Carlos trabalha numa grande empresa multinacional com filial no Brasil. Ganha bem – cerca de R$ 8 mil – e é um bom funcionário, tanto é que foi promovido recentemente a gerente de seu departamento. Ocorre que Carlos está vivendo um problema que o tem atormentado nos últimos meses. Todas as vezes que estaciona seu carro – um Ford Fiesta com 5 anos de uso e 50 mil quilômetros rodados – na garagem da firma, se depara, à sua volta, com carros que ele considera “superiores”.
De um lado, uma Tucson. De outro, um ix35. Mais para trás, uma Triton L-200. Conversando com os colegas proprietários desses carros, todos radiantes com seus carros esportivos, Carlos percebe que todos eles foram financiados – afinal, seus colegas não se preocupam em poupar, apesar de ganharem entre R$ 7 e R$ 11 mil, e as pessoas na firma ligam mais para status do que para saúde financeira – mas, mesmo assim, ele se sente triste por dentro, achando que precisa comprar um carro SUV equivalente para ser feliz e “aproveitar” a vida, sentimento esse que é amplificado quando, ao sentar no sofá de casa para assistir TV, ele é bombardeado por anúncios publicitários mostrando pessoas felizes a bordo de seus “carrões”.
A bem da verdade, Carlos nunca ligou para carros, mas, vendo o ambiente à sua volta e vendo o que se passa na TV, ele fica cada vez mais persuadido a adquirir um veículo parecido, ainda que isso custe 10 meses de trabalho na firma e implique a possibilidade de ele entrar num financiamento que o faça pagar 2 carros para levar somente 1.
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Será que Carlos está certo em tomar essa decisão? Ou melhor, será que as motivações dele são as melhores para a vida dele?
É evidente que não, e isso por um motivo bastante simples: aproveitar a vida não tem a ver necessariamente com “eu preciso gastar dinheiro para ser feliz”.
Observe que Carlos está caminhando para ser mais um fantoche da nossa querida sociedade de consumo. Como eu já disse em outro post:
“Seus valores culturais e suas crenças, suas atitudes em relação ao trabalho, e praticamente todos os seus desejos de ter qualquer coisa própria, desde um um certo estilo de casa até um destino de férias, foram programados em você pelo resto do mundo. A maioria de seus desejos na verdade não são seus!”
A TV colabora para destruir a vida de Carlos, na medida em que o objetivo da televisão é você ter vergonha das coisas que possui. Quanto mais você assistir TV, mais vergonha você sentirá a respeito de si próprio. E, logicamente, agindo assim, mais dinheiro você gastará comprando coisas e “experiências” que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você não conhece, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é. Ponto final.
Gaste dinheiro, gaste dinheiro, gaste dinheiro
Quem nasceu no final dos anos 70 ou no começo dos anos 80, deve se lembrar de uma propaganda dos chocolates baton, em que uma criança hipnotizava sua mãe para obrigá-la a satisfazer seus desejos de comer chocolate.
Hoje em dia, as pessoas continuam achando que a solução para a busca da felicidade continua sendo gastar dinheiro. Vamos ao exemplo tão em voga das viagens.
Com a popularização do transporte aéreo, principalmente das melhorias ocorridas para facilitar o acesso a destinos internacionais, combinada com a estabilidade econômica, e a consequente popularização dos cartões de crédito, facilitando os financiamentos e prazos de pagamento a perder de vista, tudo isso ainda combinado com a difusão das redes sociais, em que o egocentrismo e o exibicionismo parecem ditar o tom, muitas pessoas acreditam, de modo equivocado, como bem pontuado pelo Michel do blog Rodando pelo Mundo, ter encontrado nas viagens o elixir para o paraíso.
Em outros termos: acreditam que precisam realizar 9 viagens internacionais por ano para serem felizes. Que precisam gastar uma média de R$ 6,5 mil por mês comprando milhas e pontos para serem felizes. Que precisam torrar R$ 4 mil mensais em diárias de hotéis, jantares em restaurantes badalados e passeios turísticos “inesquecíveis” para serem felizes.
