UMA FELIZ PÁSCOA PARA TODOS OS LEITORES DO BLOG!!!
Um dos valores fundamentais que considero mais importantes para um ser humano cultivar é o valor da família. Não só porque é na família que se estruturam os primeiros laços de relações sociais dos filhos, mas também porque é a partir da família que se irradiam tantos outros valores tão importantes à sociedade, como amor, respeito, solidariedade, e por aí vai. A família não é só a base da sociedade, como preconiza a Constituição: ela é a base do indivíduo.
A partir de um comentário do leitor Elvis no blog, me deparei com o ótimo blog de Stephen Kanitz, renomado administrador e importante defensor de projetos sociais e do voluntariado. Tal blog, por sua vez, me levou à leitura do livro que é objeto de resenha de hoje. Afinal, qual é a importância da família na sociedade atual? É possível conciliar trabalho e família? Como se deve proceder na educação dos filhos? Conforme disse Stephen Kanitz em uma entrevista acerca da obra:
“Esse livro foi escrito para se dirigir a dois grupos: um é o do casal que está esperando um filho, o outro é para quem está pensando em se separar. Para o primeiro grupo, quero propor uma reflexão maior, algo como: o que você está fazendo quando está tendo filhos. As gerações de hoje pensam mais nisso, mas antigamente, era uma coisa natural, você se casava e tinha filhos, pronto. O livro explica porque é legal ter filhos. Para o segundo grupo, aquele em que um dos dois está pensando em se separar, quero lembrá-los de que eles não estão se separando só um do outro, mas também dos filhos”.
Depois de ler o livro inteiro, posso complementar dizendo que a obra também é indicada para qualquer outro tipo de pessoa interessada nesse fascinante tema que continua centro de debates de muitas discussões. Do que exatamente trata o livro? Qual é a sua mensagem central? Vamos descobrir na leitura da resenha abaixo.
Informações técnicas
Título: Família acima de tudo – Descubra o verdadeiro valor das pessoas mais importantes de sua vida
Autor: Stephen Kanitz
Número de páginas: 160
Editora: Thomas Nelson Brasil
Faixa de preço: R$ 20 a R$ 30
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A mensagem central do livro é a de que a família é a base da civilização, ou seja, o que nos tornou humanos foi a passagem da poligamia para a monogamia e a constituição da família. Para explicar tal fato, de forma didática, o autor usa a metáfora da existência de dois tipos de homens, o homem tipo G, e o homem tipo P. O homem tipo G – G de garanhão – é o que sobrou da fase poligâmica, ao passo que o homem tipo P – P de paizão, é descendente daqueles primeiros homens que perceberam a conexão emocional e espiritual com seus filhos, dando início à monogamia.
Paralelamente, também existiram – e ainda existem, ou melhor, coexistem – dois tipos de mulheres: a mulher tipo G – G de guerreira – que são as independentes, que sabem cuidar de seus filhos, sem a necessidade de um companheiro; e a mulher tipo P – P de parceira – que aceitaram dividir as responsabilidades de criação dos filhos com os homens tipo P.
O que diferenciam ambos os tipos de pessoas – tipo P e tipo G – seriam suas estratégias de procriação e investimento paternal. Assim, as pessoas de tipo G – tanto homem como mulher – não têm família, nem acreditariam na família. Segundo o autor, o que nos tornaria humanos, dentro da cultura P (isto é, do conjunto de valores desenvolvidos por homens e mulheres tipo P) – seria o surgimento dos irmãos, já que, quanto mais genes em comum, maior seria a cooperação entre os humanos, e maiores os laços de fraternidade e solidariedade.
No capítulo 2, o autor trata do prazer de ter filhos, abordando que um desses prazeres consiste exatamente em ver nos filhos um clone de nós mesmos. Ou seja, é uma maneira de revivermos nossa própria vida em nossos filhos.
Já no capítulo 3, destaca-se a importância de ambos os componentes do casal se dedicarem à tarefa de cuidar dos filhos, procurando sempre participar ativamente de seu crescimento, dentro da idéia de construção de um manual de instruções para a família.
Partindo dessas premissas, são desenvolvidos os capítulos seguintes, que seguem uma ordem cronológica dos filhos: infância, educação, adolescência, vida adulta e convivência. Mais à frente, os temas abordados são o emprego, responsabilidade e economia.
