E não só do Tesouro Direto. O objetivo seria tirá-las de todo o mercado, inclusive para investidores institucionais. Segue notícia do Estadão, cujo link foi enviado pelo atento leitor Ricardo:
“Ideia é dar “passo definitivo” na redução dos juros, trocando papéis corrigidos pela Selic
Depois da decisão do Banco Central de começar a reduzir de forma agressiva a taxa de juros, a pressão se volta agora para o Tesouro Nacional. A orientação da equipe econômica é acelerar o processo de redução do volume de títulos da dívida pública interna atrelados à taxa básica de juros, a Selic.
A avaliação é de que o momento de dar um “passo definitivo” nessa direção chegou agora com o início do processo de flexibilização monetária. O governo está disposto a pagar um custo maior para trocar os papéis com correção vinculada à Selic, as LFTs, por títulos prefixados e atrelados à inflação. Como esses papéis têm maior risco, os investidores cobram um prêmio para comprá-los. Já o papel atrelado à Selic é considerado um ativo financeiro livre de risco.
Com a decisão de reduzir mais rapidamente as ofertas de LFTs, o Tesouro terá de pagar um prêmio ainda maior para fazer a troca. O entendimento do comando do Ministério da Fazenda é de que bancar esse custo fiscal para acelerar a troca agora vai valer à pena para melhorar o perfil da dívida e por fim à chamada “cultura do CDI” no mercado financeiro nacional. Essa cultura faz com a taxa Selic seja a principal referência para outros ativos negociados.
Segundo uma fonte da Fazenda, o governo sabe que terá resistências para tocar essa estratégia, mas está disposto a “comprar mais essa briga com o mercado” e enfrentar o problema de forma mais agressiva, como fez no passado quando reduziu o volume de títulos atrelados a taxa de câmbio.
Para a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o fim das LFTs vai dar mais potência à política monetária do BC, tornando mais eficiente o combate à inflação. Uma das alternativas em estudo para acelerar a desindexação é utilizar a chamada “Libor brasileira”, o índice recentemente criado pela BM&FBovespa, em substituição à Selic como indexador da parcela pós-fixada da dívida.
Estratégia. O Tesouro vem reduzindo nos últimos anos a participação de papéis corrigidos pela taxa Selic no total da dívida interna. Ao longo deste ano, já vendeu cerca de 18% a menos de LFT em relação ao mesmo período do ano passado. A participação desses papéis no total da dívida interna é hoje de 32,26%, mas no passado já chegou a mais de 60%. Até o final do governo Dilma, vencem 80% desses papéis. Esse volume de vencimentos elevados tem sido considerado uma “janela de oportunidade” para reduzir a participação desses papéis no estoque da dívida.
O movimento de queda tem sido feito de forma gradual, com balanceamento de riscos e custo. No primeiro mandato do governo Lula, a Fazenda chegou a divulgar como meta a tarefa de zerar as LFTs do cardápio de títulos do Tesouro.
Um dos entraves para essa estratégia é o volume elevado de operações compromissadas feitas no mercado aberto justamente com remuneração vinculada à taxa Selic. Essas operações, que calibram o volume de dinheiro (liquidez) do mercado, aumentaram com as compras de dólares feitas pelo BC e com os empréstimos do Tesouro ao BNDES. É que boa parte dos títulos da dívida interna que o Tesouro utilizou para emprestar ao banco estatal de fomento era de curto prazo e já venceu, aumentando a liquidez do mercado. Esse dinheiro teve que ser retirado de circulação pelo BC, por meio das chamadas operações compromissadas”.
Bom, se na primeira semana de agosto tivemos o assunto Bolsa monopolizando as atenções, nos últimos dias o assunto “quente” foi a renda fixa, especificamente a desconcertante decisão do BC de reduzir a taxa básica em 0,5 p.p., dos 12,5% para 12% a.a., que impactou diretamente os investimentos em renda fixa, sendo isso objeto de chamada de capa da edição dessa sexta-feira do jornal Valor, conforme link enviado pelo leitor Flávio.
No artigo O novo perfil da renda fixa brasileira nessa crise de 2011, dissemos:
“Esse ano está tudo invertido: o que se vê é um cenário macroeconômico em que as apostas são todas no sentido de redução das taxas de juros futuras. O que isso significa? Que o mercado está acreditando que a crise contaminará a economia brasileira, freando esse absurdo que tem sido a concessão de crédito fácil e consumismo sem limites. Consumo menor > Demanda menor > Inflação menor > Juros menores.