Eu penso sim que o lazer consumido de forma sadia e equilibrada é um dos componentes para ter uma vida com mais qualidade, mas refuto a ideia de que é preciso comprometer todo o orçamento doméstico com esse item orçamentário para ser feliz.
Olhe para o passado, para seu passado. Olhe para a infância, para a sua infância.
Se você for como eu, aposto que costumava viajar em família uma ou no máximo duas vezes por ano, normalmente uma em janeiro – para a praia – e outra em julho. E eram viagens marcantes, baratas, mas inesquecíveis.
Será que o fato de você não ter viajado tanto no passado te fez uma pessoa menos feliz? Será que, nos dias de hoje, você não está exagerando um pouco na dose, tentando seguir modelos e estilos de vida de pessoas desconhecidas, e desprezando valores como o respeito ao dinheiro, que é um exemplo certamente herdado de seus pais?
Em resumo: será que você não está abandonando seus valores familiares por valores oriundos dessa hipócrita sociedade de consumo, cujas pessoas pensam mais nos próprios interesses do que nos seus? O dinheiro que você ganha é seu, meu amigo, e não das pessoas e empresas que ficam fazendo propagandas massivas dos produtos e serviços deles. Não seja ingênuo a ponto de cair nessa cilada.
Aproveitar a vida tem a ver com o quê, afinal de contas?
Aproveitar a vida tem a ver com cultivar emoções positivas. É dar risadas com os amigos num jantar sem compromissos. É fazer um trabalho bem feito, sabendo que esse trabalho estará contribuindo para a solução de problemas e a consequente satisfação das pessoas que dependem de seu esforço. É correr 5 km num dia, e estar mais disposto do que nunca no dia seguinte. É ter um sono profundo e de qualidade.
Aproveitar a vida tem a ver com não deixar ninguém fazer sua cabeça. Não ser manipulado por outras pessoas. É ser forte o suficiente para vencer os obstáculos consumistas que aparecem todos os dias em todos os ambientes pelos quais você passa e nos quais você convive. É ser forte mentalmente para dizer “não, obrigado”, eu não preciso disso para ser feliz. Sim, eu sei, é remar contra a maré, até porque é uma maré imunda e suja, com a qual não vale a pena se misturar.
Aproveitar a vida tem a ver com ter liberdade para agir de acordo com as próprias convicções. E como isso é difícil hoje em dia! Nossas convicções de não gastar desnecessariamente caem ao primeiro olhar daquela vitrine – física ou online – maravilhosa exibindo coisas completamente desnecessárias. Nossa convicção de não fazer gastos com coisas, mas fazer as coisas gastarem, caem ao primeiro olhar daquele Watch Edition (novo relógio da Apple) maravilhoso.
A liberdade de pensar por si próprio é a maior de nossas liberdades, e é por isso que a mídia e terceiros fazem de tudo para aprisionar sua mente, tentando te convencer de que gastar dinheiro é o caminho para ser feliz. Cuidado, portanto, para não ser consumido por aquilo que você consome.
Aproveitar a vida tem a ver com ter saúde financeira para comprar tudo o que o dinheiro compra, se isso for realmente essencial para seu bem-estar. O consumo exagerado deixa as pessoas cegas quanto à sua própria situação financeira, e o resultado disso é que elas acabam comprando com um dinheiro que não tem.
Conclusão
Aproveitar a vida não se resume, enfim, a gastar dinheiro, e isso porque muitas áreas de nossas vidas não dependem de dinheiro para serem materializadas.
No exemplo dado no início desse texto, Carlos não precisa gastar dinheiro comprando um carro equivalente ao de seus colegas para dizer que aproveita a vida. A vida dele pode ser aproveitada de outras maneiras, que não impliquem no gasto com coisas desnecessárias. O que Carlos precisa é reprogramar sua mente, assistir menos TV, ler menos anúncios publicitários nos jornais e revistas e, sobretudo, aprender a ter liberdade de agir de acordo com suas próprias convicções.
