Num desses maravilhosos acasos que a Internet nos proporciona, acabei me deparando com uma excelente entrevista que o lendário John Bogle deu para o site Forbes.com.
A entrevista dura uns bons 20 minutos, e nela, Jonh Bogle (não sei porque eles o chamam de “Jack”), discorre sobre diversos assuntos, tais como: o papel das emoções nos investimentos, a indústria de fundos mútuos, a frequência de negociação (turnover), ou melhor, o excessivo giro das carteiras, mercados eficientes, alocação de ativos, ETFs, mercados emergentes, portfólios globais etc.
O que já era por si só muito bom, para termos uma ideia geral da filosofia de investimentos desse lendário investidor (que, aliás, tem mais ou menos a mesma idade de Warren Buffett, ou seja, 80 anos), fica melhor ainda, particularmente para quem ainda não domina 100% o inglês, porque no link do vídeo há uma página de transcrições da entrevista, o que facilita demais a compreensão do conteúdo do vídeo.
Algumas observações interessantes de Bogle:
– Excesso de giro da carteira prejudica os investidores em fundos, pois diminui o retorno líquido final do investimento, e, ao mesmo tempo, proporciona mais retorno para o bolso dos gestores de fundos;
– Quem utilizou o DCA na década passada (2001-2010), obteve retorno positivo sobre o patrimônio investido;
– É sempre recomendável que o investidor aloque parcela de seu capital em investimentos conservadores;
– Os ETFs são uma boa ideia, desde que não se treide muito;
– Investidores norte-americanos não precisam necessariamente alocar parte de seu capital em mercados estrangeiros: nessa parte, confirmando o que já li em livros dele, Bogle se mostra hesitante quanto à diversificação em ativos estrangeiros, sobretudo porque 50% dos lucros das corporações norte-americanas já vêm do exterior, então, pra quê aumentar a exposição a risco no mercado internacional?
– Títulos de curto prazo nos EUA estão pagando uma mixaria (perto de zero por cento ao ano), como bem lembrado pelo Investimentos & Finanças, em comentários a outro artigo, mas, ainda assim, Bogle prefere investir em títulos de curto/médio prazo, do que em títulos de longo prazo, porque estes últimos, embora apresentem retornos maiores, embutem também uma maior volatilidade (interessante observar que o nosso amigo Henrique Carvalho segue uma filosofia parecida, uma vez que a carteira HCI só apresenta títulos de curto e médio prazos em sua carteira, o que demonstra, mais uma vez, a maturidade na seleção de ativos por parte dele);
– A carteira de investimentos pessoal de Bogle contempla apenas títulos de curto/médio prazos – a sua carteira tributada. A conta diferida de impostos apresenta uma variação maior, com títulos públicos, hipotecários e privados;
– Bogle segue a regra “your age in bonds” (em breve uma matéria sobre isso), ou seja, tem 80% de seu portfólio alocado em títulos, em investimentos conservadores.
– Quem utilizou a estratégia da indexação obteve perdas menores do que quem optou por fundos ativos, durante a crise de 2008;
– “O mercado sobe e desce, mas os custos são para sempre”.
Amanhã faremos a resenha de um excelente livro do Bogle. Não aquele que o Steve Forbes mostrou no vídeo, mas um mais antigo. Não percam! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente link! Esse tipo de entrevista é ótima, eu não perco Charlie Rose na Management tv por nada, são de grande valor.
Valeu, Gisely!!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Muito boa a entrevista. Obrigado por compartilhar, Guilherme.
Em relação ao “your age in bonds”, aguardarei ansiosamente pela sua matéria. Tenho 23 anos e minha carteira está 40% RF e 60% RV. Será que estou sendo muito conservador?
Claro que o melhor é arriscar mais enquanto estamos jovens, não é? Mas eu ainda não estou muito confiante com a RV em 2011, ainda mais que minha carneira é muito nova e aplicar logo 77% em RV pode não ser uma boa ideia no momento.
Um abraço!
Tito, o principal fator a determinação o % de alocação em RV é o grau de tolerância ao risco, que é fator subjetivo, varia de pessoa para pessoa, e prevalece sobre qualquer outro critério, inclusive o “your age in bonds”.
Como você não se sente confortável com uma exposição muito grande de sua carteira de investimentos no mercado de ações, a alocação máxima de 60% em RV me parece adequada, ainda que se trate de pessoa muito jovem.
A propósito do tema, sugiro a leitura de um artigo: http://valoresreais.com/2009/06/21/jovem-devem-concentrar-suas-aplicacoes-em-investimento-de-risco-nem-sempre/
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Sensacional esta entrevista.
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O Bogle tem praticamente a mesma idade que o Warren Buffett e George Soros. Lembrei de uma passagem do livro “O Homem mais Rico da Babilônia” que diz que “aquele que ouve a opinião dos mais velhos ganha a sabedoria dos anos”.
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O sujeito que prestar atenção ao que esses caras tem para ensinar tem grandes chances de ser bem sucedido tanto no lado financeiro como no não financeiro.
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Abcs
Muito boa entrevista.
Esse cara é fera
Com certeza, Willy! Essa turminha que nasceu entre 1929 e 1930 – Bogle, Buffett e Soros – é fantástica.
F.I., sem dúvida!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!