Às vezes, você chega ao trabalho já estressado, porque tem que lidar com um chefe igualmente estressado. Mal se senta em sua cadeira e já tem pilhas de relatórios a serem lidos e devidamente analisados. No seu ambiente de trabalho, convive com pessoas que não têm ânimo nem energia para praticarem uma boa conversa. E seu trabalho é constantemente interrompido por telefonemas que pipocam a cada 15 minutos. Todo final de dia de trabalho volta para casa desanimado, sem vigor e ainda irritado com os diversos problemas que teve que lidar ao longo do dia. Se você acha que seu emprego está criando mais sofrimento do que alegria, a solução é uma só: sair do emprego e encontrar outro melhor. Você precisa criar uma alternativa, um trabalho em que possa ter mais tranqüilidade e cujo ambiente reflita melhor seus valores e suas aptidões. Você sabe que não está num bom emprego, mas que está batalhando para encontrar um trabalho melhor.
Não se trata de desenvolver um “plano B”. Plano B é plano subsidiário, acionado quando o plano principal, que é o mais importante, não funciona. Trata-se, isso sim, de desenvolver um plano “A”, que seja tão bom e valioso quanto o primeiro, ou até melhor.
Profissionais que estão caminhando para a aposentadoria também precisam criar possibilidades de escolha quando saírem da empresa na qual trabalham. Desenvolver um segundo trabalho, uma consultoria, por exemplo, na pós-aposentadoria, é essencial para que as enormes quantidades de tempo livre que passarão a estar disponíveis, não sejam preenchidas com atividades sem significado nem utilidade. A construção de uma segunda carreira, uma carreira paralela, nada mais é, assim, do que criar uma possibilidade de escolha.
Vamos a um terceiro exemplo. Você sempre viajou pela empresa aérea “A”. Gosta dela, dos serviços que ela oferece, e procura sempre transferir seus pontos do cartão de crédito para sua conta no programa de fidelidade dela. Mas o que fazer se ela, de repente, começar a se afundar num mar de dívidas e, por conta disso, seus serviços piorarem na qualidade, as milhas ficarem mais difíceis de serem resgatadas por viagens-prêmio, e atrasos e filas se tornarem freqüentes? A solução é ter “cartas na manga”, ou seja, considerar a possibilidade de viajar também pela empresa aérea “B”. E não só viajar por ela, mas também acumular parte de seus pontos do cartão na conta de programa de milhagem dessa cia. aérea “B”. Isso lhe dará liberdade e tranquilidade de saber que, caso não possa voar pela “A”, voar pela “B” também terá suas vantagens. E isso só será possível se você criar uma possibilidade de escolha.
Tanto no caso da mudança do emprego quanto na hipótese de preparação para aposentadoria, ou ainda quanto na hipótese da troca da empresa aérea, ter possibilidades de escolha permite que você não fique refém, não fique escravo, não fique preso, a uma única opção, dando a você condições de optar pela escolha que for mais adequada diante de um determinado contexto.
A própria independência financeira é um processo que cria possibilidades de escolha. Aliás, isso está na essência mesmo da independência financeira. Quando você atinge um patrimônio que produza renda passiva suficiente para cobrir suas despesas, somado a um estilo de vida que faça você depender menos de dinheiro, conforme afirmamos em outro tópico, o que você estará fazendo, na essência, é criar uma possibilidade de escolha: trabalhar ou não trabalhar, eis a questão. Você não precisa trabalhar. Você não precisa gastar seu precioso tempo por dinheiro, afinal, você já tem dinheiro. A escolha é sua: pode continuar trabalhando, ou pode parar. E a escolha só existe porque você a criou, porque você a conquistou. A conquista da independência financeira é, assim, ela própria, um ato de criação de possibilidade de escolha. Simples assim.
Benefícios da criação de possibilidades de escolha.
Você não fica refém de uma determinada atividade. Você pode transitar entre as opções “A” e “B”. Você pode escolher o que fazer nas férias: viajar para aquele local paradisíaco, ou ler todos aqueles livros que você estava querendo ler? Ambas as opções são válidas e legítimas, já que ambas proporcionam lazer de qualidade e desfrute de horas de prazer. A escolha é sua.
Você tem liberdade para fazer o que for melhor. Jantar no restaurante com os amigos, ou convidá-los para jantar em sua casa? Aprender a cozinhar cria uma efetiva possibilidade de escolha, além de provavelmente fazer você entrar em estado de fluxo. O convívio com os amigos é o mesmo, independentemente de esse convívio se materializar numa mesa de restaurante ou numa mesa da sala de jantar. Pagar com Visa ou com Mastercard? Aposto que essa é uma coisa que boa parte dos leitores já deve fazer em sua rotina diária: vocês provavelmente levam na carteira pelo menos um cartão da bandeira Visa, e outro da Mastercard. Assim, caso um estabelecimento só aceite, digamos, o Visa, você terá se precavido ao levar na carteira um cartão dessa bandeira. Mas você também pode escolher, na hora de fechar a compra, qual é o melhor cartão para efetuar o pagamento, caso a loja aceite ambos. O que confere mais milhas? Qual “empurra” a compra para a fatura com data mais longe (ou mais próxima)? A liberdade só é proporcionada porque existem duas opções disponíveis.
Você aumenta sua sensação de bem-estar e fica com mais paz de espírito. Você pode viajar usando as milhas de sua conta de fidelidade, ou então pagar com dinheiro, se a passagem estiver numa promoção (e não num promocinho, como bem gosta de alertar meu amigo Rodrigo Purisch). Você pode se dar ao luxo de escolher porque você criou a possibilidade de escolha.
Mas você deve ser seletivo e sábio ao criar possibilidades de escolha. Exemplo: não dá pra ficar trocando de cônjuge achando que isso vai resolver seu problema de relação matrimonial. Muitas vezes o que precisa ser mudado é uma situação, e não uma pessoa. Em casos como esse, por óbvio, a criação de alternativas não se resolve mudando o sujeito da relação, mas sim o objeto da relação.
Por fim, vale ressaltar que criar possibilidades de escolha não significa criar portas de saída – saída significa fuga, e o que você mais deseja é menos fugir da dor, e mais buscar o prazer, satisfação e a liberdade. O correto, então, não é criar portas de saída, mas sim ampliar as portas de entrada. Entrada para novos ares, novas e melhores condições, novas e melhores situações, onde você possa desfrutar de uma vida plena e de mais sentido.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Caro Guilherme, fantástico seu blog e principalmente este post, que me levou a todos os outros relacionados: estado de fluxo, malefícios da televisão, consumismo e inferiorização do sujeito pela publicidade – gostei da menção à propaganda do carro “você fez por merecer” – é uma fábrica que começa com a letra F e o carro também ? 😉 Pensei a mesma coisa quando vi esse comercial…
Sobre este post, sofrimento é não ter possibilidades de escolha. Coincidentemente, um famoso ator de cinema também declarou isso outro dia. Atingira um estado tal na sua carreira que lhe permitia escolher os trabalhos, os papéis que iria desempenhar, e refletira sobre quantos de nós não temos essa oportunidade. Muito bom.
Grande abraço
Arthur
Valeu, Arthur!
Sim, a propaganda do carro é dessa marca e modelo de carros sim!
E obrigado pela reflexão!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!