Como eu disse num artigo escrito há meia década, o dinheiro é apenas um meio para melhorar a qualidade de sua vida, mas apenas nas áreas onde ele é necessário.
Não confunda dinheiro com vida, e, principalmente, não gaste um dinheiro que você não tem. Aproveitar a vida não se resume a consumir, e nem consumir mais fará de você necessariamente uma pessoa melhor.
Fecho esse post recorrendo mais uma vez ao amigo Leo Babauta, do Zen Habits, quando diz, acertadamente, o seguinte:
“The most amazing things are right in front of us, right where we are. Right now. We don’t have to go anywhere or see some incredible sights or do daring activities to experience the wonder of life”.
Ou seja, numa tradução livre e adaptada ao contexto do post:
“As coisas mais incríveis estão em frente de nós, no lugar em que estamos. Aqui e agora. Nós não temos que ir a lugar algum, ver pontos turísticos incríveis, ou ainda fazer atividades supostamente diferentes, ou necessariamente ter que gastar dinheiro, para experimentar a maravilha da vida“.
Pense nisso, e boa semana!
Concordo em gênero, numero e grau com o artigo.
Entretanto, sou pessimista em relação à possibilidade de aplicação disto tudo. Sim, além de concordar, consigo imaginar uma vida em que tudo isto colocado no texto se aplica.
Entretanto, axo que o bonde já passou… o mundo já virou uma grande commodity, Guilherme! rs
Lembro de uma pesquisa que indicava o seguinte: ainda que você assista a uma peça publicitária de modo super “alerta”, percebendo e analisando todos os meandros que ela se utilza para te influenciar, ainda assim você será influenciado por ela. Não importa o olhar que você tenha, a influência da publicidade em nós ocorre de modo alheio a nossa vontade de não ser influenciado. O máximo que pode ocorrer é você ser menos contaminado, mas ainda assim será.
Fazendo uma analogia a isto, digo o mesmo sobre o mundo: já era, hoje em dia é difícil pensar em “aproveitar a vida” como um não sinônimo de “gastar dinheiro”, ainda que se possa apontar exemplos disto como: ir à praia, caminhar no parque, rir com os amigos… No meio destas simples atividades, o capitalismo trará de trazer seus caprichos e transformar isto numa atividade “shopping-lesca”.
Exemplo: você irá pegar seu carro para ir até ao parque e, lá sim, sair pelo parque para “correr”, ou irá encontrar com os amigos numa pizzaria, ou irá à praia e se encher de parafernalhas (cadeira, bloqueador solar, guarda-sol, cerveja, etc). E ainda irá dizer “Ah, mas tudo isto é necessário, isto nem é consumismo!” rs.
É toda uma forma de pensar, não há como negar. Isto não tira o mérito do que é apresentado no artigo, ao contrário, reforça sua necessidade. Entretanto, o mundo como está hoje… ao aplicar estes ideais, seremos como monges no meio da multidão – o que é muito bom!
Abraços, Renato C
Olá Renato C, ótimos comentários!
Realmente, a propaganda está em todos os lugares, e, quanto mais nos expusermos a ela, mais por ela seremos influenciados, ainda que fiquemos no modo “super alerta”, como no caso da pesquisa.
A dificuldade de não ser mais um “maria-vai-com-as-outras” reside justamente no fato de sermos minoria, mas graças à Internet, podemos difundir melhor nossas ideias.
Blogs como o Mr. Money Mustache, Zen Habits etc., e movimentos como a Simplicidade Voluntária tendem a ganhar mais adeptos.
Abç!
Fala Guilherme!
Excelente post! Infelizmente muitas pessoas não conseguem fugir desse “ambiente de consumo”.
Acredito que só a educação financeira para ajudar no combate a esse “mal”.
Abraços
Obrigado, II!
Tem toda razão: educação financeira é a ferramenta para combater esse “mal”.
