Exemplo 1: Recentemente, fui até à farmácia a fim de comprar um medicamento para um problema de garganta que estava me incomodando. Devidamente munido da receita médica contendo o nome do medicamento e seu princípio ativo, me dirigi ao balcão e solicitei o produto. A vendedora nem sequer se deu ao trabalho de pesquisar no sistema de estoque se havia o produto em questão. Simplesmente olhou a receita e disse, de pronto, que não havia o medicamento na farmácia. Caramba, mas custava ter pelo menos se esforçado em pesquisar no computador, ou pelo menos conversar com outro funcionário, se havia o produto em estoque, ou numa filial da mesma rede em outro endereço?
Créditos da imagem: Free Digital Photos
Tá, como eu não estava com paciência para ficar discutindo com a vendedora acerca de sua péssima má-vontade em atender ao cliente, e como eu estava precisando desse medicamento, me dirigi até outra farmácia, de outra rede, em busca do tal xarope. O vendedor olhou a receita, fez a consulta nas prateleiras, fez a consulta no computador, conversou com outro farmacologista, e finalmente me disse que não havia o medicamento na farmácia, mas que havia outro com o mesmo princípio ativo. Quanta diferença de tratamento!
Exemplo 2: em outra situação, recebi dias atrás, no extrato de meu cartão de crédito, o lançamento da primeira parcela da anuidade do cartão de crédito, cujo valor total beirava os R$ 400 (!!!). Como já relatei antes, eu abomino pagar qualquer tarifa de anuidade, ainda mais com o mercado oferecendo tantos cartões a custo zero a quem faz bom uso dos plásticos, conforme, aliás, os leitores estão debatendo nesse post campeão de comentários.
Pois bem. Pela leitura dos comentários de outros leitores, aqui mesmo no blog, eu já sabia de antemão que a negociação da anuidade desse cartão, estabelecido em parceria com o programa de milhagem de uma certa companhia aérea, seria algo deveras penoso. Dito e feito. Ao ligar no 0800 para tentar negociar a anuidade, a atendente foi bem ríspida: “o valor da anuidade é i-ne-go-ci-á-vel“, com essa última palavra sendo pronunciada em tom praticamente monossilábico, como se o cliente não tivesse a capacidade de entender o que estava sendo falado ao telefone. Tentei de todas as maneiras salvar a manutenção do cartão, por meio de todas aquelas táticas descritas antes, mas não funcionou. Impressionante a falta de flexibilidade de algumas administradoras de cartão para negociar a anuidade, como se o cartão de crédito deles fosse o melhor dos melhores. O pior foi ter que ouvir a grosseria da atendente no telefone, como se toda negociação de anuidade fosse uma guerra, onde você tem que ir armado até os dentes para enfrentá-la.
Bom, o resultado, como não poderia deixar de ser, foi a perda de receitas por parte da referida administradora do cartão. Outro dia, já sem estresse, tive a sorte de conversar com um profissional mais sereno, e cancelei de modo bastante fácil e rápido o referido cartão.
O que esses exemplos têm em comum e demonstram? Que, na vida social, você estará sempre lidando com seres humanos, e seres humanos, como está escrito no título desse artigo, são seres imperfeitos. Não deixe que a imperfeição deles estrague a perfeição do dia que você deseja levar.
E isso tem muito a ver com o princípio 90/10, descrito por Stephen Covey, no livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”. Fernando Oliveira, em ótimo artigo dedicado a esse princípio, nos dá a definição de tal princípio:
“O que significa isso? Ele afirma que os 10% da vida estão relacionados com o que se passa com você, os outros 90% da vida estão relacionados com a forma como você reage ao que te acontece. Não podemos evitar que o carro quebre, que o avião atrase, que o semáforo fique vermelho, mas você é quem determinará os outros 90%. Como? Com a sua reação!”
