O questionamento da leitora Ana, colocado em evidência em um dos últimos posts – Depoimento da leitora Ana: “as mulheres têm mais dificuldade para economizar do que os homens”. Qual sua opinião sobre o assunto? – gerou, como de costume, comentários de tão alta qualidade, que eu não poderia perder a chance de novamente transformá-los num novo artigo, num novo artigo de colaboração coletiva, tal como fiz no começo desse mês, 8 lições de educação financeira que meus leitores me ensinaram, lembram-se?
Aqui, as leitoras compartilham suas experiências e dicas práticas de como valorizar e vivenciar sua feminilidade sem comprometer o orçamento doméstico familiar. São dicas específicas para o mundo feminino, e que podem te ajudar, mulher, a ter uma vida financeira mais organizada e equilibrada, lançando luzes sobre ideias que você pode até não ter pensado antes.
Com a palavra, agora, as leitoras! 😀
BiaB: “sou mulher, na casa dos 30, e aprendi que, por mais que os outros queiram meter o bedelho na minha vida, só vou obedecer às vontades de quem paga as minhas contas – eu mesma!”
“Concordo em partes com a Ana.
Realmente, em geral as mulheres são mais cobradas, mas cobrança não é sinônimo de “obrigação”.
Como mulher também, posso dizer que, por mais que as pessoas cobrem, é você quem decide se quer andar maquiada o dia todo (eu tenho maquiagem, mas porque gosto das texturas, cores etc., mas só uso quando me dá MUITA vontade, ou seja, quase nunca); se quer ter um monte de sapatos ou optar por poucos e confortáveis; se muda toda a roupa todo dia (ainda mais mulheres que não suam tanto quanto homens e trabalham em escritórios com ar condicionado); se faz manicure fora ou em casa mesmo (é questão de prática, e com o dinheiro de uma simples ida a manicure você compra uns 15 esmaltes!); se precisa pagar depilação ou se resolve com gilette…
Cabeleireiro, embora seja difícil achar um profissional bom, isso não te obriga a andar de escova feita sempre, ou fazer progressiva, tingir etc. etc. E um corte de cabelo a cada 2 ou 3 meses não se compara ao gasto que se tem com os outros tratamentos do salão…
Enfim, sou mulher, na casa dos 30, e aprendi que, por mais que os outros queiram meter o bedelho na minha vida, só vou obedecer as vontades de quem paga as minhas contas – eu mesma!
Se não for assim, daqui a pouco terei comprado imóvel financiado em 35 anos porque “é besteira gastar com aluguel”, não importa o quão inchados estejam os preços hoje; terei filhos mesmo sem ter a menor vontade; comprarei um carro sendo que me viro muito bem com transporte público e bike; andarei só de salto alto, mesmo que eles me tirem a mobilidade e me deixem com os pés super doloridos… viverei a vida que os outros esperam que eu viva, mas que não desembolsam um tostão pra pagar por mim!
Ah, sim, e pra constar: não é por ser assim que vivo sozinha ou “encalhada”. Pelo contrário! Nunca tive problemas no campo amoroso e sou muito bem casada com um dos inúmeros homens que existem que se importam mais em estar com uma pessoa de conteúdo, e não com um manequim que fala “
Lívia: “mulheres, cada uma de nós é única, não precisamos nos encaixar em padrões. A mídia os define e tenta empurrá-los goela abaixo por um único motivo: dinheiro. Não para o nosso bem-estar, mas, simplesmente, para o nosso consumo!”
“Interessantes reflexões.
Sempre procuro dar sentido e uso àquilo que compro, para validar esse gasto. Cada pessoa gasta com o que lhe interessa, traz conforto, bem-estar e prazer.
É aquilo: “Qual a emoção que te move?” (materialmente falando, claro, vamos separar) e não há problema nisso, desde que você viva com o que sua situação financeira permite e que encontre seu ponto de equilíbrio, sem prejuízo para outros membros da família.
Alguns grupos de despesas têm sido mais do interesse dos homens (carros? tecnologia?), outros, das mulheres (estética? moda?), e outros, ainda, de ambos (viagens? cursos?) mas acho que não avançamos muito nem com generalizações nem com divisões sexistas, então prefiro pensar em pessoas, seres humanos, não em sexos, até porque, por motivos filosófico-religiosos, acredito que tendemos para o equilíbrio dessas duas polaridades, um dia.
Concordo com o que foi dito pela BiaB, sobre filtrar as cobranças da sociedade (e os estímulos da mídia, convenhamos) e acho que conseguimos essa “façanha”, de ficar imunes a alguns apelos exagerados, através de estudo e informação. Assim é possível fazer um julgamento crítico e escolher o que nos convém.