Abç
Nossa! você resumiu tudo o que sinto e vejo, pior… normalmente sou vítima disto, como mulher acabo sendo um alvo fácil de toda sorte de produtos que oferecem no mercado, além daquela disputa interna entre mulheres e seus sapatos, bolsas, acessórios (jóias claro) e afins que nos inundam de fantasia que não existe!!!
Tinha dois cartões de crédito e cancelei o que tinha maior limite para me policiar, mas confesso que é duro. Às vezes dá aquela sensação de impotência porque deixei de comprar, mas até esquecer a tentação, vai uma semana que tortura mental. Sei não, tô achando que isto é caso de terapia, quem sabe. Mas é certo que somos vítimas de toda publicidade que nos cerca há muito tempo. Espero sobreviver.
Você tem razão, Carolina, as mulheres são um dos principais alvos da publicidade massificada e selvagem que existe nos dias de hoje.
Saber lidar bem com as próprias emoções é uma das medidas que vocês podem tomar para combater esse mal, e a terapia tem ajudado várias nesse sentido.
Em termos financeiros, recomendo a leitura desse post: http://valoresreais.com/2013/09/02/mulher-mulher-8-dicas-praticas-leitoras-valorizar-vivenciar-feminilidade-comprometer-orcamento-domestico/
Abç!
Carolina, exatamente! Somos cobradas em sempre estarmos bem vestidas, maquiadas, com as unhas feitas etc, o que, além do tempo gasto, ainda leva muito dinheiro embora!
Como comentado no texto, o que me ajudou foi diminuir minha exposição à blogs de beleza e propagandas ditas “femininas”. Passei a ler outros conteúdos (como o VR e blogs de minimalismo – Leo Babauta <3) e posso dizer que minha neura (que nem era tão grande, como vejo ultimamente por aí) melhorou bastante. 🙂
Obrigado pelas palavras, Andrea! 😀
Abç!
Como sempre,eu achei a mensagem excelente. Tbem não mudaria NADA nela!
Quando eu li o final do texto, mais especificamente, essa parte, me lembrei imediatamente de uma coisa que sempre me enojou:
“As coisas mais incríveis estão em frente de nós, no lugar em que estamos. Aqui e agora. Nós não temos que ir a lugar algum, ver pontos turísticos incríveis, ou ainda fazer atividades supostamente diferentes, ou necessariamente ter que gastar dinheiro, para experimentar a maravilha da vida“.
O que me veio à lembrança, foram as pessoas que passaram (e algumas ainda presentes,ainda bem que poucas), que vivem criticando pessoas que têm muito dinheiro e que distorcem,portanto, esse parágrafo. Elas não pensam nesse fato do consumismo; o que elas pensam é que é MELHOR SER POBRE PORQUE SOFREM MENOS E APROVEITAM MAIS A VIDA.”Rico vive sempre ocupado, se preocupando com dinheiro, enquanto eu aproveito a vida sem me preocupar com ele. Tá vendo? eu curto a vida sem precisar de nada que eles têm e ainda sou mais feliz!”.
Como cultura é tudo!
* passaram PELA MINHA VIDA ( esqueci de colocar )
Perfeita colocação, Anna!
Gostei bastante dessa última frase sua, ela complementa muito bem o post. Para discernir bem a mensagem do texto, um mínimo de cultura é absolutamente essencial.
Abç!
Essa é a essência!
Excelente artigo, Parabéns.
Obrigado, Daniel!
Abç!
Carolina, como todo mundo eu não sou um exemplo de perfeição, até oq eu tenho q me segurar muito quando vejo bolsas e livros ( nesse segundo item, ainda passa rsss). Mas tem uma coisa q vejo q me ajudou e muito: foi eu desde nova preferir a independência. No sentido de eu preferir aprender a fazer por exemplo, unhas, depilação (respectivamente, desde os 16 anos e assim q o creme Veet foi lançado no Brasil. Eu abandonei a depiladora e nunca mais voltei ). Tbem vejo receita caseira pra beleza, no youtube e videos do Manual do Mundo (aprendi a fazer sabonete liquido nesse site e agora nunca mais vou comprar !rss ). Fora isso, eu tbem passei a amar material reciclado e comecei a fazer meu estojos, meus cadernos e alguns objetos do lar.
