Um dos principais pilares de uma vida financeira organizada passa necessariamente pela construção de uma sólida reserva de emergências, o popular “colchão de segurança”. Sobre tal tema, nós já discorremos aqui no blog em artigos anteriores, tais como: 5 razões para ter uma boa reserva em renda fixa (colchão de segurança) e Enquete: vocês incluem a reserva de emergência e o dinheiro do salário na sua estratégia de alocação de ativos?
Todos nós já sabemos que ela deva apresentar dois requisitos fundamentais: primeiro, ter alta liquidez; e, segundo, estar o dinheiro alocado num investimento de baixo risco. Alguns investimentos apresentam tais requisitos, de forma simultânea: fundos referenciados DI (desde que com baixa taxa de administração), CDBs, e até a boa e velha caderneta de poupança (embora eu, particularmente, não a recomende como investimento de longo prazo, mas sim como um pequeno depósito para custeio de despesas como impostos e seguros).
A questão que se coloca é: qual deve ser o tamanho da reserva de emergência?
Lemos, nos muitos manuais de educação financeira que estão sendo vendidos por aí, que a regra seria ter, no colchão de segurança, o equivalente a seis meses de suas despesas médias mensais. Por exemplo: se você tem uma despesa de R$ 3 mil mensais, deve ter R$ 18 mil no colchão de segurança (R$ 3 mil x 6 meses). Ocorre que essa é uma receita de bolo padrão, que obviamente pode não se aplicar à sua situação. Sim, caro leitor, estou falando de você. Você mesmo, que está lendo esse artigo.
Em matéria de educação financeira, alguns princípios admitem flexibilidade, e obviamente tais princípios devem se ajustar à realidade econômica vivida por cada pessoa, tendo em vista suas circunstâncias específicas de vida. O tamanho do colchão de segurança de um jovem universitário que mora na casa dos mais não deve ser igual ao de um profissional liberal autônomo, sem emprego fixo, que tem esposa e 3 filhos para sustentar. Situações diferentes requerem medidas igualmente diferentes, e isso há de valer também para a questão do tamanho da reserva de emergência.
Pense comigo por um instante: será que as situações de emergência pelas quais um estudante universitário pode passar requererão a mesma quantidade de dinheiro exigida por situações de crise pelas quais poderá atravessar um profissional autônomo de meia idade e pai de família, com muitos dependentes para sustentar? Certamente não. As responsabilidades são diferentes, as situações são diferentes, enfim, os contextos são diferentes. Logo, não dá para considerar que 6 meses de despesas médias mensais sejam suficientes para abarcar toda a gama de circunstâncias vividas por cada pessoa, vividas por cada família, em cada quadrante desse país, em cada classe social.
O tamanho do colchão pode e deve variar conforme as específicas situações vividas por cada pessoa, de acordo com sua fase de vida.
Um profissional autônomo, pai de família, de meia idade, que não tenha salário fixo, não pode se dar ao luxo de correr riscos desnecessários caso as fontes de renda caiam abruptamente de um mês para o outro. Ele está sujeito a passar por muito mais situações de risco do que um jovem estudante que ainda mora com os pais. Em casos assim, um robusto colchão de segurança, composto pelo equivalente a 12 meses de suas despesas médias mensais, é o mais indicado. Alguns são mais cautelosos ainda, e chegam a recomendar uma reserva de emergência de 24 despesas mensais. Se a pessoa for avessa a investimentos de risco, ou seja, se for do tipo ultra-conservadora, não tolera perdas em seu patrimônio, e está sob risco constante de perda de suas fontes de renda – ou já passou por uma situação assim – o colchão de segurança deve ser o anteparo mais seguro possível contra crises pessoais ou profissionais. Afinal, com segurança não se brinca. E, convenhamos, é muito melhor recorrer a um dinheiro guardado na poupança do que a empréstimos a juros extorsivos cobrados pelas instituições financeiras…
Servidores públicos, que possuam estabilidade no cargo em que ocupam, ou mesmo empregados da iniciativa privada, com um grau de estabilidade semelhante, justamente por terem uma previsão estável de receitas a cada mês, podem, aí sim, se encaixar na regra dos 6 meses de suas despesas médias mensais. Eu iria além: se eles forem educados financeiramente, tomarem decisões conscientes de consumo (por exemplo, não parcelar a compra do supermercado todo santo mês), e fizerem um rigoroso planejamento de seu orçamento doméstico, podem até diminuir esse colchão de segurança para até 3 meses de suas despesas médias mensais. Dessa forma, eles estarão aptos a direcionar maior parcela de seus investimentos para aplicações com reduzido grau de liquidez, ainda que na renda fixa, como, por exemplo, Tesouro Direto e debêntures.
