Não há nada ruim que não possa piorar.
O Santander divulgou, semana passada, a nova tabela de pontuação para os pagamentos de contas no cartão de crédito, e adivinhem… ela não mudou para melhor. Mudou para pior, óbvio, como tem acontecido com os programas de fidelidade de bancos e empresas aéreas nos últimos tempos, e não seria agora que o Santander seria a exceção em meio à regra de termos cada vez menos benefícios e cada vez mais custos.
As novas regras passam a valer a partir de 15/06/2013, e consistem, basicamente, no aumento de 100% dos custos para aquisição de pontos por meio de pagamento de contas no cartão de crédito. O Santander manteve a tarifa fixa de R$ 16 por conta paga, mas diminuiu pela metade a pontuação até então existente.
Ou seja, um cartão do segmento Platinum, que antes pontuava, nos pagamentos de contas, a mesma quantia que pontuava nas compras – 1,5 ponto por dólar – a partir da segunda quinzena de junho passará a pontuar pela metade, ou seja, apenas 0,75 ponto por dólar. Como se isso não bastasse, acabou a regra da imprescritibilidade de pontos de tais cartões: agora, apenas alguns cartões contam com a vantagem de pontos que não prescrevem. Confiram nessa tabela aqui:
Fonte: novo regulamento do Programa Super Bônus.
Dessa forma, supondo o pagamento de contas no valor máximo permitido, R$ 3 mil, e considerando a cotação do dólar “Santander” a R$ 2,10 (que sempre apresenta um belo de um ágio em relação ao dólar comercial ptax), um bloco de 10 mil pontos, que antes custava em torno de R$ 80 (5 contas de R$ 3 mil cada, totalizando R$ 15 mil em contas), agora passará a custar impressionantes R$ 160 (ou 10 boletos de R$ 3 mil cada, totalizando R$ 30 mil em contas).
R$ 160 por 10 mil pontos? Huummm…esse negócio está saindo até ligeiramente mais caro que o sistema “pro rata” do cartão BB Smiles (o único dos cartões Ourocard que ainda pontua 2 pontos por dólar no pagamento de contas).
Além desse inflacionamento nos custos, temos que lembrar também que tirar uma passagem aérea com milhas apresenta uma série de desvantagens, em relação à compra desse mesmo bilhete com dinheiro: a disponibilidade de assentos é bem mais restrita, as datas para viagens são mais restritas, e você não ganha milhas pelo trecho voado. E tudo isso sem contar com a possibilidade de o trecho pago com dinheiro sair mais barato que o trecho comprado com milhas.
É certo que em determinadas e específicas situações pode continuar valendo a pena utilizar esse sistema de pagamento de contas para geração de milhas, mas a regra geral é: não gaste seu precioso dinheiro à toa. Se tem alguém ganhando dinheiro com todas essas mudanças ocorridas nos últimos tempos, esse alguém não é o consumidor (aquele que compra passivos), mas sim os acionistas dos bancos e dos programas de fidelidade, ou seja, os investidores (aqueles que compram ativos), que adquiriram ações do Itaú, Bradesco, BB, Santander, Multiplus e Smiles, e que cobram continuamente das respectivas empresas meios para reduzir o custo de suas operações. Sorte de quem tem ações desses bancos brasileiros, que apresentam recordes em cima de recordes de lucros bilionários quando vêm a público anunciar seus relatórios trimestrais.
Como eu gosto de dizer (e já parafraseando meu amigo Rodrigo Purisch, do blog Aquela Passagem): milha boa, além de ser aquela gasta o mais rápido possível, é aquela adquirida de graça, sem doação pagamento de juros, tarifas, mensalidades de cestas de serviços, anuidades, impostos e encargos a bancos, governo ou a empresas de milhagem.
Em vez de gastarem horrores com taxas e tarifas bancárias para obter passagens (que sabe-se lá se irão conseguir emitir no futuro), poupem, pratiquem a frugalidade, levem uma vida mais simples, estudem e trabalhem a fim de serem os melhores em suas profissões, e invistam o precioso dinheiro que iria acabar em passivos (como são as milhas aéreas) em coisas que verdadeiramente façam seu dinheiro se multiplicar e produzir frutos (pés de dinheiro) – até chegarem ao ponto, quem sabe, de alcançarem a independência financeira.
