Eu acho incrível a interação entre os blogs. Às vezes, um mesmo assunto é tratado mais de uma vez, no mesmo dia, de forma totalmente espontânea, ou seja, sem haver combinação prévia entre os autores. Pois ontem foi um desses dias, justamente ontem, domingo, um dia onde normalmente não se publicam posts.
Quando tal coincidência ocorre de modo… bem, tão coincidente, em circunstâncias bastante atípicas, e tendo em vista a relevância do tema “consumo” em blogs de finanças pessoais, então é hora de destacar esses misteriosos “sincronismos” que permeiam o mundo dos blogs, que são influenciados por suas recíprocas interações, bem como tirar as lições que podem ser aprendidas a partir dos artigos escritos.
E, para completar a “sinergia”, vale dizer que o autor desse blog também fez uma compra nesse final de semana, aproveitando o dólar barato. Se tudo correr bem (afinal, a compra foi feita via Internet, e demorará algum tempo para chegar até aqui), e se for de interesse dos leitores, também merecerá um artigo no site, até porque o tema também tem a ver com os assuntos que normalmente são discutidos aqui (particularmente aos domingos…). Vamos girar pelos blogs? 😀
Hoje Eu Não Comprei. A Thaís Aux descreveu suas compras de roupas, com detalhes incluindo preços e fotos, no bem escrito artigo Hoje eu comprei: roupas! Dois pontos devem ser destacados: ela fez as compras baseada em necessidades, e não em desejos. Ou seja, montou seu plano de compras numa needlist, e não numa wishlist.
Além disso, as roupas foram compradas em lojas de comércio de rua, que costumam ser mais baratas que lojas de shopping, permitindo, assim, uma economia extra de grana. Fica aí, portanto, a dica para comprar bem e barato. Tá certo que as lojas de shopping oferecem mais conforto, pela aglutinação de várias lojas em único espaço, lugar onde guardar o carro (às vezes muito caro), e uma certa segurança (será!?). Mas é inegável que existe, nas compras em shoppings, um custo de oportunidade embutido no preço das roupas, que pode não compensar todos os benefícios acima referidos, como foi o caso da Thaís. Gostei da conclusão desse post:
“É claro que não dá pra investir só na parte exterior. Eu faço terapia e considero um belíssimo investimento. Eu acredito que a gente tem que se sentir bem por dentro. Mas se o modo de começar é se vestindo bem, pelo exterior, então que comece assim. cada um com seus métodos. Gostaria de finalizar com uma frase cujo autor nem me recordo, mas é isso: Nós somos valorizados pelos outros na medida em que valorizamos a nós mesmos.
“
O dinheiro é meu. A Luciene Soares, no artigo Novas Compras, Novo Tempo, descreve as compras de seus três pares de sandálias, também fundamentada numa situação de necessidade:
“…não costumo comprar três pares de uma só vez, mas como meu caso é de escassez, “tá valendo””…
Outra coisa interessante da compra da Luciene foi a preferência por comprar itens de qualidade:
“Eu nunca fui nem de longe o tipo de mulher que tem compulsão por sapatos, mas tá aí um item que não costumo economizar muito, porque acho que sapato tem que ter qualidade, até porque como não compro muitos, os que tenho devem ser bons (minha opinião)”.
Esse é um ponto que vale a pena uma reflexão, pois muitas vezes ficamos na dúvida: compro esse item “A” porque é mais barato, embora de menor qualidade; ou esse item “B” que, apesar de mais caro, é de qualidade superior? Cada caso é um caso, mas, via de regra, e em se tratando sobretudo de bens que a gente vai utilizar bastante, eu dou preferência a produtos premium. Ou seja, vale a pena, em muitas ocasiões, definir como critério principal da compra a qualidade. E isso porque, muitas vezes, qualidade está associada a durabilidade e confiabilidade. O que significa menos dor de cabeça com o desgaste (“ué, já acabou?), e também com assistência técnica (“xiii, tenho que mandar pra assistência técnica…”).
De que adianta comprar um celular xing ling se você, tendo condições de comprar um aparelho de marca, e tendo em vista que a comunicação é essencial para seu tipo de profissão, sabe que o xing ling não irá durar nem 6 semanas até apresentar o primeiro problema de bateria? Ou então, sendo um corredor, daqueles que vão à academia todos os dias, comprar um tênis que, apesar de mais barato, irá apresentar desconforto e falta de aderência logo nos primeiros meses? Ou um colchão que é mais mole que gelatina depois de 3 horas fora da geladeira?
A lição mais valiosa das compras da Luciene aparece escrita no final do artigo:
“O prazer de gastar não compensa à insatisfação de uma vida financeira desorganizada.”
Que todos tenha isso em mente.
Efetividade.blog. Finalmente, o Jônatas comenta, em seu post Conclusões de uma compra racional, a aquisição de uma pasta executiva. E uma coisa que vale a pena destacar aqui é a necessidade de você ter a habilidade de negociar, e isso não só por meio da técnica de pedir descontos, mas também por meio da capacidade de identificar margens para negociação de descontos ainda maiores:
“Conversei com a vendedora e falei que iria levá-la, o preço continuava o mesmo (em cinco vezes no crédito), e chorei por desconto. 5% à vista foi a resposta da vendedora. Gostei, mas achei que veio rápida demais. Só, foi minha réplica!? Ela perguntou: Como você vai pagar? Respondi: Cartão de crédito. Veio a tréplica: Se você pagar no dinheiro, faço por R$ 312,00. Contas rápidas e chego a conclusão que pagando R$ 312,00 eu estaria com 8% de desconto. Gostei, vou levar. Vou ao banco sacar o dinheiro e retorno em breve”.