Hj em dia passo por muita lojinha q tem itens maravilhosos do lar por exemplo, e logo penso em FAZER um item parecido ou igual. Esse meu lado independente hj em dia é tão forte q tem loja q eu nunca conheci e muita gente comenta do meu lado.
Eu nem passei a fazer tudo isso pensando em economia, mas acabou q ajudou e muito nesse quesito!
Outra coisa q me ajuda demais a fugir desse universo consumista, focado no sentido de assistir propagandas, foi o amor a TV a cabo (leia-se minisseries e seriados americanos). TV aberta? Nossa…tá quase extinta aqui onde eu moro. =)) Eu só vejo tv com hora marcada. Com isso vejo menos propaganda.
Por fim, outra coisa q com os anos passei a fazer foi andar menos em grupo de mulheres. Isso é tbem uma tentação p se consumir mais ainda! Pq sabemos q isso influencia tbem na vontade de ter o q as outras tem ou te mostram por exemplo, pra vender.
Excelente depoimento, Anna!
Abç!
Excelente post Guilherme!!
Mais uma vez preciso! Incrível como vc traduziu exatamente o que estava reparando esses dias…mas, fico com a lição aprendida nesse blog: “Prefiro gastar as coisas do que gastar com coisas”..
Parabéns e muito obrigado por mais uma grande lição…
Abraços, Luiz.
Grato pelas palavras, Luiz!
Abç!
Parabéns pelo texto.
Acredito que nadar contra a “maré” é muito difícil, mas necessário quando essa corrente está nos levando para um lugar errado. Percebo na faculdade, lugar onde passo a maior parte do tempo, que a “maré” é não estudar. Portanto, para ser uma pessoa estudiosa é necessário força de vontade e convicção que isso é a coisa certa a ser feita. Sei que pode parecer absurda a situação, mas é a minha realidade.
Fábio
Obrigado, Fábio!
É realmente absurda essa situação na sua faculdade. O interessante é que essas pessoas acabarão colhendo os frutos de não estudar, no futuro…
Continue no caminho certo!
Abç!
Guilherme,
Gostei muito do post, acho que é algo bem apropriado, ainda mais hoje em dia com o marketing tão agressivo.
A propaganda “compre baton” é até bem “amadora” se compararmos com as técnicas atuais de persuasão indireta.
A história hipotética do início do post ilustra bem o que quero dizer: status. Não importa se o Carlos não gosta tanto assim de carros, mas com o salário que tem e com a influência tão grande (e devastadora em muitos casos) da mídia e uma certa pressão dos amigos, que também são influenciados por essa mídia, a pessoa acaba comprando o que não quer, mais para satisfazer os olhos do que ir em direção aos seus próprios valores.
Muitos entram no círculo vicioso do querer/comprar, mas parece que são poucos os que param para analisar que nesse caso, vive-se entre a ânsia de ter e o tédio de possuir, como disse Schopenhauer.
Eu acho que em termos de propaganda, a pior é a de margarina, pois junto com aquele produto altamente prejudicial e artificial, “vende-se” a ideia de uma família feliz.
O óleo hidrogenado é cinza e com sabor e cheiro horríveis. Então, ele é branqueado e depois colorido com urucum, betacaroteno e/ou outro corante artificial.
Se quiser saber mais sobre o assunto, há muitos sites na internet falando sobre isso, e escolhi esse para postar aqui:
http://www.circuitosaude.com.br/artigos.aspx?id=133
Eu acho que na essência, todas as propagandas são assim, talvez de forma mais amena do que a da margarina: tenta vender-se algo que não tem relação nenhuma com o produto e muita relação com os sentimentos, emoções e valores pessoais Acredito que o marketing sabe que, se for tentar vender o produto por si só, muitas – ou a maioria – das pessoas não se interessariam.