Assim, um dia quem sabe, algum de vocês poderá chegar ao patrimônio (de ativos financeiros) conquistado por alguns dos mais admirados blogueiros da comunidade de finanças pessoais, como o Bons Dividendos (e seu patrimônio de R$ 1.396.613,00), e o Heavy Metal (e seu respeitável patrimônio de R$ 2.302.252).
É possível conquistar 1 milhão de reais economizando somente em taxas e tarifas bancárias
De acordo com o educador financeiro Mauro Calil, se você conseguir economizar R$ 300 por mês em juros, tarifas, mensalidades de cestas de serviços, anuidades, impostos e encargos a bancos, governo ou a empresas de milhagem, conseguirá acumular um milhão de reais, após 35 anos de investimentos, com juros líquidos de 1% ao mês em suas aplicações financeiras.
Eu prefiro uma projeção mais conservadora: rentabilidade líquida de 0,7% ao mês com seus investimentos. Dessa forma, se você poupa R$ 700 mensais em taxas e tarifas bancárias, e as aplicar em investimentos financeiros a essa rentabilidade mensal, conseguirá atingir o milhão de reais em 30 anos.
Seja como for, o importante é revisar sua planilha de custos, e ver se de fato vale a pena continuar a pagar contas por meio de cartão de crédito. Como disse a leitora Rosana nos comentários ao último post, menos é mais. 🙂
Obrigado ao leitor Caio pelo envio da notícia!
Quando o Itaú mudou as regras do Pague Contas, eu divulguei aqui que o Santander ia seguir o mesmo caminho. Não deu outra. Fontes internas rsrsrs!
Verdade, Fernando!
As regras cada vez mais piores para os consumidores!
Esqueceu de colocar no cálculo o custo da tarifa de manutenção de conta Santander, no qual estão embutidas as anuidades dos cartões do SANTANDER Platinum. 79 reais/mes no segmento Van Gogh que normalmente fornece os cartões Platinum de 1,5. Então, para um cálculo bem realista, seriam 160,00+79 reais para 10 mil bonus/milhas.
Boa lembrança, Leandro! Dessa forma, os custos sobem para R$ 239 por mês para 10 mil bônus.
Quem fica fazendo a rolagem dos débitos (rebate das dívidas mês a mês) entre os cartões Santander e os do Itaucard (que não pontua mais), acaba arcando com um custo aproximado de R$ 339 para o ganho de 10 mil pontos (considerando os R$ 239 do Santander mais uns R$ 100 a título de encargos e juros pro rata no Itaú para cada rebatida de R$ 12 a 13 mil). Quem faz o ping-pong entre o Santander e o BB Smiles acaba gastando de R$ 400 a R$ 450 a cada bloco de 20 mil pontos (10k pontos no Santander a R$ 239 + 10k pontos no Smiles a valores que variam de R$ 160 a R$ 230). Fora a dor de cabeça de administrar tantas dívidas.
Putz, só aí já dá meio salário mínimo. Acho loucura comprometer mais de 10 a 30% da renda líquida mensal com juros, anuidades, mensalidades, impostos e tarifas de pagamento de contas, apenas para ganhar pontos que sabe-se lá se poderão ser gastos no futuro. Tem muita gente que faz isso, e acaba se esquecendo que sacrifica a própria qualidade de vida com esse negócio. E isso sem contar o estresse na administração de tantas contas, cartões e datas de vencimentos.
Abç!
Bancos, sempre matutando em como nos tirar dinheiro…
Abraço Gui!
Verdade, Jô! Precisamos ficar espertos! Abç!
Agora o santander não quer nem mais receber boletos de outros bancos.
Minha mãe recebe apostendoria lá e sempre levava as contas de todos nós para pagar e depois acertávamos com ela, por questão de segurança, para não sair com dinheiro da agência. Agora não sei como vamos fazer…
Os bancos estão cada vez piores.
Confirmo isso que você disse, Rosana: na última vez que fui na agência, a funcionária disse antes de as portas abrirem que não estavam mais recebendo boletos de outros bancos. Triste isso!