Como disse o Flávio, quem está posicionado em renda fixa foi beneficiado. Se você tem renda fixa prefixada em sua carteira, é bastante provável que sua carteira de investimentos dessa modalidade já tenha um ganho, nesse mês que nem chegou à metade, de mais de 0,55% brutos (já descontada a taxa de administração, mas não descontados os impostos e a inflação), e a tendência é que feche o mês acima de 1% brutos, emparelhada com a SELIC média do mês.
O mercado não aposta mais num novo aumento da SELIC até o final do ano, mas ainda se acredita que a economia aquecida retarde ainda um pouco um corte na taxa básica de juros, fato que só deve ocorrer, segundo matéria publicada no jornal Valor sexta-feira da semana passada, somente no segundo semestre do ano que vem” (destaquei, pois os analistas de mercado erraram feio em suas previsões).
Está tudo realmente invertido. Não bastassem as taxas futuras terem caído, o próprio BC resolveu, num movimento abrupto, reduzir as taxas presentes. O mercado está embrulhado. Invisto no Tesouro Direto desde 2006, mas nunca vi uma volatilidade tão forte nos preços e nas taxas quanto nessas últimas semanas (ou melhor, talvez só tenha visto tamanha volatilidade lá na crise de 2008). Dá só uma olhada na tabela de rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto:
Quem estabelece uma alocação de ativos razoavelmente diversificada, com um cardápio de renda fixa contemplando títulos pré e pós-fixados, teve um mês de agosto mais tranquilo do que quem estava posicionado totalmente (ou muito concentrado) em Bolsa de Valores. É particularmente notável o desempenho dos títulos indexados ao IPCA, não só no mês de agosto, mas também – alias, principalmente – nos últimos 12 meses.
A pergunta que eu não sei responder é: com a extinção das LFTs, como é que ficam os investimentos atrelados ao CDI, como CDBs pós-fixados (ao DI, claro), LCIs e CRIs!? E outra, que deve estar atormentando os investidores em Tesouro Direto: vale a pena comprar agora NTN-Bs? Passo a palavra aos nossos especialistas em renda fixa e macroeconomia: Henrique Carvalho, Flávio, Finanças Inteligentes, Doutor Money…. nos dêem uma luz, please! 😀
Uma coisa é certa: não comprem NTN-Bs querendo que esses títulos continuem tendo retornos espetaculares no futuro, pois, conforme já afirmamos em outra ocasião, Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Eu considero interessante ter uma parcela de recursos de uma carteira de investimentos em títulos pós-fixados atrelados à inflação, pois isso permite melhorar o controle de risco da carteira (pois, em regra, quanto mais ativos uma carteira tiver, mais diluído estará o risco total da carteira), como também garante, obviamente, uma efetiva proteção de parcela do patrimônio contra a inflação oficial (uma vez que esse é um ativo que tem como peculiaridade justamente apresentar uma correlação positiva com índices de preços). Agora, o percentual de NTN-Bs dentro da carteira depende de uma série de variáveis, como objetivos do investidor, horizonte de investimento etc.
A verdade é que o mercado de renda fixa brasileiro está meio confuso, e eu reconheço que preciso estudar mais essa matéria. Graças a Deus temos a caixa de comentários onde os leitores mais experientes e com mais domínio no assunto poderão nos ajudar a entender melhor esse fenômeno. 🙂
Agradeço ao leitor Ricardo pelo envio do link!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
A tendencia é materializar o sonho do nosso ministro: a selic deixar de ser referencia para débito (renda fixa), passando a existir apenas o yield “puro” e o yield+inflacao.
O investidor comum vai passar a conviver com a volatilidade, passando a ser mais comum meses negativos nos velhos fundos de renda fixa, salvo fundos DI de curto prazo. Muita gente vai fugir dos titulos longos, e muita gente vai comprar titulos longos e se queimar feio com a volatilidade.
A ideia do governo é aproveitar a crise para derrubar a SELIC; desindexar os contratos atrelados a SELIC e substituir a SELIC pela LIBOR brasileira; mudando o perfil da renda fixa para pre-fixado ao inves de pos-fixado; se tudo correr como planejado e a inflação permitir a renda fixa vai perder uma boa parte da atratividade daqui a algum tempo. Como o VR comentou deve haver muita volatilidade nos titulos longos. No longo prazo isto deve beneficiar bem a bolsa e os fundos imobiliários. Vai acabar a mamata dos juros altos.
