocar tudo em TD, é eu deixar de ganhar possível uma rentabilidade maior se tivesse investido em renda variável?
Eu acho que não é tão ‘trolha’ assim, Rafael…
não, o pior que pode acontecer é você perder tudo e morrer de fome.
o que é sempre mais fácil de acontecer com quem põe 100% do patrimônio no mesmo lugar.
a razão de diversificar seus investimentos não é conseguir retorno maior. é controlar melhor o risco.
aliás, quanto mais você foca em rentabilidade, maior a probabilidade de vender tudo no fundo, em pânico, quando a rentabilidade for péssima.
Fellipe, o Rafael fez ótimas colocações a respeito do assunto, com as quais eu concordo plenamente.
A questão toda não envolve apenas rentabilidade maior, mas sim melhor manejo do risco. O controle do risco é fundamental na gestão de uma carteira de ativos, e você pode obter a melhor equação risco/retorno trazendo diversificação à sua carteira de ativos.
O critério da rentabilidade se avalia olhando basicamente para o passado. Já o critério do risco se avalia olhando os ativos a partir de suas perspectivas futuras.
Abç
Eu não vejo problema nenhum em colocar 100% dos recursos na Renda fixa.
É possível diversificar em TD, LCI, LCA, CDB, LC, debêntures, etc
É possível ser pós-fixado, pré-fixado ou indexado à inflação.
É possível ter títulos do governo, bancos de primeira linha e bancos de segunda linha.
Com os juros e a inflação nesses patamares e com a recessão rondando os resultados das empresas listadas em bolsa, acho uma medida bastante segura não optar pela renda variável atualmente.
Concordo com o Investidor Internacional, é bem possível ser um investidor diversificado, mesmo que toda a carteira seja montada na renda fixa, já que a mesma tem vários produtos.
Sim, Investidor Internacional e Douglas, não há problemas em fazer uma alocação 100% em renda fixa, dada a variedade de títulos.
Apenas acrescento que, se tivermos um horizonte de médio e longo prazos, é recomendável adicionar outras classes de ativos para melhorar o potencial de retorno da carteira.
Isso porque a economia vive ciclos econômicos, e é possível que no futuro não muito próximo tenhamos SELIC na casa de 1 dígito, o que certamente favorecerá quem tiver abastecido sua carteira com ativos na classe dos fundos imobiliários e ações.
Abç!
Guilherme,
1 – Creio que há uma taxa para Tesouro Direto que ninguém pode fugir. Segue, abaixo, transcrição da página do TD.
Taxa cobrada pela BM&FBOVESPA:
Taxa de custódia de 0,30% a.a. sobre o valor dos títulos referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos. Essa taxa é provisionada diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2). Por isso, é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor mantiver o título. Ademais, ela é cobrada até o saldo de R$1.500.000,00 por conta de custódia. Isso significa que se você tiver mais de R$1.500.000,00 aplicados no Tesouro Direto via uma única instituição financeira, essa taxa não mais será cobrada sobre o valor que exceder R$1.500.000,00.
2 – A CEF tem um fundo referenciado DI com taxa de ADM de 0,7 % para quantias pequenas. É o fundo “Caixa FIC Pleno Ref DI Longo”. A aplicação inicial era de R$ 2.500,00 e está hoje em R$ 1.000,00. Aplicações adicionais mínimas de R$ 100,00. E é D + 0 tanto para aplicação como para resgate.
Mais uma observação… Há instituições (corretoras de bancos de grande porte) que a Taxa de Custódia mensal da instituição financeira é um valor fixo. Logo, o investidor tem que prestar atenção se esta taxa não vai comer todos os rendimentos.
Uma ótima semana para você e para os que aqui passarem! 🙂
Olá Carlos, ótimas explicações, como sempre!
Sobre a taxa de custódia, é verdade, ela é fixa, e de 0,3% sobre o valor dos títulos.
Bom saber desse fundo da CEF, chega a ser melhor que os fundos do BB.
É preciso prestar bastante atenção nesses custos para operar em corretoras, para não comer os rendimentos.
Ótima semana também! 😀
Comparando Tesouro direto Selic com sofisa direto, que garante 100% do CDI com liquidez diaria e sem taxa alguma, nem mesmo para saques, qual seria a melhor opção? Estou a 3 anos no sofisa direto e me sinto confortavel com eles, e me parece mais interssante que o tesouro direto, mesmo com a mudança para liquidez diaria.
Fabio, o CDB a 100% do DI remunera mais.