Como eu sempre digo: como é difícil elogiar banco nesse país!
Prezado Guilherme,
A única saída você já pontuou…comprar ações de bancos!
Abc
Exato Joaquim! Ficar do lado de quem está enriquecendo, e se apropriar de parcela dessa verdadeira mina de ouro, seja por meio de polpudos e consistentes dividendos, seja por meio da valorização das ações!
Abç!
Ainda acho que vale a pena continuar pagando as contas neste cartão, pois, mesmo com essa considerável redução dos pontos, ainda são pontos de graça, explico:
Eu pago dois tipos de conta no Santander: as dos convênios (água, luz, telefone), em débito automático, sem pagamento de tarifa e a fatura do meu cartão de crédito do outro banco. Para esta última, eu só faço pagamentos no valor máximo de R$ 3000. Por exemplo, se a fatura desse mês é 4000, pago 3000 no cartão Santander e 1000 da conta corrente mesmo, se for 8000, faço 2 pagamentos de 3000 no cartão Santander e 2000 da conta corrente.
Por que digo que é de graça? Porque quando jogo 3000 reais pro cartão deixo de gastar esse valor que fica na conta corrente e é jogado para uma aplicação no mesmo dia e fica rendendo até o dia do pagamento da fatura do Santander, que no meu caso são 35 dias depois. Mesmo considerando uma aplicação de baixo rendimento, tipo um CDB que rende 0,5% ao mês, em 35 dias dá pra ganhar aprox. R$ 16 sobre 3000, que uso para pagar a tarifa, anulando esta despesa.
Corrijam-me se eu estiver errado.
Quanto a considerar o valor mensal do pacote de serviços nos custos das milhas, acho que o raciocínio está correto, porém, há opçoes para não pagar este valor, como já foi explicado aqui no VR, veja aqui: http://migre.me/ew1ZZ. E a anuidade do cartão também é passível de isenção total.
Tem uma coisa que eu sempre digo: não existe banco bom, existe banco que ESTÁ bom. O Santander já esteve excelente, quando permitia pagar até 10 mil de uma vez só por 15 reais. Agora está piorando gradativamente mas AINDA não está ruim. Ruim mesmo está o Itaú.
Olá Rafael, ótimos comentários.
Os pontos não saem totalmente de graça, uma vez que o rendimento da aplicação financeira – no caso, o CDB – é apenas o rendimento nominal, que não considera a rentabilidade real, descontada a inflação.
Sobre as opções para não pagar a cesta de serviços, de fato existem, e, para aqueles que conseguem essa isenção, é um custo a menos.
Finalmente, muito boa a sua observação: existe banco que está bom. No futuro, não sabemos qual banco vai estar melhor nessa situação de pague contas.
Abç!
Guilherme, realmente, a rentabilidade do exemplo posto pelo Rafael é nominal…
Mas a tarifa do pague contas não seria “nominal” também, na medida em que não é corrigida pela inflação?
Ou seja, falando em números: R$ 3.000,00 geram aproximadamente R$ 16,00 de rendimento nominal, que será exatamente o que custará a tarifa gerada pelo pague contas.
Não seria por aí?
Alexandre, tem razão, não tinha pensado sobre esse ângulo da não correção do valor da tarifa à inflação.
Agora, devemos ficar atentos ao fato de que essa tarifa, até meados do ano passado, era de R$ 15. Ou seja, houve um aumento de aproximadamente 6,5% no valor da tarifa.
Abç!
Mesmo com essas alterações que o Santander promoverá a partir do dia 15 de junho, não podemos nos esquecer de que há o cartão na modalidade Free, que é isento de anuidades e taxas, inclusive para o sistema de pague contas. Não há cobrança de juros também, o que para mim significa um alívio, em meio a tantos cartões que andam cortando essas vantagens.
Bem lembrado, Priscilla!
A propósito.
Uso o cartão Dufry Platinum, sem manter conta no banco, e a anuidade pago integralmente com os pontos ganhos no pague conta.