Voltando aos exemplos acima, eu poderia ter ficado enfurecido com a vendedora da primeira farmácia, e, emocionalmente estressado por uma briga “daquelas”, nem ter me dado ao luxo de procurar outra farmácia. E, no caso da anuidade do cartão, eu poderia ter prolongado ainda mais a discussão, e, vencido pela discussão, aceitado passivamente a cobrança de uma tarifa que não tinha qualquer justificativa ou razão de ser.
Nas nossas relações sociais, é muito importante ter o controle de nossas reações, o que quase sempre acaba significando o controle de nossas próprias emoções, e não deixar que as emoções fiquem nos controlando.
Assim, sempre que um comportamento de alguém não corresponda às suas legítimas expectativas, “dê um desconto”. Lembre-se sempre de que você está lidando com seres humanos, que, por definição, são seres imperfeitos, ou seja, pessoas que também falham.
Não deixe que comportamentos ruins de outras pessoas deixem resíduos emocionais negativos em sua mente e em seu coração, pois esses mesmos resíduos emocionais negativos podem se alojar em sua psique, e servir como verdadeiras “faíscas” para comportamentos com alta carga de negatividade e potencial destrutivo de sua parte. “Bola pra frente”. Não dê às atitudes equivocadas de outros uma dimensão maior do que realmente têm. Assuma o controle de suas reações, e procure ter uma nova maneira de agir e ver o mundo quando alguma coisa lhe acontece.
Na verdade, é inerente à nossa própria natureza esperar que os outros ajam conforme nossas expectativas. Que o avião não atrase. Que as pessoas ajam de modo civilizado no trânsito. Que o seu chefe compreenda seu esforço no trabalho. Que o seu cliente aceite a negociação nos termos em que foi proposto por você. Mas nem sempre é assim. A vida é cheia de situações imperfeitas, de fatos inesperados, de atos e comportamentos que contrariam nossos desejos. Cabe a nós agir de forma apropriada e consciente, e não simplesmente reagir de forma inábil e emocionalmente destrutiva.
Se você parar a fim de refletir um pouco, perceberá que tais situações funcionam como uma espécie de teste, para construir, moldar e solidificar seu caráter e suas virtudes. Pois é das dificuldades e problemas que emergem os valores a que tanto aspiramos: perseverança, paciência, controle emocional etc. Por isso, não inflame uma discussão em voz alta com gritos em um tom de voz mais alto ainda. Dê um tempo. Afaste-se. Reflita. Pare e pense: eles não são seres divinos. São apenas seres humanos, e, como qualquer ser humano, seres imperfeitos. Dê um desconto. Eles não sabem direito o que estão fazendo.
Ora, se até eles não sabem direito o que fazem, para quê ficar ocupando o tempo de sua mente com coisas tão insignificantes? Você tem outras tarefas muito mais importantes para lidar. Você tem prioridades. Reagir de modo impulsivo não vai melhorar em nada a situação. Sua atenção merece ser ocupada com coisas de real valor, que adicionem qualidade ao seu dia, e não que tragam prejuízo a esse mesmo dia, diminuindo sua qualidade. Pense nesse artigo quando estiver lidando com algum ser imperfeito que fez algo, na sua visão, imperfeito, e boa semana! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente, Guilherme !
Estás afinado !
Mais um belo texto, a todo momento passamos por situaçoes que para muitos é estressante, se perdemos a paciencia a toda hora só vamos conseguir acabar com a nossa saude.
Infelizmente esta faltando proatividade para esses “profissionais”, serao em muitos casos eternos balconistas e atendentes de telemarketing.
Ontem por coincidencia li um texto relacionado as nossas reaçoes no dia a dia, vale a pena dar uma lida:
http://papodehomem.com.br/essa-vontade-incontrolavel-de-reclamar/
Bjs
Belo post!! Basicamente é assim: Sofrer é uma escolha. Ao invés de sofrer, voce pode aceitar que é assim ou partir para mudar. Se pensar bem, são as únicas opções que existem. Sofrer ou reclamar são ilusões criadas por nós que só vão piorar a situação!!!