Eu, por exemplo, encontrei meu modo particular de valorizar e vivenciar minha feminilidade, de um jeito que me agrada, não estoura meu orçamento nem me deixa escrava do mercado. Vou descrever alguns exemplos que tem funcionado bem pra mim hoje pois, como já disseram, o equilíbrio é instável. Quem sabe isso possa ajudar outras mulheres também na busca pelo seu equilíbrio.
1. PELE – Compro poucos cremes de cada vez, e uso até acabar. Prefiro os estrangeiros, porque seguem legislações mais rígidas e tecnologias mais avançadas e isso dá mais segurança e confiança nos resultados. Mas há opções nacionais seguras também, então costumo mesclar as escolhas. É importante pesquisar preços e obter amostras para experimentar antes de comprar. Cremes me levam uns 200 reais a cada 6 meses. Ando com maquiagem leve, porque gosto (e antes de tudo protetor solar). Com maquiagem gasto uns 120 reais a cada 6 meses, mais ou menos.
2. CABELO – não gasto mensalmente com salão, mas quando frequento, para corte e hidratação a cada 3 meses, vou a um dos que tem o melhor serviço, pois valorizo umas horinhas de cuidados pra mim, num ambiente confortável, com bom atendimento e cortesias, mas isso é bem pessoal. Como aboli as progressivas, assumi os cachos e nunca mais fiz luzes, há uma boa economia com manutenções e, confesso, estou mais feliz assim, com ondulação e cor naturais. Não tenho paciência para tratamentos caseiros, mas 3 ou 5 min. no banho eu tenho, então escolho produtos práticos e de boa qualidade, alguns deles importados, pagos com a economia que faço por não viver de escova. Além disso, como o cabelo está sem química, não precisa de muita coisa para tratar e ficar bonito. Corte e hidratação a cada 3 meses saem por 120 e devo gastar uns 90 reais com produtos, por semestre.
3. UNHAS – Manicure não faço mais em salão, por cuidados com higiene e por economia (estufas comuns não esterilizam, só autoclave, e só conheço um salão que usa, cobrando quase o dobro dos outros). Comprei os instrumentos e arranjei alguém que atende em domicílio, pois é mais barato e se a gente leva o próprio alicate pro salão, por higiene, normalmente ouve reclamações. Se tivesse habilidade pra fazer sozinha seria ainda mais economia. Até optar por essa solução, porém, fiquei vários meses sem fazer as unhas com frequência, mas sem dramas.
4. DEPILAÇÃO – lâmina, simples assim. Barato, rápido e indolor. Já usei os cremes depilatórios e sei que eles também são práticos, mas prefiro evitar essa química na minha pele, porque lâmina funciona pra mim. Creme sai mais barato que cera e dá pra fazer em casa, sem ter que marcar hora e encarar trânsito e fila de espera, então optaria pelos cremes se tivesse pelos grossos ou encravados. Mas pretendo pesquisar preços e fazer um fundo de reserva para comprar um pacote de depilação a laser, que me trará liberdade.
5. VESTUÁRIO E CALÇADOS – Roupas, escolho pela qualidade, mas nada de grifes caras. Vou a liquidações das lojas que gosto, pois é quando dá pra comprar o que me interessa pelo preço da peça, sem o agregado de fama, que encarece em 100% o produto. Mas se gosto de algo fora da liquidação, mas gosto muito mesmo, e posso, eu compro, porque a peça pode esgotar antes de chegarem as promoções.
Só tenho 3 bolsas e uns 8 ou 9 calçados, ao contrário de muitas mulheres, e uso tudo. Alguns já uso há anos. Se o sapato for neutro e de bons materiais, fica acima dos modismos e dura como novo por um tempão.
Gasto entre 1800 e 2300 reais com roupas, calçados e acessórios, por semestre.
Como se vê, é possível encontrar as próprias soluções e fazer escolhas, satisfazendo seu modo de ser individual.
Mulheres, cada uma de nós é única, não precisamos nos encaixar em padrões. A mídia os define e tenta empurrá-los goela abaixo por um único motivo: dinheiro. Não para o nosso bem-estar, mas, simplesmente, para o nosso consumo!
Busquem o próprio equilíbrio e sejam felizes!
Abraços”.
Vania: “Estabeleci um teto para mim: R$ 600,00 mensais. E vou priorizando meus gastos de beleza dentro desse valor”.
“Estabeleci um teto para mim: R$ 600,00 mensais. E vou priorizando meus gastos de beleza dentro desse valor. Vou a um bom salão uma vez por mês, alternando os serviços: num mês é o corte, no outro a coloração, em um outro limpeza de pele… Também uso, uma vez por mês, um serviço de podologia – R$ 85,00. Gosto de me vestir bem, mas não preciso de tanta coisa assim. Compro aquilo que realmente vou usar.
A cada 18 meses, faço uma viagem ao exterior, e nessa ocasião compro cremes e perfumes de excelente qualidade, por uma fração do que custam no Brasil. Não é preciso usar um “balde” de nada, então tudo dura muito.