Observem o trecho destacado do diálogo. Ele achou que a resposta veio rápida demais, ou seja, é aquele tradicional “desconto padrão”, que vem embalado igualmente numa “resposta padrão”, que, como quase sempre, não corresponde ao desconto máximo que pode ser oferecido.
Outro problema bem identificado é a diferenciação, que algumas lojas ainda fazem, entre pagamento em dinheiro ou cartão de débito, e pagamento com cartão de crédito. A diferenciação é proibida, mas no comércio ela é praticada às favas.
Conclusão
Acrescentando às dicas de compras desse giro temático, outra coisa que aconselho e que vale a pena: se você não conseguir mais desconto, acham que ainda há um espaço para mais desconto, e não vai precisar imediatamente do produto, falem para o vendedor que irão sair da loja e procurar em outro lugar. Essa técnica funciona, desde que atendidas, evidentemente, as premissas acima delineadas.
Quase sempre os vendedores dizem que “irão conversar com o gerente”, e quase sempre você consegue o desconto almejado.
O exercício de fazer compras, como se vê, é um ato complexo, que requer o domínio de faculdades racionais, como o preenchimento de necessidades, em vez de desejos, e a habilidade de negociar, e também o domínio de faculdades emocionais, como não se deixar levar pela aparência dos produtos, e superar o “medo de desagradar” o vendedor. No final das contas, compras bem feitas – no contexto de uma vida financeira organizada, como bem lembrada pela Luciene – fazem bem ao corpo, à mente e ao bolso!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Não conhecia o blog da Luciene, valeu pela dica!
Realmente, comprar é algo complexo, sim. Não dá pra ser uma coisa impulsiva. Afinal é nosso rico dinheirinho que está em jogo, certo?
E fale da sua compra!! Aguardo o artigo!!
Bjão!
Valeu pela citação Guilherme,
Realmente essa sintonia é algo bem bacana.
Sinto que aos poucos estamos conseguindo ensinar as pessoas a gastarem racionalmente.
Abraço, fica com Deus!
Muito interessante Guilherme. Eu não tenho nenhuma paciência para fazer compra, mas sempre incomodo em descontos.
Sobre esta parte:
“Outro problema bem identificado é a diferenciação, que algumas lojas ainda fazem, entre pagamento em dinheiro ou cartão de débito, e pagamento com cartão de crédito. A diferenciação é proibida, mas no comércio ela é praticada às favas.”
É realmente proibído diferenciar o desconto em relação a forma de pagamento? Em cartão de crédito por exemplo a empresa paga taxas, um dos motivos da diferenciação.
Abraços!
Eba…….giro pelos blogs. Gosto muito deste tipo de artigo. 😀
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Acho importante também vc não demonstrar MUITO interesse pelo item, pois se o vendedor notar que o item a ser negociado é extremamente importante para o comprador, sendo o vendedor um cara experiente, dificilmente você conseguira um desconto que poderia conseguir caso não tivesse demonstrado MUITO interesse pelo item.
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Isto pode ser percebido nas provas do programa O Aprendiz, tanto nas versões brasileira, americana e inglesa, existe uma prova (e é uma das minhas favoritas) que consiste em comprar ou vender diversos itens durante 1 dia e no final ganha a equipe que gastar menos na compra dos itens. Já ocorreu várias vezes de uma das equipes conseguir achar determinado item quando o tempo está se esgotando e chegar desesperada demonstrando pressa e não conseguir 1 centavo de desconto porque o dono da loja (que não é bobo) percebendo o desespero e a pressa dos compradores manteve o preço do produto.
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Olha até lembrei agora se não me engano foi no 1o Episódio da 4a Temporada do aprendiz inglês, que aconteceu algo parecido, só que caso as equipes estavam vendendo peixes. Aconteceu que faltava meia hora para acabar a prova e uma das equipes ainda não tinha vendido todos os peixes, e tanto lugar para tentar vender os peixes, os caras foram justamente num escritório de advogados kkkkkkkkk. Sei que o advogado, acho que era promotor, que negociou o preço com a equipe percebeu o desespero dos caras e baixou o preço de 200 pounds pra algo tipo 20/30 pounds, sei que foi uma mixaria. No fim das contas, a equipe não teve outra saída a não ser vender pelo preço oferecido e acabou perdendo a prova. Foi uma das provas mais engraçadas que vi até hoje.
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Abcs
Thaís, em breve um artigo a respeito!
Jônatas, com certeza!
RP, eu acredito que sim. Obtive essa informação lendo o blog do Jônatas.
Willy, muito interessante a sua dica! E gostei do relato do Aprendiz!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Oláááá Guilherme!!!
Mesmo um pouco atrasada quero agradecer a lembrança.
Muito legal a sua percepção!
Grande Abraço
Olá Luciente, obrigado pelas palavras!!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!