Olá, gostaria de comentar que acompanho sempre seu blog e de divulgar o meu recém criado:
http://senhorendafixa.blogspot.com/
Adicionei o seu link na minha lista também.
Aguardo sua visita, valeu!
Guilherme, muito bom texto! Mais uma vez parabéns!
Guilherme,
Quem sempre faz a diferença é o ser humano.
Sempre compro remédios em determinada rede presente em minha cidade, o preço não é o mais em conta, mas o atendimento é diferenciado. Se você chega à farmácia e eles estão com falta do produto solicitam de outra unidade e entregam em sua casa. Atendentes bem treinados que sabem o que falam e estão sempre preocupados em resolver o problema do cliente.
Como vc bem elucidou no post: não controlamos os problemas, mas nossas ações em relação a eles sim. Minhas ações são sempre de evitar lugares onde o atendimento é ruim/fraco. Sou mal atendido apenas uma vez, controlo os nervos para não me aborrecer e não volto mais no mesmo lugar, procuro o concorrente.
Abraço meu amigo.
Engraçado, hoje aconteceu a mesma coisa comigo e foi em uma grande rede farmacêutica.
Cheguei com uma receita médica para comprar um imobilizador de tornozelo e a funcionária acabou me passando um produto errado e de péssima qualidade. Provavelmente porque devem ganhar comissões sobre vendas e não tinham o produto exatamente como deveria ser. Só fui perceber isso quando fui testar o produto em casa. Então voltei na mesma farmácia, falei com o gerente e solicitei o meu dinheiro de volta. Fui bem paciente e fizeram o extorno rapidinho. Pior é que depois fui numa loja especializada com a receita e comprei o produto correto, de qualidade significativamente superior e por incrível que pareça bem mais barato.
Vivendo e aprendendo rsrs
Abcs, boa semana!
Excelente artigo!
Penso assim também. Infelizmente existem muitas pessoas ríspidas. Temos que ter paciência e não remoer na nossa consciência essas atitudes.
Gostei muito da cnclusão de sua postagem 🙂
Abraços
Excelente post!!
A cada dia mais fã deste blog!
Excelente post Guilherme. É bom um momento para refletirmos também como andam as nossas atitudes. Sejam elas no trabalho, como os amigos ou com nossa família.
Como você mesmo elucida no título de seu post “Seres humanos,são seres imperfeitos”. O que precisamos fazer é buscar dia-a-dia a excelência.
Um grande abraço.
Excelente post. Por acaso era exatamente o que eu estava precisando ler hoje devido a uns fatos que ocorreram… Muito obrigado.
Pois é, passei por fato semelhante com relação ao cartão de crédito. Queriam me cobrar 118 reais pela anuidade, sendo que nem tem esses programas de milhagem tão eficientes assim – o programa é o de pontos, que já eram pagos a parte.
A mulher também foi bem grossa. Mas acho que isso é mais da política burra do banco. Eu sou funcionário público, recebo pelo mesmo banco que emitiu meu cartão de crédito. Sou comedido nas despesas, nunca atrasei (até coloquei em débito automático), ou seja, meu risco é e sempre foi ZERO de inadimplencia.
Mesmo assim, não me ofereceram nada, após 24 meses pagando corretamente minhas obrigações. Cancelei e pronto, só isso.
Tô sem cartão de crédito, o que tá sendo um porre, para planejar minhas férias, p. ex. Mas não sou trouxa de pagar quase 120 reais por ano para um serviço desses.
Abraços
Eu estava precisando disso! Muito importante.
Excelente artigo sr. Guilherme. Parabéns!
Trabalho em Call Center ainda mais no setor de cobrança e sempre precisamos ter paciência com clientes, perseverança. Mas existe clientes que não compreende que está lidando com pessoas, o problema agrava ainda mais na resolução do problema.
Temos que ter consciência na hora de negociar, conversar, comunicar com pessoas, pois depende de nós para uma boa conquista.