Na parte da infância, essa fase tão especial e importante da vida dos filhos, são dadas orientações práticas de como se comportar a fim de evitar acidentes em casa (ver o mundo do ponto-de-vista dos nenéns, literalmente, ou seja, ficar engatinhando pela casa a fim de verificar possíveis pontos de acidentes, é uma das dicas fornecidas pelo autor, que realizou ele próprio essa experiência em sua casa), não diminuir a auto-estima deles (que já nasceria em alta, e diminuiria por conta justamente do comportamento inadequado dos adultos) etc. Muito do que o autor diz foi escrito com base em sua própria experiência pessoal, e nisso reside um dos pontos altos que transparece ao longo de todos os demais capítulos: esse não é um livro teórico sobre como cuidar de uma família, mas sim um livro essencialmente prático, calcado em lições extraídas das diversas situações – a maioria inesperadas – pelas quais Kanitz vivenciou ao cuidar, junto com sua esposa, de seus dois filhos – e isso torna o livro particularmente muito interessante, ilustrativo, educativo e até engraçado. Sim, muitas das histórias chegam a ser até engraçadas, como a história onde ele conta como ensinou seus filhos a pular, quando tinham entre 3 e 4 anos de idade: nos campeonatos de salto à distância, Kanitz, como bom paizão tipo P, deixava-os ganhar, justamente para alimentar a auto-estima deles.
No entanto, após a sétima ou oitava rodada, os próprios filhos começaram a dar uma “colher de chá”, e, propositadamente, passaram a deixar o pai ganhar o campeonato. Como eles estava com a auto-estima lá no alto, começaram a ficar com dó do próprio pai. A lição aí é profunda e bela: crianças com boa auto-estima não são egoístas, não se impõem às outras e se preocupam com as outras. Kanitz chega a afirmar que começou aí também uma espécie de justiça social – praticada por crianças de 3 a 4 anos de idade! – já que seus filhos estavam querendo distribuir a auto-estima para os outros – eles estavam com um reservatório de auto-estima tão alto que já estava transbordando, e a alegria era tão alta que passaram a querer que seu pai compartilhasse também esse sentimento bom!
Na parte da educação, são dadas dicas de como escolher uma boa escola, os males da televisão, o estabelecimento de limites, a criação de exemplos (afinal, crianças aprendem por imitação), a importância da ética. Sobre os malefícios da televisão, aliás, escrevi um artigo específico a respeito.
Na parte da adolescência, o tema é a já famosa “crise de identidade” dos ex-pimpolhos, e formas de como lidar com isso.
A parte da vida adulta é muito interessante, já que é abordado o delicado tema de como escolher uma profissão, a questão do emprego (o autor chega a dizer que não haverá a necessidade de trabalhar para viver, no final desse século, por conta, dentre outros, do advento da tecnologia, o que sem dúvida é uma questão polêmica e que dá azo para muitas discussões acerca do tema), e o casamento – nesse capítulo, inclusive, o autor diz que, como regra, a filha só deveria se casar com o terceiro namorado, com base em um estudo estatístico e matemático feito 30 anos atrás (outra questão alvo de polêmica).
Na parte de convivência, novamente é enfatizada a importância de se cultivarem valores tais como amor, respeito, solidariedade, bem como a importância dos avós no processo de criação dos filhos. Destaco esse trecho para demonstrar a importância de se manter um diálogo franco com os “pequenos”:
“Li uma frase que dizia que o segredo é sempre tratar o seu filho como se ele tivesse um cérebro. Somente assim ele começará a usá-lo, mesmo que você no início tenha as suas dúvidas”.
Aqui também o autor desenvolve o idéia de que a verdadeira função dos pais seria a de validar os filhos, isto é, confirmar que eles existem, que eles têm valor. Para se aprofundar no assunto, recomendo esse ótimo artigo escrito no blog do Kanitz.
A parte do emprego é especialmente interessante, e oportuna, haja vista que uma das grandes tensões do mundo contemporâneo é compatibilizar interesses do trabalho com os interesses da família. Aqui, são dadas dicas práticas de como conciliar o trabalho com a família, vivenciadas pelo próprio autor, como a de tirar quatro férias por ano de cinco dias, de segunda a sexta-feira, de modo a aproveitar melhor o tempo com a família, e a ter um tempo de melhor qualidade.