Já tenho algumas jóias, ganhas ou compradas em datas especiais – elas me bastam. Bijuterias, de quando em quando. Poucas, mas muito legais, nada descartável.
Quando quero alguma coisa muuuito cara, (um óculos novo por exemplo, coisa que está pela hora da morte), fico um mês sem comprar nada, para “juntar” o valor necessário, dentro do teto que me estabeleci.
Esse esquema funciona pra mim. Mas acho que cada um tem que estabelecer seu esquema, considerando suas necessidades. O que não pode é sair gastando sem planejamento…”
Lud: “é importante não só reduzir gastos como questionar as exigências sociais.”
“Raro ver blogs femininos sobre frugalidade? Olha a gente aqui, rs (blog Minimalizo). E ainda tem a turma do blogroll.
Quanto à questão dos cuidados de beleza femininos, acho importante não só reduzir gastos como questionar as exigências sociais. O que é ser “feminina”? A gente precisa disso? Que tal a gente parar de exigir da gente mesmo E das outras mulheres tanto cuidado (e gasto) com a aparência?
É bom lembrar também que, no Brasil, os salários femininos ainda são inferiores aos dos homens. Ou seja, as despesas “de beleza” ficam duplamente pesadas.
Abraços e parabéns pelo blog.
Ludmila.”
Conclusão
Como se pode perceber, é plenamente possível conciliar os gastos tipicamente femininos com uma vida financeira organizada e saudável. Mas, acima de tudo, é preciso também questionar as exigências sociais, como disse a Lud, afinal, como disse a Lívia, vocês, mulheres, não precisam se encaixar em “padrões”, jogando o jogo midiático, que é um jogo de soma zero, uma vez que prioriza o consumo em detrimento do bem-estar feminino.
Agradeço às leitoras Bia, Lívia, Vânia, Lud e outras leitoras pelas dicas práticas fornecidas nos comentários ao último post, pois certamente servirão de inspiração para que mais mulheres trilhem seus próprios caminhos na construção de uma vida financeira harmônica com os aspectos não financeiros dessa mesma vida!
Guilherme,
Seu post ficou muito bom. 🙂
Gostei de ver você aproveitar os comentários dos leitores! Nada como aprender com a experiência de outras pessoas.
Acredito que assim como tudo na vida, o equilíbrio em relação aos gastos pessoais com beleza é fundamental para uma boa saúde financeira.
A mídia está aí com sua influência agressiva para nos convencer a “novas” necessidades. Cabe à nós decidirmos deixar essas influências e modismos entrarem em nossas vidas ou não.
Abraços!
Obrigado, Rosana!
Aqui no blog é assim: vivendo e aprendendo, principalmente com a rica experiência dos leitores. Todos saímos ganhando!
Abç!
Gastos considerados supérfluos podem entrar na categoria dos investimentos também, explico: supondo que eu ande básica, maquiagem barata, roupas de liquidação de marcas populares e a minha empresa possua duas divisões, uma que atende clientes de renda baixa, com comissões no volume e outra que atende clientes de alta renda, em que as comissões são muito superiores. Minha colega investe em bons produtos (quem usa maquiagem Chanel sabe bem a diferença, custam caro mas valem cada centavo), suas roupas são bem cortadas, muitas vezes sob medida, sua aparência é impecável (cabelos bonitos com produtos baratos é miragem ou privilégio da genética). Quem vai atender qual divisão? Bem óbvio. Supondo que a minha colega gaste 6 mil reais em compras ao mês (um absurdo para muitas) mas receba 30 mil mensais de comissão, não é mais vantajoso pra mim, ter os mesmos cuidados, supondo que eu tenha a mesma habilidade e competência, do que economizar nesses supérfluos e levar pra casa mensalmente 10% disso? Na minha área, mercado imobiliário, você atende seus pares e a diferença em ganhos pode ser absurda.
Oi Gisely, excelentes ponderações! De fato, tudo deve ser analisado tendo em vista se os benefícios superam os custos, ainda mais nessa área de atuação citada por você.
Abç!
Guilherme, que legal! adorei o post!
Obrigado, Vania!
Eu também adorei o post, Guilherme.
Obrigada.
Valeu, Lívia!
Muito bom o Post Guilherme. Infelizmente a mídia atual mira diretamente em uma padrão de imagem que 90% dos brasileiros não possuem, assim isso se torna praticamente uma obsessão seja por homens e mulheres o que acaba gerando mais despesas para quem realmente quer seguir este estilo de vida – consequentemente dívidas para aqueles que não tem um bom planejamento financeiro.
Outro tipo de consumidor que se deixa levar também facilmente são as crianças e consequentemente seus país, falo um pouco disso no meu site se quiser acompanhar.