Abs
Prezados,
Antes de mais nada, é uma satisfação postar neste fórum, sem dúvida um dos mais interessantes de finanças do Brasil.
Gostaria de comentar que a redução da taxa de juros é uma meta crucial da presidenta Dilma. Sou servidor do Ministério do Planejamento em Brasília e vejo o governo preparando uma forte estratégia para uma queda drástica, sustentável, dos juros. Exatamente na linha do que o IF falou, e mais: alteração da remuneração da poupança (que hoje é um piso para os juros), desindexação geral da economia (como os contratos de energia elétrica, por exemplo) etc.
Aliás, a presidenta Dilma quer ser reconhecida como quem terminou seu mandato com taxa de juros (nomimal) de 1 dígito. E, quando algo vira prioridade para um presidente, a chance de acontecer fica muito grande.
Bem, como isso afeta nossos investimentos? Eu pessoalmente estou com a seguinte visão:
– não vejo como interessantes quaisquer investimentos atrelados à Selic, que deve cair bastante até 2014 (ano da eleição)
– apesar de as taxas das NTN-Bs Principal e das LTNs já terem caído bastante, elas devem cair mais ainda, acompanhando a Selic
– as taxas que hoje nos parecem “mais ou menos” parecerão maravilhosas daqui a 3 anos, quando talvez vejamos NTN-Bs a 3%+IPCA e LTNs a 8% ou 9%
Nesse cenário, vejo uma oportunidade de ganho com esta possível redução de juros, aplicando nas NTN-Bs de mais longo prazo e vendendo-as por volta de 2014/2015. Em especial, me parece atrativa a NTN-B Principal 2035. Projeto o seguinte comportamento para ela nos cenários de:
* Queda dos juros: ela valorizará bastante, pois o efeito do tempo faz com que este papel responda fortemente às variações na taxa de juros.
* Manutenção/aumento dos juros: se houver isso, quase que certamente é para controlar a inflação. E, se a inflação for alta, o título ficará protegido pois é corrigido pelo IPCA. Logo, não haverá perda (aliás, haverá o ganho da taxa contratada). No pior dos casos (que está longe de ser ruim) se espera mais um pouco ou se leva o título até o vencimento.
Abs!
Servidor Investidor
Eu sou suspeito pra falar de renda fixa pois estava (e ainda estou) quase 90% alocado em taxa de juros e vou ter que fazer realocação. Nos pré-fixados eu não vou mexer pois tenho taxa boa, nos pós-fixados vou realocar a parte que irei pagar apenas 15% a 17,5% de IR. Eu sou bem agressivo em alocação, gosto de entrar forte no que acho ser um bom investimento e diversificar pouco, mas agora complicou rs. Porque? A saída seria apostar mais pesado na renda variável, mas com este cenário macroeconômico ruim no exterior não me sentiria a vontade com uma exposição alta em ações.
Então o jeito será estudar mais os fundos imobiliários para realocar parte da renda fixa em FIIs, mas desde que sejam de bons empreendimentos e baratos (conhecem algum? rs), caso contrário não tem negócio. Como a minha carteira de LP na bolsa é nova, deverei ir aumentando as posições gradativamente se a bolsa continuar caindo. Devo aumentar exposição no que giro em trade também e o resto é manter a disciplina e ir acompanhando com calma os rumos de nossa economia, pois o mercado de juros futuros está muito volátil, qualquer sinal de inflação fechando fora do teto da meta em 6,5% este ano as taxas poderão disparar denovo (acompanhando o humor do mercado que é bem exagerado no curto prazo), e aí será o momento de pegar uns pré-fixados.
Abcs, bons investimentos
Guilherme, também é uma grande satisfação participar deste fórum. Mais um post oportuno sobre o momento atual da renda fixa no Brasil e no Mundo que poucos, como você, podem escrever e nos trazer de forma brilhante.
Gostaria de colocar alguns pontos que podem esclarecer a minha avaliação sobre o tema:
– Desde 1994 com a criação do Plano Real e adoção do sistema de metas de inflação em 1999, bem como o câmbio flutuante e o cumprimento das metas fiscais, temos uma tendência de queda das taxas de juros nominais e reais no Brasil, refletindo uma maior confiança da nossa Economia em termos qualitativos e relativos. Relativos, porque, parece que algumas economias desenvolvidas descuidaram da parte fiscal o que é o motivo de toda essa turbulência externa.
