Um dos pontos positivos de escrever aqui no site é a variedade de público a que ele se destina, o que me permite tratar de temas que vão além da abordagem pura e simples de educação financeira e investimentos. Como está estampado no subtítulo do site, aqui trato também de frugalidade, qualidade de vida e assuntos correlatos. Uns vêm ao blog atraídos pelas resenhas de livros que publicamos. Outros vêm aqui saber mais sobre fundos imobiliários e ETFs. E há aqueles que vêm ao site querendo saber mais sobre estratégias para maximizar o acúmulo de milhas aéreas e dicas de uso de cartão de crédito.
Com efeito, alguns dos artigos de maior audiência vêm desse último tema, o qual foi abordado em artigos que ainda rendem muitos comentários, como 8 maneiras de você acumular milhas/pontos sem uso de cartão de crédito ou pagamento de contas na fatura do cartão e 7 estratégias para não pagar anuidade do cartão de crédito. Como gosto de escrever sobre esses temas, um grande satisfação ocorre quando tais assuntos apresentam intersecção, ou seja, cruzamento, com a área de investimentos. Embora eu seja um grande crítico do programa de fidelização da BM&F Bovespa, o Fica Mais, como já deixei bem claro em outros artigos, tais como Eu já me inscrevi no programa de fidelidade da BM&F Bovespa, o Fica Mais. E você?, isso não impede de, mesmo assim, passar alguns macetes válidos para o público interessado em maximizar o acúmulo de milhas aéreas por meios não convencionais, como é o caso desse programa, embora o acúmulo seja bem lento, como registramos em Fica Mais (Programa de fidelidade da BM&F Bovespa): em 17 anos, você consegue pontos suficientes para trocar por uma passagem aérea….
Embora os 50 pontos mensais pela manutenção em custódia de posições de ativos em Bolsa sejam pequenos, “migalhas” (e menores ainda sejam os 5 pontos mensais pela inibição do extrato mensal impresso), existe um macete para ganhar mais pontos todo mês: ele consiste em manter ações em mais de uma corretora (quando eu falo em “ações” aqui, subentenda-se qualquer ativo negociado em Bolsa, incluindo os ETFs e fundos imobiliários).
Isso não só já foi lembrado pelo leitor xará Gui, em comentário publicado em maio, como eu também pude constatar por experiência própria, ao consultar meu extrato no site da CBLC:
Se você tá mais para milheiro profissional do que para investidor familiarizado com o mercado de ações, vá com calma antes de sair por aí abrindo conta em várias corretoras, e operando em todas elas: há custos relacionados à manutenção de custódia, custos esses representados principalmente pela tarifa de custódia (que a Bolsa prometeu acabar, vide artigo Isenção da tarifa de custódia – os famigerados R$ 6,90 mensais – da BM&F Bovespa em breve, para pequenos investidores), pela tarifa de corretagem, pela tarifa de DOC/TED ao transferir recursos, e pela tarifa de saque ao transferir o dinheiro da conta da corretora para a conta bancária. Ademais, você precisa saber o porquê de estar investindo em ações, e ter ações somente com a finalidade principal de acumular pontos no Fica Mais é burrice financeira, para dizer o mínimo.
Por outro lado, mesmo para quem tá mais para investidor do que para milheiro (milheiro é um sujeito especialista em acumular de milhas aéreas), ainda assim podem existir vantagens em manter contas em diferentes corretoras, ainda que você não se inscreva e não participe do Fica Mais. O Jônatas publicou, no Efetividade.blog, uma excelente matéria intitulada Alocando ativos em várias corretoras e pagando menos taxas, em que demonstra, por A+B, que é possível tirar proveito de diferentes corretoras sem necessariamente onerar o bolso. Aliás, é justamente o contrário que ocorre: por meio de uma diversificação adequada, é até mais barato alocar os ativos em diferentes corretoras. E, de quebra, você pode ganhar uns pontinhos extras no tal do Fica Mais.
Se você é um investidor do tipo holder, ou seja, com visão de médio/longo prazo, e não realiza compras mensais, nem opera todo mês, o mais recomendável é operar em corretoras que ofereçam isenção incondicional de tarifa de custódia, ou seja, que não te cobrem os famigerados R$ 6,90 mensais ainda que você não realize uma única ordem de compra ou venda no mês. De cabeça, já dá para apontar algumas corretoras que oferecem tal isenção incondicional:
– ICAP;
– Banif;
– Spinelli;
Supondo que você já tenha conta nessas 3 corretoras (e conheço muita gente que tem conta em até mais de 3 corretoras), e que compre ações em cada uma dessas três corretoras em janeiro, mantendo-as até dezembro, e também escolhendo a opção de inibição de envio do extrato impresso, você ganha, em cada uma delas, 55 pontos mensais. Em 12 meses, você acumularia, em cada corretora, 660 pontos. Como são 3 corretoras, isso já daria 1.980 pontos anuais. 1.980 milhas ganhas sem fazer compras, sem pagar boletos no cartão e sem pagar juros “pro rata” ou tarifas de R$ 15 no pagamento de contas no cartão. 1.980 milhas adquiridas pelo fato de se manter investimentos. Isso parece ser interessante. E, utilizando mecanismos adequados de redução de custos (não pagando tarifas de TED/DOCs para enviar os recursos para essas corretoras e fazendo um aporte que torne, proporcionalmente, o valor da corretagem percentualmente insignificante perto do montante investido), bem como escolhendo de forma inteligente os ativos a serem mantidos no longo prazo, é possível conciliar ganhos na Bolsa com ganhos (ainda que mínimos) de milhas aéreas.
Sinceramente não sei se a Bolsa irá modificar a sistemática de pontuação no Fica Mais, atribuindo a pontuação mensal por CPF, e não por corretora. No entanto, enquanto a sistemática de pontuação permanecer atrelada à conta em corretora, sem considerar a hipótese de um sujeito ter conta em “n” corretoras diferentes, e ganhar pontos em cada uma delas, vislumbro aí uma pequena, digamos assim, “brecha”, que pode ser explorado pelos milheiros de plantão interessados em maximizar o acúmulo de milhas por meios que não sejam os convencionais. Só tomem cuidado com a “trabalheira” que será administrar tantas contas ao mesmo tempo, principalmente no que tange ao monitoramento das regras atuais (afinal, as corretoras podem mudar a forma de cobrança dependendo de sua conveniência). Se tudo for gerenciado de forma eficiente, é possível explorar esse aparente “ponto falho” do programa de fidelidade, e multiplicar de forma consistente os pontos no Fica Mais.
Aliás, fala sério: do jeito que a Bolsa anda, revisando e adiando para 2018 a meta de conquistar 5 milhões de investidores, é até preferível que ela mantenha a sistemática atual de pontuação, por corretora, e não por CPF. Práticas que afastem o investidor da Bolsa é tudo o que a BM&F Bovespa não quer fazer, suponho eu.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Valeu pela dica Guilherme,
Abraço.
Obs. seu contador à direita travou meus comentário no número 200.
Macete da hora esse. Esse é o tipo de esquema que ninguém da muita atenção, mas no longo prazo, faz a diferença. Valeu Guilherme!
Jônatas, valeu! Vou dar um jeito aqui no widget da barra lateral. O antigo contador deu problemas quando atualizei a nova versão do tema disponível. Obrigado pelo aviso!
Willy, thanks!