Na parte de responsabilidade, são feitas reflexões sobre essa complexa e fascinante arte de cuidar da família, e uma questão que o autor procura enfatizar é a das famílias com pais separados vs. a de pais unidos.
Finalmente, na parte de economia, dicas sobre economia doméstica, como criar uma reserva financeira, comprar sempre à vista etc.
Boa parte dos capítulos do livro foi originalmente publicada na forma de artigos na revista Veja, artigos esses que foram reescritos e adaptados para se amoldarem ao formato de um livro. O livro é de leitura fácil, são apenas 160 páginas, e numa tarde de final de semana pode ser lido.
Conclusão
Trata-se de um dos melhores livros que já li a respeito do tema, não só porque a leitura é leve e recheada de exemplos extraídos da vivência pessoal na constituição de sua própria família, mas também pelas reflexões que o autor nos proporciona acerca do papel fundamental e estruturante da família na constituição da sociedade atual, tal como ela é hoje. O autor enfatiza que a família não acabou, antes, o conceito de família ainda está sendo moldado, gradualmente, ao longo de várias e várias gerações.
Não obstante algumas polêmicas que são discutidas em certas partes do livro (como o debate em torno da teoria criacionista vs. Gênesis, a questão da mulher trabalhar fora etc.), para o casal que pretende ter filhos é um livro de cabeceira, pois contém diversos ensinamentos que podem ser aproveitados de forma útil no futuro.
Ademais, as polêmicas são contrastadas com episódios pitorescos e bem-humorados de suas histórias na criação de seus próprios filhos (como o caso do salto em distância acima mencionado), tornando, como eu disse acima, a leitura leve e descontraída, mas sem perder o conteúdo didático.
É um livro que me surpreendeu positivamente, superando minhas expectativas iniciais, e certamente recorrerei a ele em momentos futuros oportunos na criação de filhos.
Como autor de um blog que tem como uma das metas expor a importância de edificação de valores não-financeiros na construção de uma boa vida financeira, eu fiquei muito feliz ao saber que existe uma obra original a tratar de um tema tão crucial para a sobrevivência da própria civilização.
Leitura recomendada e aprovada! 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Feliz páscoa a todos que participam do blog. Bem oportuna a resenha desse livro. Que a data de hoje faça renascer em todos nós os valores reais, os valores que realmente importam. Abraço a todos.
Renascimento de Cristo…Trabalho Voluntário….
Em muitos países, e pricipalmente nos EUA, muitas empresas estão preocupadas em transmitir aos funcionários o que chamamos de “dever do cidadão”, incentivando-os a participar se possivel, da sua comunidade e contribuir para construção de um mundo um pouco mais justo.
Percebo muito, que no mundo globalizado que vivemos hoje e altamente competitivo, ha um AFASTAMENTO da reflexão social sobre o quadro de desigualdade dos mais carentes ( as que precisam de ajuda)…seria muito bom,criar uma CONSCIENCIA de que devemos desempenhar um papel importante para mudar esse realidade..
Pessoal, experimentar a satisfação de ajudar a melhorar algumas comunidades e de conviver com pessoas menos favorecidas ou até mesmo excluídas da sociedade é uma experiencia maravilhosa..
Dar a alegria e dignidade aquelas pessoas que não tiveram oportunidade é um gesto fraterno e solidário que certamente beneficia tanto quem PARTICIPA quanto quem RECEBE.
um excelente dia de páscoa a todos….
Hotmat,mais um vez obrigado amigo…
forte abraço
Luciano
Feliz Páscoa a todos!
Grande Abraço!
Gustavo, Luciano e Henrique, obrigado!
Luciano, o trabalho voluntário é uma das coisas mais gratificantes da vida. E essa pode ser uma das molas propulsoras da busca da independência financeira, ou seja, a pessoa pode se motivar a alcançar a IF o quanto antes para, dentre outros objetivos, ter mais tempo para trabalhos voluntários no futuro – nada impedindo, evidentemente, que faça trabalhos voluntários desde já, nas horas livre – p.ex., sábado de manhã.
O livro “Dinheiro e vida” aborda de um modo fantástico esse tema, o qual, aliás, está na “alça de mira” do blog para futuras pautas. 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Feliz é com z…
Corrigido. Valeu, Alan! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Mais uma ótima resenha! Parabéns!! E muito obrigada mais uma vez!
Ôpa, obrigado pelo comentário, Gláucia! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!