Os blogs não vivem só dos artigos que seus autores – e colaboradores – escrevem. Eles são espaços de comunicação por excelência, onde os leitores também têm voz, e voto (quando enquetes são realizadas, por exemplo). As caixas de comentários dos artigos são riquíssimas de exemplos onde florescem criatividade, informação e diálogo por parte dos leitores. A interatividade é uma das marcas dos blogs, e saber valorizá-las faz parte da cultura de quem prioriza o intercâmbio de ideias para a promoção do conhecimento.
Eu gosto muito de ler os comentários dos diversos blogs que leio, e daí surgiu a ideia: por quê não escrever um artigo sobre eles? Pois o tema do giro temático de hoje é uma justa homenagem aos leitores, que são a razão de existência dos blogs.
Vamos, então, começar pelo fato do momento: ontem, 13 de maio, a TAM entrou oficialmente na Star Alliance, uma aliança global de empresas aéreas. Mas a qualidade de seus serviços tem decepcionado muitos e muitos clientes – muitos mesmo! Tanto é assim que o Rodrigo Purisch elaborou um excelente artigo relatando suas preocupações com a TAM, a partir de comentários que diversos leitores escreveram no blog Aquela Passagem.
Viagens lembram férias, e quem acabou de voltar do descanso é o Zé da Silva, que anunciou, no Clube do Pai Rico, que mais de 80 mensagens estavam à espera de resposta/moderação. E nos comentários ao tópico, ele conta das aventuras de ter estado a menos de 500 metros do carro da bomba (em Nova York)…
O Trent escreveu, no The Simple Dollar, um dos meus sites favoritos, um artigo sobre a dúvida de um jovem recém-graduado da faculdade, entre duas escolhas: trabalhar num emprego bem-remunerado, ou voltar aos bancos escolares para estudar filosofia, uma das coisas que esse jovem leitor mais gostava de fazer. Apesar de a opinião do Trent ser bem enfática, no sentido de que o jovem deveria seguir suas paixões, e deixar o emprego de lado, a reação dos leitores foi no sentido diametralmente oposto, o que me impressionou bastante, pois foi um dos poucos casos em que eu acabei concordando com os leitores do The Simple Dollar.
Lendo os comentários do artigo, percebi que a maioria dizia que a ideia do Trent era até boa na teoria, mas na prática a realidade era bem diferente. Boa parte dos pontos-de-vista contrários são muito bem escritos, e vou destacar alguns comentários de leitores norte-americanos aqui:
Marta:
“I get what you are trying to say: follow your dreams before you are too bound by real life responsibilities. It’s a nice sentiment but not very realistic for most people.
A college graduate in the USA will most likely have student loans debts to her name. Health insurance will be a concern as well, because you are still pretty far from an universal health care system. She has a car, okay. That carries a lot of costs.
She can cut your costs all you want, but there are things she just won’t be able to skip (not if she’s being truly independent), and at 7 dollars an hour (whatever minimum wage is) she won’t have a lot of breathing room.
Wouldn’t it be better for this hypothetical college graduate to get a decent/good paying job (not that easy in this economy) and try to save quite a bit? Sure, you can get too comfortable in good job, but it’s easier to pursue dreams when there is some money in the bank. And that money will hardly come from working minimum wage jobs.
You, for example, say you have fulfilled your dream of being a writer. How did this happen? You went to college, took some student loans, got a good paying job… […]. How would you have got there if you hadn’t gone through all of that? Is it realistic to think you’d be able to make it if you had been writing fiction or whatever after college, while working at your gas station? Good luck with that!”
Numa tradução livre:
“Eu sei o que você está tentando dizer: busque seus sonhos antes que fique vinculado a muitas responsabilidades na vida real. É um bom sentimento, mas não muito realista para a maioria das pessoas.
Um universitário nos EUA provavelmente terá dívidas com empréstimos estudantis no seu nome. O seguro-saúde será uma preocupação também, porque você está ainda muito longe de ter um sistema universal de planos de saúde. Ela tem um carro, tudo bem, mas que carrega um monte de despesas.
Ela pode cortar todos os custos que quiser, mas há coisas que não há como eliminar (exceto se ela for verdadeiramente independente), e sete dólares por hora não lhe irá fazer respirar mais.
Não seria melhor para esta hipotética estudante universitária obter um trabalho decente/bem remunerado (coisa que não é fácil nesta economia) e tentar se salvar um pouco? Claro, você pode ficar muito confortável no bom trabalho, mas é mais fácil perseguir sonhos quando houver algum dinheiro no banco. E esse dinheiro dificilmente vêm trabalhando em empregos de salário mínimo.
