Nessa série “aprenda com meus erros de investimentos”, mostrarei a vocês os erros que cometi com diversos tipos de investimentos, bem como os caminhos para que você não incida nos mesmos erros, e tome decisões acertadas acerca de seus investimentos no mesmo tipo de produto narrado na história. O objetivo é evidenciar que o erro está menos no investimento e mais no comportamento do investidor.
A história
Na minha *segunda semana* como operador na Bolsa de Valores, lá pelos idos de 2007, cansado de operar pequeno, resolvi fazer uma aposta maior. Comprei um lote inteiro de ações da Gerdau (GGBR4). E lá fui eu mandar a ordem de compra na corretora do BB:
Isso mesmo que vocês estão pensando: eu paguei absurdos R$ 50,70 pela corretagem – na época, o BB ainda não tinha a corretagem fixa de R$ 20. Na verdade, eu estava operando totalmente no escuro: não façam isso em casa, crianças! Eu não olhei gráfico, não olhei fundamentos, não olhei o mercado. Simplesmente queria comprar mais ações do que na ocasião anterior, relatada no terceiro capítulo da série.
Se, naquele episódio, eu levei muito ao pé-da-letra o princípio de operar pequeno, dessa vez eu exagerei na dose na hora de executar a ordem de compra. Vejam só que incoerência: num dia, dando uma ordem no mercado fracionário, ou melhor, “unitário”, no outro dia, mandando “pras cucuias” ordens de valores extremamente altos.
Por sorte, consegui fechar a operação com lucro, cinco meses depois. Já operando por uma corretora que cobrava R$ 15 por ordem executada, vendi o lote de Gerdau a R$ 52,66. Dessa forma, descontando custos e emolumentos, o valor líquido recebido foi de R$ 5.248,86. Subtraindo-o pelo valor total gasto na compra, houve um lucro líquido de R$ 101,86. Ou seja, de 1,97%, em cinco meses. Meu longo prazo durou exatos cinco meses…
Os erros
Foram três os principais erros cometidos nessa operação.
Primeiro erro
Primeiro, ter operado um valor muito alto sem o conhecimento prévio. O problema não é operar valores altos, mas sim operar valores altos sem saber direito o que se está fazendo. Repeti o problema que ocorreu quando da operação no “unitário”, mas, como falei naquele artigo, e volto a enfatizar aqui, trata-se de um erro em que me dou um desconto, tendo em vista que só fui buscar informações sobre como investir na Bolsa, com consciência e inteligência, depois.
Pelo menos para mim, depois de tantos erros e acertos, cheguei à conclusão de que o melhor, por ora, é investir na Bolsa operando valores pequenos, e de forma gradual – mas não tão pequenos quanto no caso do “unitário”.
Acredito que a grande maioria dos investidores que iniciam na Bolsa começam investindo valores expressivos de seu patrimônio (como foi o meu caso), e sem buscar previamente a orientação adequada. E, normalmente, eles estreiam na Bovespa quando o mercado está em alta. Ou seja, eles compram na alta, compram sem conhecimento prévio, e compram apostando (literalmente apostando) valores altos. Fazem um aporte único, e torcem para a ação subir. São os típicos investidores-torcedores, já relatados em outros tópico.
Um pouco antes de escrever esse artigo, fiquei impressionado com a história de um investidor, relatada no programa do Mauro Halfeld na CBN. O sujeito havia feito um aporte único de R$ 680 mil na Bolsa, em outubro do ano passado, quando a Bolsa estava fervendo, e, agora, vendo o seu patrimônio derreter R$ 150 mil, estava em dúvida no que fazer. Segundo o Halfeld, o leitor não estava precisando do dinheiro no curto prazo. Menos mal.
Gente, quase R$ 700k de uma só vez, e ainda por cima quando o IBovespa estava subindo rumo aos 67 mil pontos? Certamente ele também investiu sem conhecimento prévio. Além de ter investido tudo de uma só vez. Num mercado em alta. E, naturalmente, torcido para a ação subir.
Mas esse não é o único caso que conheço.
Anos atrás, conversando com uma gerente de banco, ela comentava o caso de um cliente que havia depositado R$ 250 mil num PGBL concentrado em ações, de uma só vez (!!!), e ficava todo dia olhando o saldo da conta, para saber se estava ganhando ou perdendo. Ai ai ai… que falta faz a educação financeira…
Segundo erro
O segundo erro foi não prestar atenção nos custos de corretagem. Mesmo naquela época já havia corretoras que cobravam valores fixos, independentemente do valor investido. No caso em questão, eu operei numa corretora que utilizava a Tabela Bovespa, cujos custos de corretagem são proporcionais aos valores investidos. Ou seja, quanto maior o valor aportado, maiores são os custos de corretagem. E, quanto maiores os custos de corretagem, menor a rentabilidade líquida que retorna para o bolso do investidor.
Felizmente, percebi o “engano”, e transferi a custódia das ações para uma corretora que cobrava R$ 15 por operação.