Oi, Guilherme, exatamente isso, as pessoas ficam como que ratos andando em círculos.
Passei no seu blog e achei o conteúdo excelente, aproveito para recomendar a todos aqui: http://www.upfinancas.com.br/
Abç!
Muito obrigado pelo apoio Guilherme. Estou lhe seguindo no twitter!
Qualquer coisa o meu é @ghfermino
Abraço.
Blz, vou lhe seguir no Twitter também! Abç!
Pois eu também fiz há anos minhas ponderações femininas.
1- Depilação
Comprei panela de cera e faço eu mesma, em casa, o corpo todo e buço. Se for urgente depilar a perna, gilete.
Sobrancelhas? Pinça.
2- Cabelos
Corto em casa, em frente ao espelho desde 2007 e ninguém nunca comentou que parecia cortado em casa. Reparto ao meio na nuca e puxo para frente, sobre os seios. Corto em linha reta (na dúvida, corto menos e depois vou arrumando cortando mais). Ao soltar para trás, ficam em forma de letra U.
As vezes faço grafilados com navalha (comprei a navalha), aprendi como fazer olhando a cabeleireira fazer em mim.
Também sei fazer o clássico corte em camadas que ensinam no youtube.
Hidratações
Compro os cremes e faço em casa. A melhor marca é a francesa Kerastase, mas é mais para cabelos muito detonados. Se o cabelo estiver bom, Amend (marca nacional que imita Kerastase) é uma boa opção.
No mais, só lavo o cabelo com água fria e passo filtro Sundown nele na praia para não desbotar (é castanho claro, fica LARANJA ao desbotar, e por ser claro, desbota fácil com o sol) e para não ficar palha. Funciona. Não uso secador – acho que resseca.
3-Unhas
Faço em casa
4-Maquiagem
Faço em casa. Uso base cara da Mac e o resto produtos baratos. A base cara tem outro aspecto, natural, de maquiagem de TV.Além disso, não é oleosa, não dá cravos, espinhas, brilho e tem FPS 15.
5-Filtro solar
Só uso os mais caros, Roc, La Roche Posay, Episol. Quem tem sardas PERCEBE a diferença. Filtro barato multiplica as sardas do rosto, filtro caro DIMINUI as sardas. Nota-se que HÁ SIM muita diferença na qualidade do produto.
6-Roupas
Uso de preço médio
7- Calçados
Usei por anos os mais baratos. Burrice.
Hoje olho até pelo avesso para ver se é couro legítimo. Só uso couro legítimo. É calçado para a vida toda, só troca o solado, pinta e segue usando. Calçados de couro sintético em 1 ano descascam e não há cura para o descasque que não seja o lixo.
Marcas que trabalham com couro legítimo: Bottero, Cravo&Canela, Cristófoli, Via Uno, Arezzo, Usaflex, alguns Via Marte.
8-Brincos, anéis, correntes…
Usei por anos bijuterias. Pode ser uma ótima opção bijuterias, dependendo da marca duram.
Mas uso jóias (prata e ouro).
Corrente de bijuteria vive preteando, não tenho paciência.
No fim, acho que sai o mesmo preço.
Se vc tem 5 brincos de ouro e usa a vida toda, no fim vai custar o mesmo que comprar bijuterias até morrer.
Há liquidações em fevereiro e julho de jóias, acha-se brincos pequenos ou longos de fios com cristal na ponta por cerca de R$ 200,00 – é só não exigir diamantes e pedras caras.
9-Perfumes
Na época que não tinha maré vermelha, comprava os importados pela internet, sites internacionais… era ótimo.
Hoje isso acabou. Ainda tenho os perfumes dessa ótima época.
Quando acabarem, talvez eu mude para os nacionais… ou talvez mude para os importados mais fortes (usa menos quantidade). Ainda estou pensando na estratégia a ser usada.
10- Academia
Ando pensando em substituí-la por corridas no parque… Se o fizer, conto por aqui!
Olá Lúcia, excelentes dicas!
Uma coisa que tenho percebido, ao ler comentários seus e os de outras mulheres, é que o “barato pode sair caro”.
Ou seja, muitas vezes vale mais a pena comprar produtos mais caros, mas de qualidade superior, e que tenham também uma durabilidade maior, do que produtos baratos, mas que duram menos e desgastam mais.
Abç e nos conte da substituição da academia, caso dê certo!
Excelentes dicas.
Adorei!!
E ‘Sim’, o barato pode sair caro.
Ja sigo algumas dicas citadas a cima. Vou aderir agora gastar todas as roupas que ja tenho rsrs e depois investir no necessario e em peças boas. Que valem o preço mais caro e que duram anos.:)
obg por me indicar o texto Guilherme! 🙂
Obrigado, Darlene!
É isso aí, o lema agora é fazer as roupas gastarem! 😀
Abç!