A sorte de meus clientes, é que tenho uma paciência infinita, pois já trabalhei como professor de informática para pessoas de idade, e claro, sou um bom profissional, trabalho corretamente para ser reconhecido, tanto que é que passei para o cargo de Monitor de Qualidade.
Oi Guilherme!
Sabe, cada dia mais eu percebo que independente do trabalho que vc faz, do mais simples ao mais complexo, o mais difícil vai ser SEMPRE o relacionamento com os outros.
Seu texto me lembrou uma situação que passei um tempo atrás com um ex chefe…ele era muito bom tecnicamente mas não defendia a área, não fazia nada que precisasse criar uma relação de confronto com outra pessoa. E eu, ficava irada com a situação. Um dia falando isso com minha terapeuta, ela me disse: leia o hábito 5 do livro do Stephen Covey, que até vc mencionou no post.
Hábito 5: Compreenda para ser compreendido.
Depois disso, parei para analisar a situação desse ex chefe, com 25 anos de casa, com família para sustentar, tudo que ele queria é segurar o dele ali e chegar na aposentadoria. Bater de frente com outros diretores não ia colaborar em nada com suas prioridades.
Mesmo ainda não concordando com as reações dele, deixei de me irritar, por eu entendia por que ele fazia isso e não criava mais expectativas de vir algo diferente.
Sempre mudar como a gente vê as coisas e lidamos com elas, vai ser mais fácil e eficaz do que ficar esperando a mudança no outro.
Parabéns pelo excelente texto!
Condordo com o pessoal que aqui comenta que é um belíssimo post,especialmente porque às vezes independência financeira (ou riqueza), podem depender de trato pessoal e não só de tabelas e cálculos elaborados.
Mas não sei se concordo totalmente com tirar o time de campo em um conflito. Realmente, explodir de raiva não ajuda em absolutamente nada nunca. E balcão de farmácia ou teleatendimento são lugares péssimos para tentar mudar o mundo. Mas também temos direitos como cidadãos e como consumidores. Eu não consigo acreditar em grosserias e baixarias. Mas em geral eu dou bastante trabalho para quem não me respeita, seja como cliente, seja como pessoa.
E o que seria do mundo se nós não batalhássemos também pela cidadania?
Pois bem, meu nobre amigo Guilherme.
Bem massa a maneira como você escreveu o texto. De uma forma descontraída e capaz de mostrar seu ponto de vista, como sempre, de um tema que não é muito a “cara” do blog Valores Reais (conheci o site quando buscava informações sobre investimentos). Porém, que chama muito atenção de todo ser humano.
Também tenho que lhe parabenizar pelo seu ótimo senso emocional. Sublinho a seguinte frase, quando você disse: “Não deixe que comportamentos ruins de outras pessoas deixem resíduos emocionais negativos em sua mente e em seu coração”.
Um dia, estava dirigindo e percebi que algo havia errado com o veículo. Então cheguei na próxima oficina e fiz algumas perguntas ao mecânico responsável. O rapaz simplesmente me ignorou (talvez, por eu não ser cliente).
Ao invés de eu chamar o gerente da loja, resolvi ir embora.
Assim que sai da oficina recebi uma crítica: “-pô Everton, você não fez nada”.
Então, respondi: “Deixa disso, tenho muito o que fazer e o rapaz não mereci minha atenção”.
Continuamos a procurar outra solução. Pois tenho certeza se tivesse reclamado, teria perdido tempo e aumentado o meu desgosto.
Abração!
@everton_ric
Obrigado a todos pelos comentários, que enriqueceram os debates!!!
Felipe, você acertou na mosca: nessa semana estaremos publicando um texto sobre a necessidade de reclamar nossos direitos como consumidores, mas também de elogiar quando um serviço é bem prestado. Foi escrito por um de nossos leitores!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
A vida é o que decidimos ser. Se você escolher se estressar com os acontecimentos do dia a dia, vai estar atraindo o que para sua vida? Felicidade é que não vai ser..
Muito obrigado por compartilhar seu artigo com a comunidade, bem interessante esse texto. Valeu
Obrigado!