Você, por exemplo, diz que alcançou seu sonho de ser escritor. Como isso aconteceu? Você foi para a faculdade, teve alguns empréstimos estudantis, teve um bom emprego ….Como é que você chegou lá, se você não tivesse passado por tudo isso? É realista pensar que você seria capaz de fazê-lo se você estivesse escrevendo ficção ou o que quer que seja, depois da faculdade, enquanto trabalhava num posto de gasolina? Boa sorte!
Nicole:
“I would recommend that the questioner read Your Money or Your Life. In it, note that the authors do NOT recommend the path Trent is suggesting. Instead, they recommend working and building a cushion while you are figuring out what is “enough” for you and plotting a path to pursue your passion.
It is never too late to pursue your dreams, but sometimes it is too early. Especially when you’re not really sure what your dreams are and you don’t have a realistic picture of them.
You are MUCH better off getting that philosophy degree when you have a million in the bank and don’t need employment to pay for your expenses. To become a philosophy professor someone literally has to die for a position to become available. […] There are a lot of people with higher degrees in philosophy working at Starbucks”.
Numa tradução livre:
“Eu recomendaria que o entrevistador lesse Dinheiro e Vida. Nela, note que os autores não recomendam o caminho que Trent está sugerindo. Em vez disso, os autores do livro recomendam trabalhar e construir um colchão enquanto você estiver descobrindo o que é “suficiente” para você e para traçar um caminho para buscar a sua paixão.
Nunca é tarde demais para perseguir seus sonhos, mas às vezes é demasiado cedo. Especialmente quando você não estiver realmente certo de quais são seus sonhos e você não tiver uma visão realista dos mesmos.
Você está em muito melhores condições em obter um diploma de filosofia quando você tem um milhão no banco e não precisa do emprego para pagar suas despesas. Para se tornar um professor de filosofia, literalmente, alguém tem que morrer para que uma vaga se torne disponível. […] Há uma grande quantidade de pessoas com graus mais elevados em Filosofia trabalhando na Starbucks”.
Num ótimo artigo publicado no Dinheirama, sobre cheque especial, o leitor Miguel Botelho escreveu o seguinte comentário:
“A idéia de ter um próprio cheque especial foi o que me fez reservar um valor equivalente ao meu gasto mensal para ir pagando as contas até que a minha receita do mês seja liberada. Recebo aluguéis de imóveis mas, às vezes, atrasam, e eu uso essa reserva para manter minhas contas em dia, essa foi uma das minhas primeiras preocupações para poder contar com esse tipo de imprevisto”.
Cheque especial nunca, nunquinha!!!”
O Investimentos e Finanças escreveu um artigo bastante didático sobre os desdobramentos da crise econômica, sobre o qual se manifestou o leitor Flávio:
“Podemos concluir que o endividamento destes países está e irá sufocar a população durante anos para que a conta seja paga. O que vale para pessoas e empresas, também vale para os orçamentos dos países, ou seja, quanto mais devemos, mais juros pagamos e mais comprometidos ficamos. Nosso País já viveu essa experiência. Tomara que o capítulo final não seja o calote. Concordo com a proposta de aproveitar moderadamente o valor baixo de nossos ativos (renda variável e renda fixa)”.
No HC Investimentos, a informação com qualidade alcança também os leitores. Vejam o ilustrativo comentário do leitor Leandro Lorenzon, a respeito dos fundos imobiliários:
“Olá Henrique e demais,
Primeiramente, parabéns pelos seus posts sobre FII. Definitivamente você esta atingindo seu objetivo de “Informação com qualidade”.
Após trabalhar no mercado no mercado imobiliário no Brasil (setor de Incorporação e Construção- http://www.linkedin.com/in/leandrolorenzon), vim para os EUA avançar meus conhecimentos nesta área, principalmente em REITs. Sou estudante de full-time 2 years MBA do Graaskamp Center for Real Estate – Wisconsin School of Business, instituição de referência em mercado imobiliário em nível global.
Me chamou muito a atenção o papel dos FIIs, por possuírem finalidade parecida com os REITs.
A indústria de REIT evoluiu bastante especialmente nos últimos 15 anos no EUA. O grande boom de REITs ocorreu entre 1993 e 1998 com uma série de IPOs e SEOs por parte de incorporadores imobiliários que precisavam de capital para se livrarem de alto endividamento que sofriam naquele momento. Esta empresas se tornavam públicas através da oferta de ações e mudavam para o status de REIT para serem isentas de Imposto de Renda no nível corporativo.