Contudo, é de se frisar que existe um risco de crédito bastante alto para se investir nesse tipo de produto.
Tempos atrás, especulou-se que o Sofisa Direto pudesse eventualmente “quebrar”, já que o Banco Sofisa, que administra o produto, estaria envolvido numa grave crise financeira. Isso foi comentado inclusive aqui no blog pelos leitores. Não sei se essa situação se normalizou, nos dias de hoje.
Na dúvida, prefira sempre não colocar 100% de seus investimentos num banco privado pequeno. No Brasil, bancos pequenos quebrarem infelizmente não é raridade.
Abç
Opa, Guilherme! Parabéns pelor artigo.. muito completo e com várias informações valiosas!
Hoje em dia está muito vantajoso deixar a reserva de emergência no Tesouro SELIC, pois, com a liquidez diária, você tem um acesso mais rápido ao dinheiro, apesar de não ser imediato.
Bacana essa ideia de montar a reserva em duas camadas, ainda não tinha pensado por esse ponto de vista. Muito bacana!
Um abraço,
Davi Augusto – http://www.receitafinanceira.com
Obrigado, Davi!
Sem dúvida, o Tesouro SELIC ficou ainda mais valioso após a implementação da liquidez diária!
Abç e parabéns pelo blog também!
Guilherme,
realmente em virtude das mudanças recentemente havidas para as LCAs e LCIs, estes títulos deixaram de ser uma opção interessante para se INICIAR um colchão de segurança.
Porém, a meu ver, continuam a ser uma opção para se MANTER ou TRANSFERIR o dinheiro do colchão de segurança já formado ou em fins de formação.
Explico:
Devido à isenção tributária estes títulos usualmente tem melhor remuneração e após 90 dias, a liquidez desses títulos passa a ser diária, situação ideal para o colchão de segurança.
Então, nada impede que o investidor que já tem seu colchão formado em outras aplicações transfira o dinheiro gradualmente para as LCAs ou LCIs (seja destinando os novos aportes para estes títulos, seja através da transferência de pequenas quantias do próprio colchão para esta outra aplicação).
Quando uma quantia equivalente à do colchão estiver há mais de 90 dias em LCAs ou LCIs, você passa a ter liquidez diária e o dinheiro que estava nas aplicações menos rentáveis pode ser liberado.
Olá RS, ótima observação!
Realmente, existem aí dois momentos temporais bem demarcados: iniciar uma reserva, ou manter/transferir uma reserva de emergências.
Após os 90 dias, as LCIs e LCAs do BB/CEF podem ser alternativas viáveis para manutenção de um colchão de segurança.
A questão toda é definir um valor a ser colocado como colchão, e tentar fazer com que ele tenha a liquidez diária que esse tipo de ativo exige.
Abç!
O meu sistema é assim:
Dinheiro que poderá ser necessário em menos de 30 dias: poupança. Motivo: saque do Tesouro Selic em menos de 30 dias tem IOF.
Dinheiro que poderá ser necessário entre 31 a 90 dias: Tesouro Selic.
Dinheiro que poderá ser necessário entre 91 e 360 dias: LCI.
Dinheiro que poderá ser necessário, mas só daqui a mais de 1 ano: Tesouro Selic.
Motivo das duas últimas linhas: a alíquota regressiva do IR.
artigo nota 1000
Parabens
Valeu, Pedro!
Excelente texto, Guilherme!
Só para complementá-lo: vale lembrar que aplicações em renda fixa – TD entre elas – possuem incidência do IOF nos primeiros 30 dias.
Então, mesmo com a liquidez diária, deve-se ponderar também o risco de você perder parte do rendimento devido ao resgate neste intervalo de tempo.
Abraço!
Obrigado, LL!
E ponto muito bem observado por você: além dos custos tributários com IR, é também preciso observar o IOF. Portanto, quanto mais tempo não se puder mexer na reserva de emergências, melhor!
Abç!
Olá Guilherme,
Topei com este site por acaso na internet, e agora não paro de ler os artigos. Parabéns!
Olha, sempre utilizei poupança e estou pensando em mudar para o tesouro direto. Tenho lido bastante estes dias e acabei solicitando um cadastro na EasyInvest, o qual estou aguardando aprovação dos documentos. Tenho na poupança 130k e minha intenção era levar tudo para o tesouro SELIC (a maioria das recomendações levam à SELIC), porém no simulador do EasyInvest a diferença entre LFT e poupança é mínima o que me leva a crer que não iria compensar. Já quando simulo o tesouro IPCA ou algum pré-fixado os rendimentos são bem maiores, principalmente o IPCA.