Eu acho que esse é um tema muito complexo, por isso devemos estar sempre muito bem sintonizados conosco, com nossos valores, objetivos e consciência de nós mesmos, para não cairmos nessas armadilhas, embora isso seja algo não tão fácil até para quem tem uma certa consciência do que realmente é importante e o que não é.
Desde a propaganda na tv até a disposição dos produtos no supermercado e “facilidades” de pagamento, tudo é feito de forma a impulsionar o consumo. O que de certa forma chega a ser assustador, pois a impressão que dá é a de o inconsciente (e até o consciente) humano é como uma mera marionete no vasto e insaciável comércio atual.
Abraços!
Perfeito seu texto, Rosana!! Adorei! =)
Assino embaixo do que disse a Anna. Excelente texto, Rosana!
As técnicas de propaganda estão cada vez mais habilidosas, vendendo ilusões e fantasias. E o pior é que há quem compre tais fantasias!
Abç!
Guilherme,
Infelizmente a maioria das pessoas ainda é iludida pelas fantasias.
Acho que isso não tem relação com classe social ou com país, pois os EUA são um país desenvolvido, mas o que mais vende de tudo, para todos os gostos e bolsos. E esse estilo americano, o “american way of life” acabou caindo no gosto de povos de muitos outros países.
Ana,
Fiquei feliz em saber que gostou do meu comentário! 🙂
Sim, Rosana, eu acho que isso (ilusão pelas fantasias) faz parte das pessoas independentemente de classe social ou região em que vive.
Os EUA são o exemplo típico, pois a maioria das pessoas lá se endivida fácil, com os juros baixos. Dizem até que quem tem USD 10 e nenhuma dívida está posicionado entre os 25% mais ricos da população americana.
Apesar dessa frase soar um tanto quanto meio exagerada, faz sentido, se entendida em seus devidos termos, ou seja, ter patrimônio líquido positivo já deve ser motivo de orgulho por lá.
Abç
🙂
Mais um ótimo texto, Guilherme!
Eu sou daquelas pessoas totalmente fora da curva…
Adoro viajar, conhecer lugares novos. Mas, só pago as viagens à vista. E viajo 1 vez por ano e tem anos que nem viajo… Tudo bem, dá para se divertir em casa também.
Tem uma coisa que me faz “esquisitíssima” para os padrões atuais: não tiro nenhuma foto nas minhas viagens. Nem mesmo para o arquivo pessoal! Acho que o que é realmente importante vai ficar no meu coração, não preciso de fotos para lembrar o que vivi. Se eu esquecer, é porque não foi tão especial assim… É fantástico lembrar de momentos da viagem deste modo e abrir um sorriso numa segunda-feira qualquer… 🙂
Abraços e continue com este blog ótimo!
Obrigado pelas palavras, Maria!
Você faz muito bem em viajar: temos que fazer aquilo que mais gostamos. E faz melhor ainda em se planejar para não se endividar, afinal, um hobby feito com o planejamento correto lhe permite saborear esses momentos de uma forma melhor ainda. 😀
E também não há nenhum problema em não tirar fotos: afinal, as lembranças devem ficar no coração, como você bem disse. 😀
Abç!
Excelente texto.
Sobre esse tema, remete a uma verdadeira “indução ao consumismo” escancarada ao nosso redor, de difícil escapatória, principalmente para mentes mais influenciáveis.
Na vida atual em sociedade, como sabemos, o que somos já não importa mais e sim o que aparentamos ser, lamentavelmente.
A propósito, nesse sentido, existe um filme chamado “The Joneses”, que trata de uma família fake ( pais e dois filhos adolescentes), que é inserida numa comunidade para influenciar os hábitos de consumo das pessoas com quem convivem e alavancar as vendas de certos produtos, tudo controlado por metas.
É um filme simples, nada de especial, mas a idéia que transmite é bem interessante e acho que se encaixa nessa discussão.