– Excluindo este movimento de queda acentuada das taxas de juros, já tivemos três movimentos parecidos que não se concretizaram: 2006, 2007 e 2009. Ou seja, as taxas futuras caíram e parecia que iríamos chegar em um patamar rápido de convergência à taxas de juros internacionais, contudo, não tivemos condições de reduzir por vários motivos como falta de capacidade produtiva que acabou gerando inflação.
Como bem disse, o Servidor Investidor, temos uma enorme agenda de tarefas a serem cumpridas para viabilizar a queda das taxas de juros, uma delas é a acabar com a nossa cultura de indexação da taxa de curtíssimo prazo como: CDI e TMS. Bilhões são rolados em operações de 1 dia, com o BACEN, com rendimento da taxa Selic o que trás para o investidor os três quesitos que todo investimento pode ter: rentabilidade, liquidez e segurança (não tem volatilidade e risco soberano).
O índice que mede a performance dos títulos prefixados (IRF-M) retornou desde 01/12/2000, a incrível rentabilidade de 426,27%, enquanto que o CDI retornou 352,30%, ou seja, o que comprova o que estou dizendo. A bolsa não bateu nem o CDI. Contudo, a volatilidade foi muito intensa, que talvez ninguém tenha ficado todo este tempo nos títulos prefixados. A montanha russa que já teve muitos loopings, em 2002, 2006 e 2008, cada vez tem menos e está ficando mais suave.
Sobre o momento atual, acredito que as taxas caíram por dois fatores:
– O Governo quer aproveitar a crise para baixar o custo de oportunidade mas terá que cumprir a agenda, ou seja, mexer na poupança, desindexar a economia entre outras coisas; e
– As taxas de juros internacionais estão em um patamar mais baixo da história: título dos EUA e da Alemanha de 10 anos abaixo de 2,00%.
Sem mais delongas, vou dar a minha opinião:
As taxas de juros vão continuar caindo, contudo a velocidade da queda atual me preocupa.
Para quem aplicou na renda fixa de longo prazo com objetivo de curto prazo e ganhou uma rentabilidade como a publicada no post em apenas um mês, considero que o momento é interessante para uma realização parcial ou total.
Entretanto, para os investidores de longo prazo que estão aplicando com horizonte de mais de três anos, a tendência de queda da taxa continua.
Sabe quanto o nosso título público externo com rendimento em real remunera para o investidor estrangeiro? Resposta: 8,90%aa prefixado com vencimento em 2024. É para lá que vamos…
Há exatamente 1 ano, eu achava que uma taxa de juros a 8,90% seria um destino ousado para o Brasil. Estava enganado…
Interessante mesmo, Flávio! Eu também achava….
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
O que acontece quando uma pessoa endividada diz que vai pagar menos juros pelos seus empréstimos? Menos financeiras ficam dispostas a emprestar para ele, é a regra.
Vocês sabem que vender títulos é a forma de o estado se endividar, certo? Se os juros caem e o apetite por títulos arrefece, os investidores passam a resgatar e o estado passa por um processo de desalavancagem, ou seja, deixa de se endividar e começa a amortizar a dívida.
Mas como o nosso estado é inerentemente perdulário, e seus gastos tendem ao infinito, alguém imagina que é crível essa proposta de reduzir a dívida? De onde viria o dinheiro para pagar? Ou de mais tributação, ou da impressão de dinheiro ou do corte de gastos.
Tributo é o que todo mundo reclama, mas adora quando sai do bolso do outro. Imprimir dinheiro gera inflação. Diminuir gastos? Isso não existe.
Se a taxa de juros vai cair de forma sustentável? Não mesmo.
É mais fácil o Governo dela ser lembrado pelos altos índices de corrupção e violência. Abraços!
PS – Qual a meta de inflação desse Governo?! Sim porque precisamos trabalhar com dados concretos, não com “suposições”, tendo em vista que com a redução da Selic atingir a meta só em 2013 e olhe lá pelo visto. É muito fácil falar que vamos ter taxas de juros reais bem baixas, sem atacar os verdadeiros problemas. Cade as reformas estruturais? Necessárias para o nosso crescimento e desenvolvimento sustentável. Abraços.
