O que você faria se fosse recém-formado, com um salário de R$ 2 mil aos 21 anos de idade, e sobras de R$ 700 mensais: entraria num financiamento de veículo – afinal, todos os seus colegas estão exibindo seus carrões top de linha – ou pagaria um curso de inglês, andando de ônibus, e sendo criticado pelos ditos colegas? Que consequências a longo prazo terão seus atos de consumo praticados mais para impressionar os outros do que para preencher reais necessidades?
Pois então eu lhes apresento a sensacional história do leitor Camilo, contada originariamente nos comentários ao post 8 lições de educação financeira que meus leitores me ensinaram.
Sim, ele estava diante daquele dilema. E sim, ele fez uma escolha. Que resultados ele obteve no futuro? Que consequências acarretaram para a vida dele ter feito uma escolha ao invés de outra? Mais do que isso: como ficaram os colegas dele que optaram por seguir um caminho diferente? Leiam abaixo e se surpreendam.
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“Guilherme, que excelente post. Quando lia o artigo foi passando um filme na minha cabeça.
Tenho 26 anos e só tive meu primeiro carro aos 25 anos. Antes usava transporte público.
Essa situação era bem diferente da de meus colegas, pois esses, assim que saíam da faculdade, cerca de 4-5 anos atrás, quanto tinham 21 anos, compravam logo um carro do ano (não tinha que ser um simples), com financiamentos de prazos longos. Na verdade, eles pagavam 2 ou 3 carros, e tudo isso com o salário do primeiro emprego de recém-formado, que, em muitos casos, e dependendo do local, não passava de 2 mil reais líquidos.
Eles andavam com o carro do ano, enquanto eu andava de ônibus, e eu era criticado ainda por cima, pois eu tinha um salário que possibilitava comprar um veículo financiado.
Mas é aí que estava o problema. Eu não queria ter um veiculo financiado, eu não queria pagar juros. E eu não sentia necessidade de um carro, pois trabalhava há cerca de 20 minutos do trabalho.
A única “necessidade” de ter um carro, naquela época, era somente para mostrar aos outros que tinha um carro novo, e um carro do ano.
E o que eu fiz?
Investi em educação, enquanto meus amigos pagavam parcelas do carro, IPVA, seguro, taxas de licenciamento, combustível, estacionamento, manutenção, revisão etc.
Eu, com um valor muito menor, estava pagando por um curso de inglês particular em um escola em que as mensalidades custavam 700 reais, porém, mais barato que ter o carro, e ainda tinham os juros de médio e longo prazo, que era o retorno do conhecimento, e ainda sobrava um trocado, que fiz uma reservar para meu intercâmbio, que tinha como objetivo, e fiz, como vocês podem ver nesse post => http://blog.camilolopes.com.br/experiencianewzealand/
Nota pessoal: em artigos publicados em anos anteriores, destaquei a importância de você, caro(a) leitor(a), investir em sua qualificação: Se você parou de aprender, você parou no tempo e Quanto vale sua força de trabalho? Pensando no seu capital humano como um título de renda fixa
Em 2009, chegou a crise mundial nas multinacionais aqui no Brasil, foi onde realmente começaram os cortes nas empresas de TI, e quem era mais novo ia saindo (eu).
A empresa em que eu trabalhava abriu uma carta onde quem tivesse interesse poderia sair, era um momento interessante pois não teria prejuízo etc.
Eu aproveitei a situação e saí. Fui para Nova Zelândia realizar meu sonho de fazer o intercâmbio, lembram-se?
E o melhor de tudo é que eu já tinha feito uma boa reserva de emergência, que me permitia ficar até 3 meses lá sem trabalhar, enquanto aqueles meus amigos ficaram em apuros quando chegou a crise. Alguns perderam o emprego, não tinham reservas, e muito menos como pagar o financiamento daquele carrão top do ano que haviam comprado.
Nota pessoal: cara, essa parte do depoimento é simplesmente magnífica! Demonstra quão importante é manter uma boa reserva em renda fixa (colchão de segurança), pois situações de crise podem ocorrer a qualquer momento.
Enquanto isso, a crise não impactou em nada para mim, na verdade foi “ótimo” para o meu contexto, comprei dólar barato, paguei menos pelo intercâmbio e tive outros benefícios.