Assim, as milhas que eu efetivamente ganho tendem ao custo zero, pois uso a mesma tática do Rafael. Aplico os múltiplos de R$ 3.000,00 pelos 35 dias aproximadamente.
Alexandre, é uma boa tática. O importante nessa estratégia é reduzir ao máximo os custos, sejam eles provenientes das anuidades, sejam eles provenientes da mensalidade do pacote de serviços.
É MUITA sacanagem…
O engraçado é que esse pdf não está disponível diretamente no site: http://www.santander.com.br/portal/wps/script/templates/GCMRequest.do?page=5738&entryID=6556 se vc for no final da página, ainda leva pras regras antigas. A mesma coisa ocorre no site https://www.loyaltygateway.com/superbonus/, indo no link “saiba mais” ainda está com as regras antigas.
Adeus pague contas… agora o que resta é usar o Amex Platinum, que está com 2.2 por USD, mas sem pagar a fatura do Amex no cartão Santander.
Realmente, eles não atualizaram a informação em todos as páginas oficiais. Lamentável…
E sobre o Amex TPC, sem dúvida é um ótimo cartão para acúmulo de pontos!
Olá Guilherme, tá um pouco dificil pagar as contas no Banco IBI, acho que o gerente ou dono da agência aqui em Manaus, deve ter percebido que eu tava pagando as contas com cartão de débito, e deu ordem para não receberem as contas. Mas eu já denunciei no Bacen, agora aguardar.
Então, pedi o cartão de crédito Santander Free, que pode pagar contas e SEM pagar nenhuma taxa. Inclusive a conta é a combinada, não havendo cobrança de tarifa da conta corrente.
Acho que é mais negócio ganhar milhas e SEM gastar por isso, então o Free é o único cartão em que não há cobrança de tarifa para pague-contas.
Abraços.
Oi Gouvea, tem que denunciar mesmo. Não vejo motivos para a negativa do serviço.
Eu fui numa loja da C&A tentar pagar uma conta com cartão de débito, e a funcionária disse que, além de o limite máximo da conta ser de R$ 500, que eu tinha que ter o cartão de crédito da loja para efetuar o pagamento, mesmo eu querendo pagar com um cartão de débito do BB…
Nesse cenário, a opção mais viável é realmente o Santander Free.
Ademais, outra opção para pagar contas a custo zero é incluir as contas de consumo em débito automático nos cartões Santander.
Abç!
Olá Guilherme, a reclamação ao Bacen funcionou, ontem me ligaram do Ibi em São Paulo para saber o que tinha ocorrido na agência aqui em Manaus, ai expliquei a situação que estavam recusando o pagamento de contas com cartão de débito, aí falei que iria até o final dessa semana para tentar novamente pagar as contas, ai o atendente falou que caso ocorra nova recusa para eu entrar em contato novamente, mas acho que agora vão receber as contas, o atendente falou que entraram em contato com o gerente da agência daqui.
Acho que essa jogada é boa: pagar as contas no cartão de crédito Santander Free e pagar a fatura do Free no Ibi com o cartão de débito do BB hehe.
Abraço.
Olá Gouvea!
Que maravilha que funcionou essa tática! Nada como um órgão fiscalizador para pôr ordem na casa….hehehe
E sua estratégia para turbinar as milhas também é muito boa, pois você não paga tarifas pelo uso da duplinha Free + BB débito. 😀
Abç!
Olha aí, Guilherme. Mais uma notícia para diminuir ainda mais a atratividade do pagamento de contas pelo cartão de crédito do Santander.
Fiquei sabendo da notícia pelo encarte que vem junto com a fatura do cartão. Quando fui pesquisar na Net, achei o link acima que confirma a cobrança.
Tá cada vez pior.
[]s
Henrique
Obrigado pelo aviso, Henrique!
A inclusão da cobrança do IOF veio para ser o “golpe de misericórdia” no serviço, tornando-o extremamente inviável para o acúmulo de milhas, haja vista que os custos passarão a ser exorbitantes – algo em torno de 300 reais por cada bloco de 10 mil milhas.
Abç!
Caros reclamantes instrutores.
Foi de grande valia as informações aqui coladas, percebi a minha ignorância qtô ao assunto.
Grata
lia amaral