Gostei muito do artigo e dos comentários, sempre aprendo muito aqui! Meu gosto por LFT’s diminuíram após a leitura, vou estudar novamente as possibilidades do momento. Particularmente não me sinto confortável comprando títulos pré-fixados mas seguindo o raciocínio do texto, é uma boa alternativa.
Sua dúvida é minha também: e como ficam os cdb’s pós-fixados? Quando isso tudo tiver regras definidas, sugiro que faça um artigo sobre esse assunto pois acredito que seja de grande interesse para muitas pessoas.
Abraços e sucesso!!!
Rosana, acredito que, até que todas as LFTs sejam extintas, não haja muito problemas com as taxas interbancárias – CDI – que formam a “base” dos CDBs pós-fixados. Provavelmente os bancos substituirão o CDI por algum outro indicador/parâmetro para balizar as taxas dos CDBs pós, como a tal da libor mencionada no texto e nos comentários.
Certamente quando as regras estiverem definidas, vou publicar um texto aqui!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Gui, você está certíssimo sobre a ineficiência do Estado brasileiro e sobre a dificuldade de cortar gastos. Mas há mudanças estruturais interessantes em curso. Vou citar apenas duas:
1) A queda dos juros é o que mais fortemente pode melhorar o resultado fiscal do governo. Isso porque, isoladamente, o pagamento de juros é a maior despesa do governo. Agora em 2011, ela deve ficar na ordem de R$ 200 bilhões. Só para ter uma comparação, isso é 5 vezes todo investimento previsto para o PAC em 2012 e 10 vezes a dotação do Bolsa Família.
Caindo os juros, cai a despesa. Se os juros caírem 30% nos próximos anos, são em torno de R$ 66 bilhões que sobram (não imediatamente, claro) para investimentos ou desoneração tributária. Em resumo: queda de juros é o verdadeiro “ajuste fiscal” 🙂
2) Aprovação do fundo de previdência complementar dos servidores públicos. Hoje o regime de previdência dos servidores públicos é altamente deficitário, drenando aprox. R$ 50 bilhões anuais do Tesouro. Com a mudança, o regime ganhará sustentabilidade, ainda que levará 10-15 anos para haver redução do gasto direto do governo. Mas é uma questão histórica que finalmente está sendo enfrentada. Além disso, isso será uma excepcional formação de poupança interna, coisa absolutamente necessária para o país.
Quanto ao fato de os investidores resgatarem os títulos, creio ser muito improvável. As taxas brasileiras continuam incomparavelmente atraentes para investidores do mundo inteiro. Aliás, essa atratividade toda é um dos aspectos que mais provoca valorização cambial.
Abs!
Servidor Investidor
Olá, PessoAll.
Como ficaria a poupança para quem já tem dinheiro investido lá? Esse é um debate interessante pq o dinheiro foi investido com uma taxa contrata sem término de vigência.
Viver de Renda, pertinentes comentários, como sempre. O componente da volatilidade vai chegar com mais força para a renda fixa.
IF, concordo, a mamata dos juros altos está com seus dias contados!
Servidor Investidor, seja bem-vindo ao blog! Muito bom seu comentário, traçando um panorama favorável às NTN-Bs!
FI, de acordo, cautela é palavra de ordem nesse momento um tanto quanto atípico no cenário econômico brasileiro.
Flávio, excelentes comentários, como sempre! Aliás, o histórico que você traçou das taxas de juros nos ajuda a compreender melhor o que está por trás da política econômica brasileira.
Gui e Diogo, pontos importantes esses que vocês citaram. Merecem uma reflexão, pois existem muitas coisas a serem resolvidas, como o difícil equacionamento da dívida pública brasileira.
Marcos, a poupança por enquanto vai mantendo sua atual rentabilidade de pagar 0,5% a.m. + TR. Mas o Governo já sinalizou que pretende mexer no cálculo da poupança, por conta de uma provável diminuição da taxa básica, da mesma forma como quis fazer quando a SELIC bateu nos 8,75% a.a. É aguardar pra ver…
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Irresponsabilidade e ingerência política foi o que motivou o Banco Central a baixar a taxa de juros para 12% a.a. na última semana. Apesar da crise internacional não existe indícios de que a inflação tenha perdido força em nosso país. Falar em queda de juros é muito fácil e muito bonito para nossa querida Presidenta e nosso Ministro da Fazenda, porém os problemas permanecem os mesmos, alta carga tributária, baixo investimento e gastos excessivos por parte do governo. Mais importante do que o Brasil crescer é termos poder de compra e estabilidade econômica. É complicado tentar prever o futuro mas acredito que continuaremos a apresentar alta inflação e juros moderado.