Já os estudantes que ainda moram com os pais, e não têm obrigação financeira alguma em casa, podem até ir mais longe. Como eles não têm dependentes – afinal, eles são os dependentes – a reserva de emergência pode ser o equivalente a 3 meses de despesas mensais, ou até menos, dependendo de seu perfil de consumo, e de investimento.
Vale lembrar que os casos acima são apenas exemplificativos. Nada impede que haja um aumento do grau de segurança. Por exemplo, um servidor público estável pode querere ter sua reserva de emergência constituída pelo equivalente a um ano de suas despesas. O que não se recomenda é o contrário, ou seja, que você diminua o seu grau de segurança, por exemplo, formando um colchão de apenas 3 meses, sendo um empresário autônomo sem fonte estável de receita todo mês.
Em qualquer situação, e sob qualquer pretexto, jamais, evar, deixe de ter seu colchão de segurança formado, que deve ser constituído antes de começarem a investir. Ele permitirá que você tenha tranquilidade financeira para poder viver a vida de forma mais serena, mesmo que uma situação de crise te acometa, como perda de emprego, ou pagamento de uma despesa médica urgente de alto valor.
Lembre-se, ainda, de ter não só um colchão de segurança bem formado, mas também de uma rede de proteção ampliada, conforme discutimos nesses outros artigos: A importância dos seguros de vida e de acidentes pessoais e Como se proteger de crises econômicas *pessoais*? Incluam em seu orçamento doméstico provisões para despesas com seguros e planos de saúde, por exemplo. Afinal, como diz a propagando de uma empresa de seguros, “vai que…”
Façam seu dever de casa. O colchão de segurança deve priorizar alta liquidez, em prejuízo da rentabilidade, que fica em segundo plano. Ele é o seu escudo contra empréstimos pessoais e linhas de crédito oferecidas pelos bancos. Aliás, para falar a verdade, o colchão de segurança deve ser sua linha de crédito exclusiva. Não aceite pagar juros: prefira recebê-los, ainda que numa aplicação conservadora. O caminho da independência financeira passa necessariamente por essa etapa. Boa sorte!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme,
Minha reserva é para apenas 3 meses. Não vejo necessidade de valores maiores.
Profissionais autônomos com filhos dependentes devem ter um colchão king size, é o recomendado. Mas, infelizmente, a quase totalidade da população não tem nem um colchonete.
Abraço!
Concordo plenamente com você Guilherme,
por isso estou tentando inflar meu colchonte.
Mas além do colchão de segurança tenho:
Reservas mensais:
– Férias
– Prêmio (me presentear pela disciplina financeira)
– Presentes (para os outros)
Com décimo terceiro:
-seguro do carro
-Impostos do carro
-Manutenção carro
Haja dinheiro pra tantas reservas viu ! rs
Eu já faço diferente. dividas e contas faço provisão todo mes, por exemplo. ipva que é 840 por ano, divido por mes e separo 70. ferias não é contas a pagar, é extra, lazer. então uso o decimo terceiro que tambem não é salario, é renda extra. entao, a cada ano pra viajar eu terei o decimo terceiro mais o terço de ferias , que da uns 8 mil. então esse e o limite que terei pra viajar, se quiser viajar pra um lugar e gastar mais tenho que esperar ganhar mais ou ai sim, juntar ao mes o que falta.
esperar o decimo terceiro pra compras de fim de ano, pagar dívidas é importante mas não acho que seja um planejamento financeiro. pra pagar suas contas, faça provisões mensais e encaixe-as no seu orçamento. decimo e terço de ferias, assim como restituicao de imposto de renda sao renda extras, entao use as para gastos extras, como viajar ou investir
Ótimas dicas, Wellington!
Eu sempre acho que meu colchão está meio murcho! Comecei, torrei, recomecei há alguns anos e realmente o valor que nós estipulamos há dez anos está completamente fora da nossa realidade hoje (um filho pré adolescente, outro na educação infantil, gostos apurados e etc), é preciso revisar o plano, nós fazemos isso em dezembro e tem dado certo.
Olá Guilherme, blza?
Meu fundo de emergência é de 6 meses, está na poupança. Estou pensando em passar para Títulos do Governo (LTN) mas ainda não sei em qual percentual. 3/6 ou 4/6.
Estou analisando ainda.
E quanto ao plano de saúde pago todo mês, mas o seguro de vida não vejo muita necessidade ainda, já que tenho 23 anos e não tenho filhos.
Abraço.
Amém fica com Deus você também.
