Há algumas semanas atrás, eu estava lendo o ótimo Dinheirologia, do meu amigo João Homem (codnome Cão Bravo, um dos co-moderadores do Fórum Clube do Pai Rico), quando me deparei com um post em que ele comenta o feedback recebido de um leitor. Em resumo, o feedback dizia que ele deveria tomar cuidado com o que escreve, que a responsabilidade a cada dia estaria aumentando etc. etc. etc. Então, o João escreveu as seguintes palavras:
Dá a entender que quanto mais o Blog Dinheirologia crescer, mais eu tenho que mudar a identidade do Blog. Não que isso seja algo ruim, mas se for pra escrever posts cheios de formalidades e teorias, prefiro não escrever, pois já existem zilhões de blogs assim. Então estou num dilema, pois as considerações deste feedback são reais e substanciais.
O que fazer?!
Encerrar o Dinheirologia? Parar de escrever sobre minha vida e minhas opiniões aqui? Mudar a linguagem de Happy Hour cheio de gírias e palavrões, para algo mais formal como um site profissional de investimentos? Postar apenas teorias e deixar de escrever sobre minhas experiências práticas para que outros aprendam com meus erros e acertos?
Sinceramente eu não sei.
Na caixa de comentários do referido post, eu dei minha opinião, que pode ser sintetizada na seguinte frase: seja você mesmo. Escrevi:
Uma dica de quem também está escrevendo um blog: seja apenas você mesmo. Seja genuíno, e faça com que a escrita seja um reflexo de seu jeito de ser e de pensar. É com isso que você atrairá as pessoas para o seu blog.
Não se deixe influenciar facilmente por fatores externos: a idéia e a motivação tem que vir de dentro pra fora, e não o contrário.
Eis um fato: no contexto da sociedade atual, as pessoas estão perdendo a referência delas mesmas, nesse mundo globalizado, hiperconectado e competitivo, onde a aparência vale mais que a essência. Em outras palavras: cada vez mais nos deixamos influenciar por fatores externos, pressões, críticas, e deixamos que isso acabe moldando muitos de nossos padrões e comportamentos. Exemplos: só porque a pessoa do lado tem o cartão de crédito “x”, que eu também passo a ter o desejo de possui-lo; só porque fulano de tal frequenta tais e quais restaurantes, que eu também tenho a obrigação de frequentá-los – ou pelo menos, em restaurantes de nível semelhante, e por aí vai.
Não estou dizendo que tudo o que as pessoas fazem ou dizem é ruim: pelo contrário, devemos sempre saber separar o joio do trigo, a crítica construtiva da crítica destrutiva, o comportamento exemplar daquilo que não presta. Para tanto, devemos ter bons filtros mentais, a fim de que possamos nos espelhar apenas naquelas pessoas e naquelas atitudes que estejam em consonância não só com nossos gostos e hábitos, mas também – e principalmente – com nossos valores e ideais, os quais, afinal de contas, acabam moldando o nosso caráter.
Os prejuízos financeiras criados quando você deixa de ser você mesmo
Por mais incrível que pareça, o tema desse post tem causado grandes males na vida financeira de milhões de pessoas no mundo inteiro. Na verdade, tem sido uma das grandes molas propulsoras do endividamento, falta de controle financeiro, depressão e stress.
Reflita comigo: você certamente conhece uma pessoa que tem um carro incompatível com seu padrão de vida. Em outros termos, ela comprou um carro que, pelas condições de vida normais dela, de seu emprego, de seu nível sócio-econômico, jamais teria. Da mesma forma, você conhece pessoas que ostentam um estilo de vida absolutamente incongruente com seu nível de renda: ou frequentam muitas festas com roupas caras, ou programam muitas viagens de luxo, e assim por diante. Por quê essas pessoas fazem isto? Para impressionar os outros. Já demos uma definição precisa do que é consumismo nesse post, e tornamos a repetir aqui, apenas para facilitar o raciocínio:
“Consumismo é o ato de comprar o que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você não conhece, a fim de tentar ser uma pessoa que você não é.”
Bingo! Eis aqui, na última parte da equação, a chave para a ruína financeira – e consequente empobrecimento – de muitas pessoas: elas fingem ser uma pessoa que simplesmente não são. Ela pode até ter o último carro da moda, mas por trás daquele símbolo de status podem estar terríveis 58 prestações a pagar, a juros nada módicos, as quais, por sua vez, estão minando sua capacidade de poupar e de investir em projetos de aposentadoria financeira e até de outros sonhos tão ou mais relevantes, como viagens com a família, passeios no final de semana, reforma da cozinha de casa etc. Mas isso – a oportunidade perdida – é o invisível, já que o visível está lá, bem estacionado em frente de sua garagem. Mal sabe ela que o invisível logo se tornará visível e cobrará o caro preço que significa ostentar status…
O grande segredo para ter uma vida de mais valores e de mais sentido, e de mais virtude – e de menos ostentação e bens materiais fúteis – passa necessariamente por essa auto-avaliação: a pessoa tem que olhar não de fora para dentro, mas sim de dentro para fora. Ela tem que ver o que realmente é bom para ela, o que a satisfaz, o que a torna feliz. Muitas vezes os padrões de nossos comportamentos não são fruto de nossas conquistas e desejos, mas sim meras reproduções automáticas de modelos de conduta que nos vêm impostos pela sociedade, como deixamos bem assentado nesse artigo mostrando os malefícios da TV na descompressão diária do trabalho.