Guilherma, neste panorama que se apresenta, qual é a tendência no valor do imóveis? Será que com a diminuição dos juros e provável aumento da inflação, os imóveis continuarão a ganhar da renda fixa?
Excelente post e comentários! Só está faltando algo sobre a participação estrangeira nisso tudo.
Essa tx. real elevada de juros é o que mantém grande parte do investimento estrangeiro aqui, é o tal do “carry trading”. Até mesmo o IED é afetado, pois o usam para driblar o IOF.
Essa queda de juros agressiva não me parece viável, sem bases sólidas em todos os sentidos, estruturais, morais, etc. Acho também que a promessa de 2 anos txs. próximas a zero de Bernanke influenciou nessa ousadia monetária. Espero que não tenha que haver elevação logo ali ao dobrar a esquina, pois o dragão da inflação está por aí.
Desindexação da geral da economia? Quebra de contrato? Não sei não…
Qual seria o prêmio a ser pago p/ uma LFT antes do vencimento? Sim, pois como se trata de um contrato, assim como os CDBs, debêntures , etc. teria que ter uma multa(prêmio) pelo rompimento do contrato pelo Tesouro, Banco …
Como sou novato nessa área, posso ter falado um monte de besteira.
Valeu.
TBB, esse é o “x” da questão: a inflação não perdeu força. Ou seja, os juros reais caíram. O governo está fazendo uma aposta. Vamos ver se vai dar certo.
Fabio, eu acho que sim, ou seja, os imóveis continuarão a ganhar da renda fixa.
Murphy, interessante esse ponto que vc abordou, sobre a participação dos estrangeiros. Se a coisa toda está confusa pra gente, imagina pros gringos…
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Só para lembrar. Mencionaram sobre uma mexida na poupança, bem, só é possível por emenda na constituição. Será que Dilma ainda tem cacife no Congresso para isso? Será que os deputados/senadores teriam coragem de mexer na poupança? Conseguiriam convencer a população sobre os melefícios desse piso na poupança? Quantas dúvidas.
Guilherme, duas coisas vão acontecer e uma não vai. As duas que vão acontecer (pelo menos em um primeiro momento): 1) As taxas prefixadas e o cupom das NTNs-B vão subir e 2) O prazo médio da dívida do governo vai diminuir. A que não vai acontecer: a taxa SELIC não vai sumir. Veja mais detalhes no meu post: http://www.drmoney.com.br/2011/09/o-fim-da-lft-os-russos-foram-avisados.html
Abraço!
Duas observações a respeito dos comentários acima:
1. Uma boa forma de redução das despesas é, efetivamente, a redução do pagamento dos juros SELIC. Como o governo não quer reduzir o tamanho da máquina – e também não tem conseguido aumentar demasiadamente os tributos – o jeito é sacrificar o pagamento dos juros. Consequências:
a. Terá que reduzir os ganhos da poupança para justificar investimentos em títulos do tesouro, sem os quais o governo perde sua fonte de financiamento. É a lei da oferta e da procura: o governo terá que encontrar a taxa ideal para manter os compradores de seus títulos, sem trazer o efeito inflacionário de volta.
b. A redução do pagamento de juros pode ensejar o aumento de consumo e necessidade de investimentos pelas empresas, já que o resultado da atividade industrial deveria ser superior aos ganhos com os juros. No entanto, para que isto funcione, é preciso que o povo tenha responsabilidade e maturidade no consumo. Ou seja, se o consumo aumentar abruptamente, trará consigo o efeito da inflação. Se isso acontecer, a SELIC aumentará novamente. Se isso não acontecer, melhor para o Brasil como um todo. Os investidores “perdem” (deixam de ganhar tanto quanto ganhavam) na renda fixa, mas a atividade industrial melhorará, fazendo com que os recursos migrem ao mercado de renda variável.
2. Acho que a tendência de longo prazo dos títulos é a que deve ser observada, como mencionou o Flávio (“8,90%aa prefixado com vencimento em 2024”). Este é norte para este momento, devendo ser acompanhado os novos títulos a serem emitidos daqui para frente. Neste caso, de tendência de queda, quem tiver títulos com rendimento superior à taxa mencionada, devem mantê-los em carteira (carregar tais títulos até o vencimento) pois já têm garantia de rendimento superior. A cada dia temos visto a redução das taxas e aumentos dos valores de face dos títulos do tesouro, então, aproveitando esta atual tendência – que não sabemos se será de curto ou longo prazo -, talvez seja interessante adquiri-los pensando no curto prazo, devendo monitorar o mercado, principalmente até a próxima reunião do COPOM.