Alguns desses amigos, chegaram e falaram:
“- É, você estava certo”.
Quando retornei ao Brasil, comecei a busca pela recolocação no mercado de trabalho. Recebi convites de várias empresas para trabalhar, e tive não só a oportunidade de escolher em qual empresa eu queria trabalhar, como também a chance de discutir o salário, e não aceitar o que eles estavam propondo, algo que nunca imaginei de acontecer aos 23 anos de idade (!!!).
Nota pessoal: aos 23 anos de idade, alguns torram o dinheiro dos pais em futilidades. Outros, gastam tempo em discussões inúteis na Internet. Mas há outros que não vão atrás de nada menos do que são capazes de realizar, ditam as cartas do jogo e negociam em pé de igualdade com empresas multinacionais. Pergunto: quem desses 3 tipos de jovens terá o futuro mais brilhante?
Escolhi realizar outro sonho: trabalhar em um laboratório de inovação e tecnologia. Fui para a HP Labs.
Enquanto isso, eu ouvia os desesperos dos meus amigos, que me mandavam emails para eu enviar o currículo deles na empresa em que eu estava trabalhando. Só que eles se esqueceram de que conhecimento é importante, e muitos não tinham nem o inglês básico, e, para uma multinacional, inglês é a primeira língua.
Infelizmente não pude ajudar a não ser compartilhar com eles minha estratégia focada no conhecimento.
Nota pessoal: é como eu disse em outro post, você é livre para escolher, mas não é livre das consequências de suas escolhas.
[…]
E, em poucos meses de trabalho, eu tirei todo o investimento feito, já que meu salário aumentou quase 4x do que eu tinha quando saí da faculdade.
Mas, mesmo assim, continuei andando de ônibus, porque não achava necessário ter um carro, já que o transporte público atendia para onde eu me deslocava com maior frequência. Quando muito, eu pegava um táxi, que era mais barato que ter um carro.
Aproveitei esse aumento de 4x e adquiri um apartamento na planta como investimento, que paguei R$ 110 mil, e hoje está valendo R$ 210 mil, em 3 anos, uma boa valorização, não acham? 🙂
Nota pessoal: observem quão maduro era o pensamento do leitor Camilo. Ele poderia aproveitar a quadruplicação de seu salário para quadruplicar seu padrão de vida, por meio do consumo de passivos. O que ele fez? Comprou ativos!
E finalmente comprei o “tal do carro” porque mudei de cidade e nesse caso era necessário, já que o transporte público era muito ineficiente, e daí comprei por necessidade.
Mas não foi o carro TOP do ano, e sim um carro simples que atende perfeitamente minhas necessidade. Preferi comprar um carro novo, mesmo sabendo que, com o valor gasto, acharia um veículo usado melhor que o que tenho.
Mas era o primeiro carro, e fiz questão de ter um modelo zero. Afinal, precisamos satisfazer esses detalhes do “cheiro de novo” etc.
Hoje, olho tudo isso que aconteceu comigo nesses últimos anos, e digo:
– “Levei 4 anos para ter o primeiro carro. Normalmente, as pessoas têm seu primeiro carro aos 21 anos, porém, comprado de forma financiada, ou seja, com um dinheiro que não têm. Eu tive o meu primeiro as 25 anos, mas pago integralmente à vista”.
Durmo tranquilo. Não sei o que é financiamento, e, assim, evitei vários custos extras, com pagamento de juros, taxas de cadastramento, imposto sobre operações financeiras etc.
E se acontecer alguma coisa grave, e eu precise, eventualmente, vender o carro, tudo será muito simples. Afinal, o carro não está amarrado a nenhum banco .
[…]
Agir assim naquela época não foi fácil, mas fui forte em ir pela razão e não pela emoção. Como eu resolvi sair de casa aos 17 anos isso me trouxe um amadurecimento muito forte em como lidar com a vida.
Na verdade foi aí que aprendi a importância de cada centavo, já que não morava mais com os meus país e tinha que viver com R$ 700.00.
E descobri, nessa mesma época, que a única forma que eu poderia aumentar meu salário e ter melhores oportunidades era adquirir conhecimento especifico naquilo que gostava de fazer. Como desenvolvedor de software na época, comprava bastante livros e lia todos, estudava de domingo a domingo. Mas nunca via isso como sacrificio.