Dito de outro modo: para você ser você mesmo, você tem que ter autonomia, e autonomia é capacidade de pensar por si mesmo, de fazer escolhas guiadas por aquilo que só você sabe o que é melhor para você, e não ser tomado pela inércia e deixar que a sociedade decida por você. Você deve ter capacidade crítica de selecionar bons produtos, bons serviços, e bons modelos de comportamento a seguir.
A pressão que nos vem imposta pela sociedade é grande principalmente porque somos expostos a um bombardeio de informações vindas de todos os lados – amigos, jornais, TV, outdoors, rádio, Internet – e isso muitas vezes mina nossa capacidade de reflexão, nos mantendo na condição preferida das estratégias de marketing: a condição da inércia. Inércia essa que nos deixa paralisados, passivos, envergonhados, e completamente incapazes de reagir aos fatos por conta própria.
Voltando ao tema original
Escrever na Internet é, essencialmente, usar uma ferramenta de comunicação. Ao expormos nossos pensamentos, da forma que escrevemos, acabamos revelando muito de nossa personalidade, na medida em que as palavras transmitidas também transmitem, em grande medida, nossos valores e ideais. É possível perceber, só lendo posts em fóruns e emails, quem é mais ou menos divertido, quem é mais ou menos arrogante, quem é mais ou menos estudioso, e assim por diante.
Dessa forma, sou adepto da corrente que defende que, ao escrever um blog ou email ou post, você seja o mais genuíno possível. Por quê? Porque, quanto mais genuíno você for, mais você conseguirá atrair atenção para sua mensagem. E é nisso que reside a essência da atividade de comunicação: o fazer-se comunicar, o fazer-se entender. Ao fazê-lo, você torna o diálogo mais real, e a conversa tende a ter um grande proveito para ambos os interlocutores. Todos só tem a ganhar a partir do momento em que há sinceridade na troca de idéias.
Use filtros para as críticas que recebe, a fim de se aprimorar
É claro que nem toda crítica é destrutiva. Nesse passo, como salientei acima, é necessário ter bons filtros para separar aquilo que não vale a pena dar ouvidos daquilo que pode provocar uma mudança em você. Por exemplo, se você é uma pessoa sedentária que não tem tempo para atividades físicas, poderá reagir de forma negativa a um conselho de amigos para que passe a praticar caminhadas, por exemplo. Da mesma forma, uma pessoa que se alimenta mal pode não gostar ao ouvir do nutricionista a necessidade de fazer uma revisão do cardápio alimentar.
Ser você mesmo não é, em hipótese alguma, fechar os ouvidos ao que os outros dizem. É, antes de tudo, ter bom senso e acolher o que pode ser útil para o seu próprio aprimoramento pessoal.
Seja você mesmo e tenha uma vida financeira muito melhor
Por incrível que pareça, se você seguir essa regra de ouro – “ser você mesmo” – sua vida financeira tem enorme potencial de dar uma guinada. E isso não tem nada a ver com poupar o máximo que puder – afinal, você pode ser uma pessoal do perfil “gastador” – ou ser um expert em ações – afinal, você pode ter enorme aversão ao risco. Estou falando de uma outra coisa muito mais simples, mas de extraordinário impacto em sua vida: o autoconhecimento.
Quais são seus sonhos para daqui a 5 anos? Quais são seus projetos para sua independência financeira? O que lhe traz satisfação nos dias de hoje? O que te trazia satisfação quando você era criança, adolescente, universitário? O que te empolga ao planejar suas férias? Quais são suas ambições? O que realmente te proporciona bem-estar? Que tipos de atividades você gosta de fazer, e que, ao fazê-las, parece que o tempo voa? O que você gostaria de fazer se tivesse tempo livre quarta-feira, às 3 da tarde?
Chega de gastar dinheiro com coisas só para impressionar pessoas que você nunca verá na vida. Chega de fazer coisas que você faz só para agradar aos outros. Chega de dar ouvidos a opiniões alheias de pessoas que mal conhecem a sua vida. Construa a sua realidade a partir de convicções enraizadas em seu próprio coração, e não a partir da perspectiva de terceiros.
A partir do momento em que você alinha seus objetivos, metas e sonhos, aos seus comportamentos atuais, a partir do momento em que você decide investir naquilo que te traz felicidade e paz de espírito, deixando de lado coisas que só fazia para “agradar aos outros”, a partir do momento em que você resolve sair das dívidas para enfim respirar a liberdade que é viver com dinheiro no bolso, você não só estará tomando os passos necessários para ter uma vida financeira mais equilibrada e saudável, com muito mais grana e liberdade, como também estará atingindo um objetivo muito maior do que tudo isso: você estará sendo você mesmo(a). 😉
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
Genial!
É isso aí, seja você mesmo!
Valeu, Lucas! 🙂
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!