Ótimo artigo Guilherme!
Confesso que o Valores Reais é sempre uma referência para estes assuntos tão importantes.
Obrigado por filtrar a informação e já trazê-la prontinha para nós.
Meus comentários:
1. Vocês já ouviram falar que o Brasil é o país da Jabuticaba?
Assim como a jabuticaba, taxas de juros pos-fixadas são uma particularidade do Brasil.
Até hoje eu me perguntava o porquê o governo mantinha este política de oferecer títulos indexados a Selic.
Afinal, eles perdem um pouco do controle sobre a dívida do país, já que ela pode mudar drasticamente de um período para outro.
Agora, parece que estes títulos estão com os dias contados.
2. O que muda para o investidor?
Títulos indexados a Selic são FUNDAMENTAIS em qualquer estratégia de alocação de ativos.
É um ativo que não pode ser descartado, conforme mostrei no artigo sobre otimização de carteiras.
http://hcinvestimentos.com/2011/08/29/otimizacao-de-carteiras/
O investidor terá de buscar novas alternativas para garantir esta indexação por um período mais longo.
Enquanto o Tesouro ainda ofertar LFTs no mercado acho saudável comprar sempre a de maior vencimento.
Afinal, nunca se sabe quando irão mudar a regra do jogo.
3. Consequências
Preparem-se para retornos menores e maiores riscos.
Títulos pré-fixados e indexados a inflação possuem um risco considerável.
Não é semelhante ao das ações, mas se você analisar títulos com duração maior do que 10 anos, verá que uma variação de 1% na taxa destes títulos podem trazer retornos de +-10%.
Saber praticar uma inteligente alocação de ativos será mais importante do que nunca!
Grande Abraço!
Concordo com Henrique Carvalho. Antes desta notícia já vinha alocando parte dos meus ativos nas LFT com prazo mais longo, pensando na liquidez e no resgate de quando precisar delas. E, compro tb as NTN-B principal com vencimento em 2015, 2024 e 2035. Sendo que, nestas duas últimas penso utilizá-las quando as taxas de juros caírem. Pois, o valor do cupom é inversamente proporcional a sua taxa, e, os títulos mais longos tem oscilações maiores, caso a redução das taxas de juros se confirmem, poderei ter um retorno bom quando precisar, caso contrário, terei que utilizar o que sobrou das LFTs, rsss. Enfim, é fazer uma distribuição em renda fixa com previsão de cenários diferentes.
Outro ponto a acrescentar é quanto a redução da dívida pública. Dentre elas, pode-se citar: a desindexação do salário mínimo, a separação da arrecadação da Previdência Social dos cofres do Tesouro Nacional (a GRU prevista na Constituição), a correção de algumas disparidades que ocorrem nos cofres da Previdência Social (o pagamento de pensão que anda em discussão na mídia), o gasto do governo federal em obras não prioritárias (construção de estádios de futebol) etc. Caso, estas disparidades sejam corrigidas, aí sim, acredito que será um bom começo para a dívida pública diminuir.
Murphy, volta e meio esse assunto de mexida na poupança volta à tona. Se a SELIC realmente ficar na casa de um dígito, é uma coisa que inevitalmente terá que ser reformulada…
Dr. Money, grato pelos seus ótimos comentários. O artigo seu também está ótimo!
Henrique, excelentes comentários, assim como os do Darlan e do Ricardo. Os comentários ampliam a discussão e enriquecem bastante o conteúdo do artigo!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Cada vez me impressiono com a qualidade das discussões, gostaria de acompanhar os próximos comentários deste tópico !
Um forte abraço Guilherme, até mais!
Victor, obrigado! De fato a qualidade dos comentários está muito boa!
Atendendo à sua solicitação, aqui vão duas maneiras bastante práticas de acompanhar os próximos comentários desse tópico:
1) Abaixo do botão “Publicar comentário”, tem uma caixa de seleção com o seguinte campo “Quero receber os próximos comentários no meu e-mail”. É só marcar a caixa, que os próximos comentários estarão em seu email!