Atualmente os REITs são visto como empresas operantes e não como fundos de investimento apenas. Uma REIT típica nos EUA além de gestão do portfólio oferece uma cadeia vertical de produtos e serviços no mercado imobiliário que pode ir desde aquisição de terras e incorporação até a gestão de condomínio e contrato de aluguel…”
O comentário completo vocês podem acompanhar no blog do HC Investimentos.
Nos comentários sobre a atualização de sua carteira mensal de abril, no blog Viver de Renda, diversos leitores falaram sobre suas próprias carteiras de investimentos. A conferir.
No descontraído, informativo e bem elaborado blog Hoje eu não comprei, o último balanço semanal feito pela Thaís inspirou diversas leitoras a seguirem pela mesma trilha de economizar, conforme podemos observar na caixa de comentários do referido artigo.
E, para finalizar, vamos destacar um comentário, extraído aqui do Valores Reais, do prestativo leitor puigllum, sobre óculos, armação e economia doméstica:
“Prezado Hotmar:
Há uns seis meses, fiz exatamente isso que V. nos recomenda, e não me arrependi: num desses estabelecimentos chamados «clínica de óculos», mandei dar um polimento, com troca de dobradiças e banho de ouro, numa armação de qualidade que eu tinha já desde há muitos anos, mas que ainda se encontrava em bom estado, pois era um produto excelente, e caro, quando comprei. Fiquei agradavelmente surpreso com o resultado do serviço.
Depois, simplesmente levei-a a uma óptica para fazer os novos óculos e pronto. Ganhei óculos novos, com armação nova, com uma economia de, pelo menos, uns 50%.
Excelente ideia!
Cordialmente,
puigllum”
Como vocês podem perceber, comentários são uma excelente fonte de informações para complementar as ideias que são colocadas nos artigos. E você também pode assinar os feeds dos comentários do blog. É só colocar em seu leitor de feeds RSS esse endereço:
http://valoresreais.com/comments/feed/
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Olá Hotmar! Venho encontrando blogs de muita qualidade na internet. Adoro! O problema é que acabo gastando algumas horas na frente do micro lendo os conteúdos ricos que encontro e meus olhos começam a doer. Esse é o grande problema dos micros. Presumo que vc tb faz o mesmo, ou seja, como leitor assíduo, passa algumas horas do dia lendo na telinha. Vc usa alguma coisa para deixar a leitura mais confortável e proteger os olhos? Na sua opinião, qual é a melhor forma de ler na internet? Laptop? Monitor? Ipad? Kindle? Não dá pra imprimir tudo né…
Olá, Elvis, obrigado pelo comentário!
De fato, gastamos boa parte de nosso tempo de leituras em blogs da Internet, assim, eu sigo as seguintes dicas:
– Quando eu leio no notebook/monitor, procuro deixar o ambiente bem iluminado, para evitar a existência de contraste entre o brilho do ambiente e o brilho da tela. O ambiente bem iluminado faz com que os olhos fiquem menos cansados;
– Procuro deixar o notebook numa posição tal em que a tela fique um pouco abaixo da linha de visão, uns 30º, mais ou menos. Isso evita que a cabeça fique muito curvada pra frente, evitando, portanto, problemas de coluna;
– Faço ciclos de leitura na tela do notebook de, no máximo, 40 a 50 minutos, após o qual faço uma parada e olho para o horizonte, através das janelas, piscando. Isso evita a “secura” dos olhos, e lubrifica a região ocular. Uma enxaguada no rosto também vai bem nessas ocasiões;
– Supõe-se que o Kindle canse menos os olhos, por conta da tecnologia de tinta eletrônica. O iPad eu não sei se tem algum mecanismo de evitar cansaço visual mediante a leitura na tela. De qualquer forma, uso bastante os smartphones para ler em momentos de ociosidade, como esperas em restaurantes, filas de supermercado e saguões de aeroporto.
– Quando eu leio na tela do monitor/notebook, ajusto os níveis de luminosidade para que não fiquem com excesso de brilho, já que o foco da minha visão costuma ser texto, e não figuras, vídeos e similares.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Guilherme, é um grande prazer participar por meio de comentários de blogs como o teu e outros listados nesse artigo. Um grande abraço.
Obrigado, Flávio!
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Que interessante este tipo de artigo Guilherme. 😛
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Este tipo de artigo que você escreve “giro pelos blogs” traz informações de outros blogs também informativos e interessantes que a gente nem conhece e muitas vezes por falta de tempo acaba não acessando. Seria possível escrever mais artigos neste estilo??
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Abcs
Claro, Willy!
No mês que vem, terei mais tempo livre, e essa série voltará com força total!
Outras séries que voltarão serão “aprenda com meus erros de investimentos”, e “dando nome aos bois”.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!