Raramente uso o dinheiro da poupança e a tenho já a muito tempo, estava pensando em comprar um imóvel (antes das leituras) já tenho 30 anos e ainda moro com meus pais, acabei vendo que financeiramente não é o momento para compra de imóvel (preços altos). Minha intenção é investir no tesouro direto e aguardar o vencimento, porém se surgir uma oportunidade gostaria de poder estar com o dinheiro em mãos a qualquer momento (até algumas semanas são aceitáveis) para poder utilizá-lo. O que me recomenda?
Grande abraço!
Olá Carlos, obrigado pelos comentários!
Sobre sua dúvida, vamos lá: você já tem uma excelente quantia investida, e é hora de dar uma “turbinada” na rentabilidade, mas com segurança e conservadorismo, aproveitando para surfar nessa onda dos juros altos.
Apesar de o Tesouro IPCA e o Tesouro Prefixado apresentarem rentabilidades melhores na simulação, há o risco de você acabar perdendo dinheiro se houver uma crise no mercado que derrube o valor desses títulos.
Quanto ao simulador da EasyInvest entre poupança e LFT, provavelmente esse simulador deve estar com algum problema, pois a diferença entre poupança e Tesouro SELIC é bastante considerável, em torno de 7% a.a. para poupança e mais de 10,5% a.a. para o TD SELIC, o que significa, numa conta de cabeça, um ganho líquido acima de R$ 4 mil por ano a favor da LFT, e com menor risco.
Sendo assim, já que você pretende utilizar o dinheiro investido para compra futura de imóvel, ou outra oportunidade qualquer, o Tesouro SELIC acaba sendo a melhor oportunidade, por conjugar melhor a equação risco/retorno/liquidez.
Abç!
Oi. Fiz quase a mesma pergunta em outro topico. Mas, vc acha que essa modalidade muita arriscada selic + ipca? Ao invés de ir comprando t. selic. Vi que em simulações o tesouro selic passa depois de 2 anos o lca do bb em rendimento. ^Parabéns novamente pelo site. Tenho um dúvida. Vi o que o tesouro ipca s/ juros semestrais rende mais que o tesouro selic. A minha dúvida se posso e obtenho rentabilidade superior com tesouro ipca em relação ao selic, se fizer pequenos saques antes do vencimento. Por exemplo: A cada mês retirar/vender um pouco. Caso for necessario. Mais com intuito de obter renda para alguma emergência. Estaria fazendo um colchão de emergência. Como vc citou no artigo sobre lca do bb. Só que seria c/ tesouro ipca. Vejo todos falando tesouro selic. Mas, fiquei com essa dúvida sobre o tesouro ipca.^
Olá Felipe, o Tesouro IPCA também pode ser utilizado para compor uma reserva de emergência, porém, ele tem o risco de você resgatar menos dinheiro do que aportou, embora haja também a probabilidade de você ter uma rentabilidade superior ao Tesouro SELIC.
Quanto aos pequenos saques antes do vencimento, não vejo possibilidade de com isso ter rendimentos superior.
Guilherme, excelente artigo!
Tenho algumas dúvidas sobre o tesouro direto:
1) A LFT rende mais que uma LCA que pague 84% do CDI ?
2) Similar ao colega acima, tenho 23 anos, 140mil guardados e moro com os meus pais (quase não tenho gastos). Atualmente tenho todo meu capital investido em LCA do Banco do Brasil que remunera em 84% do CDI. Recentemente abri uma conta na Easyinvest e pretendo diversificar minha carteira de investimentos. Pensei em algo do tipo: 50% em LCA, 25% LFT e 25% em NTNB principal, o qual pretendo resgatar apenas no vencimento (2019). Sou um investidor bastante conservador e não aceito perder, mesmo sendo uma pequena fatia do meu patrimônio, por isso não considerei a renda variável. O que acha dessa composição de carteira ?
3) Li em vários depoimentos que várias pessoas utilizam mais de uma corretora.. Você recomenda utilizar mais de uma corretora para investir no tesouro direto ? Ou devo concentrar tudo em uma grande, sem taxa de custódia, como a Easyinvest ?
Obrigado e boa semana!
Abraço!
Obrigado Rodrigo!