Ao invés de ter o celular do ano, preferia comprar um livro novo, fazer uma certificação internacional etc. Os resultados foram aparecendo com o decorrer do tempo.
Abraços. Excelente post, que me fez refletir e como as coisas acima postada se encaixar de maneira prática, é só ter paciência e disciplina”.
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Eu preciso dizer mais alguma coisa!? 😀
Parabéns, Camilo, tenho certeza de que seu exemplo de vida, assim como o do leitor William, mostrado semanas atrás, servirá de fonte de inspiração para começar uma mudança na vida de muitos leitores aqui do blog.
Simplesmente excelente!
Sensacional o depoimento.
Adorei a iniciativa do leitor Camilo. Como é importante pensar e agir por conta própria. A maioria das pessoas nem percebe mas agem de acordo com a “manada”. Já compartilhei na sessão – Casos da Vida Real – do site Bolha Imobiliária. Abraços!
Caro Guilherme, fiquei sem palavras hehe, meu simples comentarios virou um post. Obrigado por compartilhar minha experiencia com os demais leitores.
Disciplina e paciência é a formula. Sempre que tive pressa, paguei caro.
abracos,
Oi Camilo, eu – e todos os leitores do blog – é quem agradecemos por tão fantástica história, que certamente está servindo de fonte riquíssima de inspiração para que muitas pessoas passem a controlar o destino de suas próprias vidas!
Se este tipo de pensamento se proliferasse com mais facilidade no Brasil, teríamos um país bem melhor de se viver
Que história sensacional! Parabéns ao Camilo pelas decisões maduras e por cada conquista! Inspirador 😀
Parabéns Camilo por compartilhar sua história, e parabéns também ao Guilherme por publica-la no site, seu depoimento foi inspirador.
Abraços e sucesso!!!
Valeu, Zeca!
Otimo testemunho, porem devo observar que alem de termos uma educação financeira, tambem é importante termos uma vida saudável e espiritual. Que Cristo vós ilumine! Até mais.
Trabalho há 8 anos na Wise Up, achei seu texto Fantástico, pois vejo isso no meu dia a dia, pessoas mudando de vida (não só melhorando) por investir em Educação, as suas prioridades definem seu futuro, é disso que falo todos os dias, quando vc decide abrir mão de algumas coisas pensando no seu futuro, vc colhe os frutos em outro nivel no futuro!!
Se puder colaborar de alguma forma:
samiraalvarenga@wiseup.com.br
Sensacional depoimento!
Tenho 29 anos e há muito tempo sou bastante criticado por amigos próximos por viver uma vida frugal, sempre conversar sobre educação financeira, investimentos e saber o real valor do meu trabalho, do dinheiro e do conhecimento. Resultado: estou há 6 anos no mercado de trabalho, invisto todos os meses parte do meu salário, tenho um apartamento, um carro não financiado e um “colchão de emergência”! Tudo isso com muito esforço, ouvindo muitas críticas e abdicando de coisas fúteis sem deixar de sair, curtir e possuir determinadas coisas. Hoje me preparo para casar no ano que vem sem dívidas, com muito planejamento e revendo os meus meus investimentos para readequá-los a nova realidade minha e de minha esposa..
INFELIZMENTE Guilherme, pessoas que vão na contramão do usual da sociedade e possuem Educação Financeira são bastante criticadas hoje em dia. Não é fácil ir contra a sociedade do consumo e a cobrança da sociedade, falar em dinheiro e finanças em rodas de amigos então, quase um tabu! Pensei estar errado algumas vezes, mas sempre me mantive forte e fiel as minhas metas principalmente após ler, me informar e estudar sobre finanças. Como diz Robert Kyosaki em Pai rico pai pobre: “Os ricos falam sobre dinheiro!”.
Olá Henrique!
Posso dizer que seu depoimento também é sensacional!
Pode acreditar: existem pessoas na faixa dos 40, 50 ou mesmo 60 anos sem a maturidade financeira que você alcançou em sua vida. Meus parabéns pelos fantásticos resultados alcançados sendo ainda uma pessoa tão jovem, na faixa dos seus 20 e poucos anos!
De fato, falar sobre dinheiro é ainda tabu no Brasil.
Prevejo um futuro de ainda mais esplendor para você.
Abç!