2) Assinar os feeds dos comentários desse tópico. Se você usar o Firefox, instale a extensão “RSS Icon In Awesombar 1.4” disponível em https://addons.mozilla.org/en-US/firefox/addon/rss-icon-in-awesombar/ Vai aparecer, na barra de endereços, um ícone laranja. Clicando nele, uma das opções é a assinatura dos feeds de comentários do artigo em questão. No caso desse tópico, aqui vai o link: http://valoresreais.com/2011/09/03/via-estadao-governo-planeja-extinguir-as-lfts-do-tesouro-direto/feed/ Aí, é só copiar esse endereço no seu leitor de feeds preferido (Google Reader, p.ex.), que terá acesso imediato aos comentários!
Dessa forma, você sempre estará a par das últimas atualizações trazidas pelos nossos excelentes leitores!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Vejo que esses comentários são de pessoas muito esclarecidas no assunto o que não é o meu caso, mas estou com uma dúvida com essa perspectiva de queda na taxa de juros (pelo menos é a vontade da equipe econômica, ainda é vantagem investir em tesouro direto? Visto que tem uma LCI que ta pagando 98% do CDB. Vendo a rentabilidade passada (o que não garante que no futuro continuara assim) da NTN-B principal é bem maior isso é uma ilusão de leigo ou ainda é mais vantajoso investir na NTN-B. Em menos de 720 dias que é o período para pagar menos IR vendendo esse papel antes do vencimento teria algum tipo de prejuízo? Desculpem a minha ignorância e nem sei se esse blog serve para responder esse tipo de pergunta, mas vejo q só tem fera aqui não custa nada perguntar. Se puderem me dar uma força ficarei grato um abraço senhores.
Kleiton:
1) Sim, ainda é vantajoso investir no TD, pelos menores custos, maior segurança e maior praticidade de montar uma carteira mais balanceada e diversificada, com diferentes opções de títulos;
2) Sim, há o risco de ter prejuízo vendendo o título antes do vencimento;
3) A NTN-B continua a ser uma boa opção, mas é preciso se assegurar de carregar o papel até o vencimento para ter a certeza de obter rentabilidades positivas;
4) Não é ilusão o fato de as NTN-Bs terem rendido bastante nos últimos tempos, uma vez que a inflação real foi maior do que a inflação esperada, e, como esse papel tem uma correlação positiva com o IPCA, acabou sendo favorecido em sua rentabilidade.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
É com grande prazer que anuncio que as populares LFT atingiram o valor par de R$ 5.000 nesta segunda-feira (19/12/2011). Criadas para substituir as antigas LBC, as LFT são títulos com rentabilidade diária vinculadas à taxas de juros básica da economia (Taxa Selic) e iniciaram com o valor de R$ 1.000 em 03/07/2000.
Portanto, nesses pouco mais de 11 anos, os investidores ao aplicar nas LFT conseguiram acumular uma valorização de 400%, ou seja, quadruplicaram o seu investimento.
A LFT foi o principal ativo de renda fixa no Brasil e hoje divide a dívida pública com os títulos prefixados (LTN e NTN-F) e os títulos indexados à inflação (principalmente as NTN-B).
A LFT foi muito eficiente como ativo de investimento, a rentabilidade média nesse período foi de 15,13% ao ano e, em termos reais, descontado pelo IPCA (que variou 110,83% no período), proporcionou um retorno real de 7,86% ao ano, ou 137,15% no período.
A renda fixa brasileira, representada pela LFT deu de goleada no segmento de renda variável: o índice IBOVESPA, que já reflete e acumula os dividendos pagos pelas empresas listadas no índice, no mesmo período acumulou um desempenho de 231,50%, apenas 4,04% em termos reais, ou seja, não pagou a meta atuarial da maioria dos planos de benefícios dos Fundos de Pensão.
Entretanto, felizmente para o Brasil e infelizmente para os investidores, a remuneração da LFT não remunera uma taxa real de juros acima de 6,00% ao ano desde 2008 e na minha opinião não irá nunca mais remunerar até ser extinta, como é o desejo do Governo. Como um craque de futebol, a LFT merece aplausos pelos ótimos serviços prestados no campo dos investimentos e merece a sua aposentadoria.
Excelentes comentários sobre as LFTs, Flávio – o nosso especialista da renda fixa!
Concordo com você: a LFT prestou um bom serviço, e merece a aposentadoria em breve.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!