Ótimo texto Gui. Eu, particularmente não possuo colchão nem colchonete de emergência atualmente, pois 1 salário que eu ganho poderia me sustentar por uns 4-5 meses e eu ainda poderia sacar o FGTS se fosse o caso. Mas como você bem disse, cada um é cada um.
Quando eu me aposentar, provavelmente terei cerca de 2 anos como colchão.
É isso aí! abraços meu amigo
VB
Guilherme,
td bem? Acabei de ler o livro “Value Averaging” do M. Edleson.
Queria saber como irá fazer para implementar a tua estratégia particular de investir trimestralmente: (i) escolherás um ativo para direcionar os investimentos do mês (p.e., dentre três ativos, escolhes apenas um a cada mês) ou (ii) deixa o dinheiro aplicado num fundo DI, CDB ou poupança até que se complete o fim do trimestre e possas invetir, p.e., em três ativos simultaneamente?
É uma pergunta que pode até ser tola mas influi para mais ou para menos no tempo dedicado à implementação dos investimetos.
Abs e parabéns pelo excelente e sempre atualizado blog!
Olá…tenho uma pequena dúvida..vou começar a investir no tesouro direto e estou em dúvida pela Banif e Socopa como corretora…até agora estou optando pela Socopa, pois ao comprar um titulo, minha conta nessa corretora pode ficar zerada sem me preocupar em depoistar outra quantia, enquanto que se na Banif, a minha conta ficar zerada por mais de 3 meses, terei que fazer um depósito de mil reais para reativar minha conta.
E ae qual corretora vc acha melhor pra quem ta iniciando: Socopa ou Banif?
Olá Guilherme!
Meu colchão de segurança é de dois sálarios. Sou solteiro e moro com meus pais, por essa razão não tenho tanta necessidade de ter um king size. Passei hoje uma parte do colchão para um CDB, pois assim terei uma parte deste colchão com um rendimento um pouco maior.
Valeu pelas informações sempre atualizadas com nossa necessidades!!
Uso a parte do meu portfolio que está em renda fixa (em um fundo DI) como meu colchão de segurança.
bom dia Guilherme,
O meu colchão ou melhor colchonete, fica na poupança e sempre faço aportes pequenos mensalmente de 20 reais ,, ja esta quase 3k,, enfim eu sou funcionario do governo e tenho estabilidade , mais como nao se sabe o dia de amanha, vou formando o meu devagarinho.
Jônatas, gostei do termo “colchão king size”…rs…. é por aí mesmo.
ID, realmente, as reservas são peça importantíssima do orçamento. É melhor ter um orçamento mensal nivelado ao longo do ano, fazendo as despesas sazonais e fixas entrarem no planejamento mensal, do que ter um determinado mês com gastos muito elevados.
Gisely, planejamento é o que há em matéria de orçamento famíliar!
André, embora o Tesouro Direto seja uma ótima opção de investimento, ele tem uma liquidez restrita às quartas-feiras. Sugiro que você destine ao TD apenas uma parcela que funcione como uma segunda camada de colchão. O essencial deve estar num investimento com liquidez diária, com possibilidade de crédito em D+0.
VBI, excelente visão!
Deuteron, parabéns pela leitura do livro! Eu pretendo fazer uma segunda leitura dele, para revisão de conceitos. A minha estratégia com o Value Averaging envolve apenas os investimentos em renda variável. A ideia é juntar um dinheiro todo mês e, no último dia do trimestre/quadrimestre, fazer a aplicação, comprando (ou vendendo, dependendo da valorização das cotas) uma quantia fixa de cotas do PIBB11 e SMAL11. Ou seja, eu escolho a opção (ii). O dinheiro será guardado num investimento conservador, do tipo CDB pós-fixado ao DI, todo mês. Qualquer outra dúvida, sinta-se à vontade.
Araújo, diante dessa informação que você colocou, a respeito da inativação da conta na Banif, estou tendendo a optar pela Socopa.
Jean, ótima estratégia. Aliás, eu também invisto o dinheiro do colchão em um CDB DI. Obrigado pela sua participação!
IF, ótimo ativo para colocar o colchão!
Eduardo, você descobriu o caminho das pedras. Ter uma reserva de emergências lhe dará tranquilidade para prosseguir em seus objetivos pessoais.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
@Araujo
Araújo,
tenho conta na Socopa e até agora não me deram dor de cabeça. Além da corretagem Bovespa no fracionário ser de R$ 5,00 e o lote a mercado R$ 10,00 e não cobrar taxa do agente custodiante no TD.
Abs!
Deuteron, muito interessante seu depoimento acerca da conta na Socopa.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!