Nesse tipo de situação, ou melhor, para evitar esse tipo de situação, uma palestra ou curso sobre mercado de ações certamente evitaria que eu cometesse esse tipo de erro. Ou mesmo uma simples busca de informações na Internet.
É por essas e outras que gosto de falar: às vezes, a experiência é nossa melhor professora. É cada lição que a gente toma…
Terceiro erro
O terceiro erro foi o desejo de vender a ação assim que ela “empatasse” com o valor investido, isto é, assim que o valor originariamente aportado fosse novamente alcançado. Isso porque, alguns dias depois da compra, o preço da ação desabou, e ficou oscilando próximo ao preço da compra, mas sempre no negativo. Assim que surgiu uma oportunidade para vendê-la com lucro, executei a ordem de venda.
O resultado foi uma rentabilidade inferior a 2%, em cinco meses. Se o dinheiro tivesse sido aplicado na renda fixa, ou até mesmo na poupança, o mais conservador dos investimentos, o ganho teria sido praticamente dobrado. Mas o pior mesmo foi ver a ação decolar até às alturas alguns meses após a venda…Ou seja, se eu tivesse vendido as ações algum tempo depois, o lucro embolsado teria sido beeeeeem maior…
Lições para o investidor
Não dá para investir na Bolsa sem um estudo mínimo do mercado, da empresa, dos objetivos do investimento, e sem prestar atenção nos custos da operação. E esses foram os erros cometidos. Eu assumi um risco muito alto em operar um valor alto sem saber direito como operar na Bolsa.
A Gerdau é uma excelente empresa, que poderia muito bem integrar um portfólio diversificado de ações, mas as suas compras devem ser feitas, se o objetivo é montar uma carteira de acumulação, preferencialmente de forma gradual, e em “parcelas”.
No exemplo acima, os R$ 5 mil investidos de uma só vez poderiam muito bem ser repartidos em dez parcelas de R$ 500. Ou, pelo menos, aos R$ 5 mil investidos inicialmente, poderiam ser acrescentados novos aportes, nos meses subsequentes, principalmente porque a ação caiu ao longo desses meses.
Ou seja, havia o ambiente ideal para a montagem de um preço médio mais baixo, o que favoreceria a saída da operação.
Bom, como eu disse acima, nada como a experiência pessoal para nos ensinar como as coisas devem ser feitas.
Hoje, você, Guilherme, compraria R$ 5 mil em ações da Gerdau ou de qualquer outra empresa, de uma só vez?
Dificilmente, mesmo num mercado em baixa. O valor é muito alto para investir numa só empresa, de uma só vez – ao menos para meu perfil de investidor. Quando o mercado está nervoso, todas as ações vão ficando baratas, e não apenas uma ou outra. Sim, o segredo é diversificar então, para diluir os riscos.
Como eu disse em ocasiões anteriores, o importante é você estudar o mercado, experimentar as diferentes possibilidades de investimentos, e utilizar o método que mais se adapte ao seu perfil de investimento.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Outros artigos da série:
Aprenda com meus erros de investimentos #1: CDB a 85% do CDI!? Uauuu…
Aprenda com meus erros de investimentos #3: Comprando, no home broker, uma ação. Literalmente.
Olá Guilherme,
Fui lendo e rindo sozinho aqui. Será que eu cometi erros parecidos? kkkkk
Fica com Deus.
Abraço!
Ótimas reflexões Guilherme!
Acredito que um erro que MUITOS ainda insistem em cometer é o número 3.
Compram um ativo por R$ 50,00. Daqui a alguns meses está em R$ 40,00 e ele fala:
“Essa vai ficar pra longo prazo. Não posso vender no prejuízo…”
E isso não acontece só com iniciantes não…
Mas e se:
1. A carteira estiver muito concentrada em ações dessa companhia?
2. Houver melhores oportunidades em outros ativos?
3. A empresa não apresentar mais bons fundamentos?
Ainda valhe a pena manter esta posição?
É por isso que adoro a alocação de ativos. Cada ativo tem sua função. E o mais importante:
“O todo é maior que a soma das partes.”
Grande Abraço!
Jônatas e Henrique, obrigado pelos comentários!
Henrique, ótimas as suas reflexões! São perguntas assim que nos conduzem a escolhas mais acertadas.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Excelente artigo envolvendo assuntos de interesse aos iniciantes. Parabéns por estar dividindo seus conhecimentos .
Valeu, Equipe Trader!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Quantos anos para chegar no primeiro milhão?
Marcos, depende bastante do investimento escolhido, do valor e periodicidade dos aportes, da taxa de juros esperada. No blog http://www.hcinvestimentos.com há planilhas que podem te ajudar nessa tarefa!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
olá amigos
tem como vcs indicam alguns livros de investimento de bolsa de valores/ações ?indicando com 2 livros de cada nivel ( iniciante, intermediário e avançado)pois preciso estudar muito ante de comerçar , abraços