Como sou 95% budista não teriam sucesso algum comigo, mas eu sou uma exceção…..hehehe
Abraço e parabéns pelo conteúdo de qualidade.
Obrigado Henrique!
Gostei muito da indicação desse filme….vou assisti-lo quando tiver tempo, uma vez que seu conteúdo tem tudo a ver com o que foi discutido nesse texto.
Abç!
Henrique,
Gostei da indicação do filme, vou procurar. 🙂
A TV colabora para destruir a vida de Carlos, na medida em que o objetivo da televisão é você ter vergonha das coisas que possui. Quanto mais você assistir TV, mais vergonha você sentirá a respeito de si próprio. E, logicamente, agindo assim, mais dinheiro você gastará comprando coisas e “experiências” que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você não conhece, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é. Ponto final.
A realidade nua e crua.
E sobre o sono que você escreveu, Max Gehringer diz: O sucesso é o sono gostoso kkkkk.. Abraço!
Gostei dessa frase, Carlos! …rsrs…
Abç!
Guilherme,
Lembrou-me do fato abaixo e que encaixa muito bem sobre o tema. Com o preço de apenas dois cafés e duas águas minerais, comprei uma experiência da qual nunca mais esqueço-me.
Em 1996 ou 1997 (não me recordo ao certo), fiz uma viagem de trabalho pela Europa e passei pela cidade de Dresden na Alemanha. Aquela cidade que quase não restou pedra sobre pedra após um bombardeio dos aliados entre 13 e 15 de Fev de 1945. Esta cidade tinha ficado do lado oriental e voltou a Alemanha logo após a queda do muro em Nov de 1989. A moeda era ainda o “Deutsche Mark” pois o euro só vigorou a partir de Jan de 2002. Há uma catedral famosa em Dresden (a Frauenkirche) que foi destruída nesse bombardeio mas os escombros não haviam sido retirados até 1993. Em 1993 iniciaram um projeto de reconstrução a partir dos próprios escombros. Começou por separar os escombros e cataloga-los. E a seguir foram armazenados em racks gigantes para aguardar a remontagem. E aqui a parte que marcou-me para sempre. Eu estive bem em frente a essa catedral (do outro lado da rua) na época em que estavam na fase de catalogação (Infelizmente, não tirei uma foto sequer). Eu estava sentado a uma mesa de uma cafeteria tomando um gostoso café e uma água mineral com gás. E apreciando os trabalhos que ocorriam do outro lado da rua. Paguei na época, creio que 7 marcos pelo café e a água. Algo como 1,5 euros. Por que foi inesquecível para mim? Porque uns anos mais tarde, vi uma reportagem sobre essa igreja totalmente reerguida. Mais tarde, ao entardecer, eu fui a uma outra cafeteria sendo que esta ficava em uma avenida com vista privilegiada para o rio Elba e com visão para o outro lado do rio e suas construções barrocas. Pedi um café e uma água, também. Quando começou a escurecer o dia, as garçonetes, em forma ritualistica, acenderam pequenas velas que estavam nas diversas mesas externas do café, enquanto um crepúsculo avermelhado caía sobre a cidade. Uma cenário com uma poesia indescritível! Tanto pelo rito como pela visão da cidade no crepúsculo. Fiquei entre meia e uma hora por ali. Ao sair paguei a conta que foi algo em torno de 7 ou 8 marcos, também.
Fantástica história, Carlos!
É desse tipo de experiência que devemos aproveitar mais: dos momentos simples, apreciando simplesmente a paisagem, a história, o movimento das pessoas…
Esses momentos simples, mas incrivelmente baratos, ficam guardados para sempre, e provam a veracidade da mensagem do post: aproveitar a vida, definitivamente, não tem a ver com gastar dinheiro para ser feliz. 😀
Abç!
O ato da contemplação diferencia humanos de outros animais. E contemplar custa pouco. Muito bom seu depoimento. Dois pequenos momentos recheados de história e rodeados de beleza.
As pessoas são bombardeadas com comercial todos os dias, isso facilita muito a entender por que administram tão mau suas finanças.