1) Após 24 meses, sim, se for uma LFT sem taxa de custódia, vide a tabela comparativa aqui: http://valoresreais.com/2015/02/23/o-que-rende-mais-uma-lca-a-84-do-cdi-uma-lft-com-taxa-zero-de-custodia-um-cdb-a-100-do-di-ou-um-fundo-di-com-05-a-a-de-taxa-de-administracao/
2) Essa composição da carteira está excelente, tendo em conta seus objetivos e seu perfil de risco;
3) Depende de cada investidor, ou seja, tanto faz. Alguns gostam de utilizar mais de uma corretora, outros preferem diversificar. Como você está começando a investir em corretoras, sugiro concentrar tudo numa só.
Abç e boa semana também!
Adoro ler os artigos desse site, um melhor que o outro.
Abraço!
Valeu, Carlos!
As melhores opções a meu ver são Tesouro Selic e LCI com liquidez diária.
Abçs!
Exato, II.
Muito bom o artigo sobre o “colchão”.
Tenho um valor de emergência estipulado em 5k na poupança e mantenho lá justamente pela liquidez. Este é meu primeiro colchão. Já um segundo colchão que comecei a fazer foi comprar IPCA com juros semestrais de modo que daqui a pouco eu receba os prêmios durante 6 meses do ano e assim a cada dois meses eu recebo um valor que posso reinvestir caso não necessite, desta maneira sei que precisando de dinheiro que exceda os 5k da poupança, terei nos próximos 2 meses na pior das hipóteses.
Caso use os 5k de emergência, vou juntando os prêmios novamente na poupança até formar a reserva de novo.
Junto a isto aplico um pouco em ações com foco em dividendos e nos outros títulos do TD.
Excelente estratégia, Alex!
Sua diversificação está bem balanceada, com renda fixa atrelada à inflação e ações baseadas em dividendos.
Continue assim!
Guilherme, você considera viável um investimento em instituições financeiras menores, e por mais de dois anos? Por exemplo, há uma financeira chamada Dacasa Invest que paga 125% do CDI (taxa bruta) em LCs. O FGC cobre este valor, caso a financeira quebre, mas, mesmo assim, fico com o pé atrás. O que você acha? É que estou prestes em investir em Tesouro Selic e não sei se também invisto boa parte do dinheiro numa financeira pequena como essa. Pessoalmente, você já arriscou seu dinheiro em uma dessas pequenas instituições?
Abraço.
Olá, II!
Eu, particularmente, não invisto em bancos menores, nessas condições, por prazos tão grandes de carência, por melhor que seja a taxa do CDI.
Para prazos de carência maiores, opto por investimentos em renda variável, que já exigem, de certa forma, um intervalo maior para poderem “maturar”, ou seja, dar retorno.
Pessoalmente, eu já investi em bancos menores, mas sempre optei por prazos de carência inferiores a 6 meses.
Eu procuro demarcar a equação risco vs. retorno da seguinte forma, no caso de bancos pequenos: abro mão de uma eventual maior rentabilidade em troca de poder resgatar o dinheiro num prazo menor.
Abç!
Boa noite Guilherme!
Tenho R$ 1.000,00 mensal para investimento em LCI no Banco do Brasil onde possuo conta e paga 80% do CDI. Minha dúvida é saber se é vantagem aplicar mensalmente esses R$ 1.000,00 (que é o mínimo de aporte), ou juntar 6 meses (por exemplo) e investir R$ 6.000,00? Aguardo sua opinião. Obrigado!
A melhor opção para montagem da Reserva me parece ser 2 camadas : Tesouro SELIC & LCI/LCA Diária.
Porém nos dias de hoje como está a oferta das LCIs Diárias?
Outra questão : a rentabilidade delas não seria inferior ao TD?
Presumo que uma boa LCI teria que pagar uns 95 % do CDI no mínimo…
Olá, José.
Sim, essa é uma ótima alternativa.
As LCIs diárias precisam observar a carência inicial de 90 dias.
Sua oferta depende basicamente das disponibilidades dos bancos. A CEF e o BB são bancos que trabalham com essa possibilidade, mas o percentual do CDI é bastante baixo.
Adorei o post!
Veio em boa hora já que preciso de um investimento para juntar um dinheiro que vou precisar em seis meses e disponho de pouco dinheiro para iniciar o investimento.
Estou recente no plano das aplicações.Tenho uma poupança P questões imediatas e uma aplicaçäo LCI CAIXA COM CDI (?) que não entendo bem esse “com”. Mas penso transferir a poupança para algo mais rentável. Já que tenho meus rendimentos mensais. O que vc sugere? Sempre acompanho as orientações e discussões realizadas aqui. Grata